Galeria 3 do Museu da Misericórdia: "Loggia" e Salão Nobre
Fotos: Hugo Gonçalves, captadas em 20 de maio de 2017, durante a Semana dos Museus
Matéria atualizada em 19 de julho de 2020, às 18h16
Introdução
Continuando nossa série semanal de galerias do Museu da Misericórdia, este jornalista disponibiliza, nesta segunda-feira (15), as fotografias capturadas em duas das mais importantes dependências do secular palacete que o abriga, no Centro Histórico de Salvador: a loggia e o Salão Nobre. As subdivisões desta galeria são introduzidas por textos sucintos – por sua vez adaptados das placas informativas fixadas no próprio museu –, elucidando as características e os aspectos de cada dependência investigada.
Neste período de quarentena, este jornalista e responsável pelas imagens abaixo aproveita a oportunidade para que todos os leitores deste blog apreciem em casa mais esta galeria virtual, bem como as próximas, a serem publicadas aqui todas as segundas-feiras.
1. Loggia
Estrutura que consiste em um conjunto de três arcos, através dos quais o público pode apreciar um fantástico panorama da Baía de Todos-os-Santos – incluindo o porto e o Forte de São Marcelo, agregados à ilha de Itaparica, porém só é possível observá-la bem de longe –, a loggia, cuja construção data do início do século XVIII, apresenta características arquitetônicas nitidamente europeias.
1.1. Loggia e áreas contíguas (destaque para a escada)
Segundo o texto constante na placa informativa, fixada na lateral da dependência, seu projeto começou a ser executado por volta de 1679, quando das obras de ampliação do palacete, então sede da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, com o acréscimo de uma nova ala. O traçado preliminar da loggia fora atribuído, provavelmente, ao frei beneditino Macário de São João (?-1676), bem como o da escada do claustro superior que lhe dá acesso.
As modificações no desenho original transcorreram entre 1703 e 1704, sob responsabilidade do mestre carpinteiro português Gabriel Ribeiro (?-1719), introdutor do estilo barroco na Santa Casa. Durante essas intervenções, tanto os arcos quanto a escadaria foram requintadamente revestidos de quatro tipos de mármore, todos de origem lusa, que conferiram ao conjunto arquitetônico seu tombamento em 1938, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
“Em 1703, o poderoso fidalgo do Recôncavo e Provedor da Misericórdia, Antônio da Rocha Pitta, encomendou a Gabriel Ribeiro o projeto e mandou buscar o material em Lisboa, porém não teve como arcar com sua colocação, precisando, então, ao preço de sua reputação, desistir da empreitada. O novo Provedor, Pedro Barbosa Leal, decidiu que o trabalho seria custeado pela própria Misericórdia, e assim se assentou em 1704 ‘a escada de pedra mármore que havia vindo do Reino’”, diz a placa informativa.
1.2. Pintura de Santa Bárbara
Bem em frente à loggia, à direita da escada, avista-se um grandioso quadro retratando Santa Bárbara, tradicionalmente invocada pelos católicos para pedir proteção contra as tempestades, na maioria fatais em alto mar – no sincretismo afro-católico, corresponde a Oyá ou Iansã, divindade iorubá protetora dos raios. De autoria anônima, a pintura foi colocada no palacete da Misericórdia também em 1704, pelo capitão Ignácio Teixeira Rangel.
Como diz a placa acerca da pintura, “ela podia ser observada do mar pelos navegantes, sendo motivo de reclamação a sua retirada, dada a sua deterioração, do espaço da loggia, onde foi recolocada por volta de 1967”. Em seus trabalhos de restauração, “seu material, bem como os agentes de sua externa deterioração, eram estranhos ao ambiente da Bahia, conjeturando-se então que seria proveniente de alguma embarcação ou forte naval”.
A associação de Santa Bárbara com a Santa Casa de Misericórdia provém de longa data. Ainda de acordo com informações contidas na placa, a Irmandade da instituição recolhia os despojos dos justiçados no campo batizado com o nome da divindade, “onde se erguia à força”.
Por séculos o Salão Nobre, vizinho à loggia, serviu de núcleo institucional e administrativo da Santa Casa de Misericórdia da Bahia. Ali se instalou o Consistório, assembleia de seus dirigentes, na qual eles tiveram a incumbência de deliberar sobre a vida e as obras de uma das mais antigas e prestigiadas instituições filantrópicas do Brasil, cuja história se confunde com a da própria cidade de Salvador.
De acordo com a placa informativa do Salão, foi nesse suntuoso recinto em que “se contratavam mestres de ofício, se elegeram dirigentes e se designaram mordomos, novos irmãos foram admitidos e outros, riscados da Irmandade”.
Ao adentrá-lo, o público se depara com a tradicional mesa redonda, cujas 32 cadeiras – uma delas foi concebida exclusivamente para a visita de Dom Pedro II, segundo imperador brasileiro, em 1859 – possuíam lugares cativos para o Provedor e doze mesários. Perante a imagem do Jesus Cristo crucificado, a mesa ali exposta faz o visitante remeter ao célebre episódio da Santa Ceia.
A riqueza artística do ambiente também está cristalizada nas atraentes pinturas do teto, em estilo barroco, e nos painéis de azulejos portugueses que decoram as paredes. Por fim, os oito quadros fixados entre as janelas laterais, retratando alguns provedores e benfeitores da Santa Casa nos séculos XVII até o XIX (confira na galeria seguinte, disponibilizada em 23 de junho último), complementam a elegante atmosfera do Salão Nobre.
2.1. Acesso
ao Salão
2.2. Aspecto da mesa redonda
2.4. Detalhes das pinturas que decoram o teto
2.5. Detalhes dos painéis de azulejos
2.6.
Imagem de Jesus Cristo crucificado
Continua na próxima galeria, disponível em 22 de junho.
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