Mesmo durante pandemia, vencer o câncer é necessário

Apesar da crise do novo coronavírus, doença cuja complexidade é tamanha não pode nem deve ser ignorada; retardar seu tratamento em meio a esse cenário pode trazer riscos


Com informações do depoimento do urologista e cirurgião Leonardo Calazans, exibido no boletim TV Alba no Combate ao Coronavírus

Matéria atualizada em 10 de junho de 2020, à 1h45


Vários pacientes com câncer apresentam incapacidade em começar ou prosseguir tratamento na crise
National Cancer Institute/Unsplash


Em função da pandemia do novo coronavírus, várias pessoas que já foram diagnosticadas com câncer, ou que estavam submetidas a consultas médicas para tal propósito, se sentem incapazes de iniciar ou prosseguir o tratamento da doença. O câncer é responsável por induzir a óbito milhares de pessoas no Brasil todos os anos; porém, não pode e não deve ser negligenciado, mesmo diante de um cenário tão crítico e delicado como este.

O médico urologista e cirurgião do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR), Leonardo Calazans, alertou, em depoimento gravado para a TV Alba (canal 61.2 HD), emissora mantida pela Assembleia Legislativa da Bahia, sobre os riscos de o (a) paciente oncológico (a) postergar o tratamento que objetiva derrotar um velho inimigo de tamanha complexidade, em meio à crise provocada pelo mais recente vilão da saúde humana, a Covid-19.

“A gente sabe que a procura pelos serviços médicos vem sendo reduzida, por medo do paciente em adquirir o coronavírus e por uma cautela geral que vem sendo tomada pela sociedade”, ressaltou Calazans, sublinhando que essa redução progressiva no atendimento aos pacientes, inclusive aqueles que apresentam câncer, pode gerar consequências evidentemente “devastadoras”.

Entre esses impactos, conforme observa o médico, estão a falta de diagnóstico do tumor, o medo de o (a) paciente procurar um método adequado de tratamento – ou seja, ele (a) sente certo receio em estar internado (a) para realizar uma cirurgia ou uma quimioterapia –, ou a decisão da equipe médica, que optou pela espera do atendido em terminar a crise para, finalmente, receber o procedimento preventivo.

“Cerca de 50 mil pacientes, hoje em dia, deixaram de ter o diagnóstico por falta de consulta, por falta de procurar um médico e, mesmo aqueles que tiveram o seu diagnóstico, vêm tendo o tratamento retardado”, disse.

 

“O importante neste momento é conseguir ter o diagnóstico”, afirma o doutor Calazans
Reprodução/YouTube/TV Alba


Retardo piora prognóstico

O doutor Leonardo Calazans avalia ainda que o tratamento do câncer, ao ser efetuado de maneira não controlada e no momento não oportuno, poderá acarretar um pior prognóstico para os pacientes oncológicos. Esse fenômeno fará com que as chances de cura, bem como as expectativas por melhores resultados, sejam diminuídas.

“Então, o importante neste momento é a gente conseguir ter o diagnóstico”, salientou, aconselhando que, com o resultado do exame em mãos, “o paciente, juntamente com sua equipe médica, com seu profissional que está cuidando do seu caso, vai poder decidir qual é o melhor momento do tratamento, se é de maneira imediata ou se pode esperar um momento mais seguro”.

Além de as pessoas com câncer serem atendidas presencialmente, “quando assim for possível”, Calazans declarou, em depoimento à TV Alba, que elas poderão recorrer ao artifício da telemedicina para efetuar o tratamento da patologia crônica. Para o urologista e cirurgião, esse recurso, realizado à distância, “vem a ajudar e suprir um pouco a carência de atendimento presencial”.

O acúmulo que o (a) paciente vem produzindo quando o procedimento é retardado, sobretudo no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), não conseguirá que ele (a) venha a optar pelo método mais conveniente para se tratar do câncer, seja cirúrgico ou quimioterápico. “Os pacientes só vão acumular, de maneira que não vão conseguir receber atendimento adequado e a tempo, mesmo quando a situação voltar ao seu normal”, esclareceu Calazans.


Confira, abaixo, o vídeo do boletim TV Alba no Combate ao Coronavírus com o depoimento do doutor Leonardo Calazans, no qual ele comentou sobre as consequências de o (a) paciente oncológico (a) retardar o tratamento do câncer durante a pandemia da Covid-19.

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