Devido a pandemia, 28,6 milhões enfrentam desafios ao entrar no mercado de trabalho
Primeiros resultados de pesquisa inédita do IBGE sobre os impactos da Covid-19 no âmbito laboral, referentes ao mês de maio, foram divulgados nesta terça-feira
Com informações da Agência IBGE de Notícias
Matéria atualizada em 15 de julho de 2020, às 23h57
Na última semana de maio, cerca de 17,7 milhões de brasileiros não conseguiram buscar uma oportunidade de emprego não apenas em razão da pandemia de Covid-19, como também pela falta de vagas nas regiões onde vivem. Ao mesmo tempo, outros 10,9 milhões estavam desempregados e tentaram ingressar no mercado de trabalho, porém acabaram não encontrando uma ocupação.
Em consequência desses impactos negativos, o País atingiu a cifra de 28,6 milhões de pessoas que desejariam um emprego, mas enfrentaram várias dificuldades para realizar seus objetivos laborais, seja por carência de vagas ofertadas ou receio de contrair a doença provocada pelo novo coronavírus.
É o que revelam os primeiros resultados da Pnad Covid-19, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira (16). Realizado em parceria com o Ministério da Saúde, o levantamento inédito trata-se de uma versão específica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
Os dados da nova pesquisa – cujas entrevistas são feitas exclusivamente via telefone em virtude do isolamento social –, estimam que 84,4 milhões de pessoas estavam ocupadas no Brasil em maio, equivalente a menos da metade (49,7%). Entretanto, 169,9 milhões estavam em idade para trabalhar no mês passado.
Situação dos informais
No tocante à informalidade, a Pnad Covid-19 constatou que o País acumulou, em maio, 29,1 milhões de trabalhadores nessa condição.
Esse universo abrange os empregados do setor privado e trabalhadores domésticos sem carteira assinada; empregados que não contribuem para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS); trabalhadores autônomos, também isentos de contribuição para a Previdência Social; e trabalhadores não remunerados que atuam como suporte a morador do domicílio ou parente.
No entanto, observou-se uma retração sutil nesse contingente ao longo do mês de maio. A taxa de informalidade na primeira semana foi estimada em 35,7%; já na quarta, ela havia recuado um pouco para 34,5%, viabilizando a redução de 870 mil postos de trabalho informais, em comparação com o verificado na semana inicial.
O diretor-adjunto de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, avalia que o fenômeno da informalidade atua como uma espécie de “colchão amortecedor” para as pessoas que migram para a desocupação ou subutilização.
“O trabalho informal seria uma forma de resgate do emprego, portanto não podemos dizer que essa queda é positiva”, ponderou, acrescentando que é necessário aguardar, nos meses subsequentes, as divulgações dos próximos resultados da Pnad Covid-19, a fim de investigar com maior precisão os reflexos da pandemia no mercado de trabalho informal.
Fora da força x ocupados
Das 74,6 milhões de pessoas ausentes da força de trabalho – ou seja, que não estavam trabalhando nem procurando vagas –, na última semana de maio, 23,7% declararam que gostariam de trabalhar, porém não buscaram uma ocupação devido à pandemia do novo coronavírus ou à falta de oportunidades nas localidades onde residem.
Por outro lado, no universo dos ocupados nesse período – constituído por 84,4 milhões de pessoas –, 14,6 milhões, ou 17,2% do total, encontravam-se temporariamente afastadas (em quarentena ou férias coletivas), devido ao isolamento social. Entre a primeira e a quarta semana de maio, verificou-se uma queda no número de trabalhadores afastados, em cerca de 2 milhões.
Um dado inerente à situação dos ocupados na semana final de maio mostra que 8,8 milhões trabalharam em regime de home office ou teletrabalho, o que representa 13,2% da população ocupada e não afastada em decorrência da pandemia. Durante a primeira semana do mês passado, esse contingente era composto por 8,6 milhões de pessoas exercendo suas funções remotamente.
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