Recorde vergonhoso para a saúde da Nação
Embora
defendida pelo presidente brasileiro, aplicação de cloroquina aos infectados
pela Covid-19 pode causar-lhes efeitos colaterais e levá-los à morte
Divulgação
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Com quase 270 mil casos, associados a mais de 17 mil mortes, o Brasil, já evidenciando saturação em seus leitos de hospitais e postos de saúde, ultrapassou o Reino Unido, assumindo a medalha de bronze no ranking internacional da Covid-19. Indo em direção ao dramático topo da lista, hoje ocupado pelos Estados
Unidos da América e pela Rússia. Será que o progresso voraz do contágio em nossa
plena Pátria amada, que talvez pode se igualar a genocídios brutais, a exemplo
do Holocausto, está vinculado às ausências de coragem e esforço mútuo para
contê-lo?
É
provável que sim. Enquanto isso, nos bastidores do Planalto, o presidente da
República – que teve dois titulares da Saúde, ambos médicos, demitidos em menos de um mês por
discordar de suas convicções acerca do combate à pandemia – continua andando na
contramão dos anseios populares e das deliberações coerentes de especialistas e
organismos idôneos, ignorando todo e qualquer regulamento mundialmente plausível.
É neste contexto desfavorável e coberto de indefinições que ele, em rede nacional, a rotulou como uma
mera “gripezinha”.
O ex-capitão do Exército, em companhia de seu novo ministro (interino) da área, também militar (um general), insiste em acenar aos brasileiros infectados pela Covid o uso da cloroquina, bem como da sua variante, a hidroxicloroquina, como tentativa de amenizar os sintomas da patologia
respiratória. Todavia, a aplicação desses fármacos, “solução” sob o ponto de
vista governamental, poderá gerar certos efeitos colaterais em nosso físico,
agravando o quadro do paciente já contaminado e induzindo-o a óbito. Sim, é isso
mesmo que você está lendo.
Usada
inclusive pelo presidente dos EUA – que, assim como seu par brasileiro, cancela
a qualquer preço as recomendações confiáveis reiteradas pela comunidade
sanitária mundial –, a hidroxicloroquina teve sua formulação originalmente
concebida para o tratamento da malária, da artrite, do lúpus e de outras doenças.
Já para o combate ao temido problema da suposta “gripezinha”, nas palavras do
dirigente supremo da Nação brasileira, não há nenhuma evidência científica refutada.
É
sincero que, em uma conjuntura crítica como a atual, não existem medicamentos nem vacinas que,
dizem, prometem milagres para exterminar um grave dilema de saúde pública, que vem dizimando celeremente pessoas por todo o mundo em dimensões monumentais. O isolamento social, como sabemos,
é o único método seguro e recomendado por especialistas e autoridades de
saúde para, em breve, exorcizarmos esse vergonhoso fantasma, que atende pelo
nome de Sars-CoV-2, mais conhecido como o novo coronavírus.
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