Museu da Misericórdia faz público viajar pela história de Salvador

Construção secular abriga um dos principais e mais visitados espaços artísticos baianos, cujo valioso acervo reúne milhares de peças de diferentes épocas

Texto e fotos*: Hugo Gonçalves

*Capturadas em 20 de maio de 2017, por ocasião da Semana dos Museus.

Com informações do portal do Museu da Misericórdia

Matéria atualizada em 17 de julho de 2020, às 23h19

 

Mantido pela Santa Casa, museu integra conjunto arquitetônico edificado no século XVII


Um dos mais relevantes espaços artísticos e culturais da Bahia, o Museu da Misericórdia, inaugurado em 2006, está instalado em um secular palacete no Centro Histórico de Salvador. Ao visitá-lo, baianos e turistas têm a oportunidade de proporcionar uma imersão pela história da cidade, do estado e do País através de uma valiosa coleção, que se constitui por milhares de peças de diferentes épocas e origens.

O museu, que também é um dos mais visitados do estado, engloba o conjunto arquitetônico Paço da Misericórdia, que inclui ainda a Igreja da Misericórdia. Edificado em estilos barroco e rococó portugueses no século XVII, o palacete, tombado em 1938 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), já abrigou o primeiro hospital soteropolitano, instituído concomitantemente com a fundação da primeira capital do Brasil por Thomé de Souza, em 1549.

Nele merece destaque a loggia, estrutura arquitetônica construída no início do século XVIII e formada por três arcos, através dos quais o visitante pode contemplar um exuberante panorama da Baía de Todos-os-Santos, com a ilha de Itaparica ao fundo. Obra atribuída ao mestre carpinteiro lusitano Gabriel Ribeiro (?-1719), que assinara o projeto da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, no Pelourinho, a loggia, com características nitidamente europeias, foi caprichosamente revestida de quatro tipos de mármore, todos vindos de Portugal.

O imponente acervo do espaço, administrado pela Santa Casa de Misericórdia da Bahia, reúne 3.874 exemplares, classificados nas mais diversas categorias, como alfaias (objetos litúrgicos), azulejaria, mobiliário, pinacoteca e imaginária, e contextualizados desde o século XVII até a atualidade.


Veículo francês, exposto sob comodato, foi o primeiro carro a gasolina a chegar à Bahia, em 1901


Preciosidades do acervo

Entre as milhares de peças preciosas estão o painel de azulejos portugueses datado de 1712 que reproduz a Procissão do Fogaréu, realizada pela Irmandade da Santa Casa todos os anos, na noite da Quinta-Feira Santa; a cadeira confeccionada exclusivamente por ocasião da visita do imperador Dom Pedro II, em 1859; a escrivaninha do notável jurista, escritor e político Ruy Barbosa (1849-1923), que também era funcionário da Santa Casa; e uma abundante diversidade de estátuas e quadros a óleo.

Além disso, o acervo congrega algumas relíquias para apreciação do público, como um exemplar do modelo francês Voiture Clément Panhard (VCP) nº 475. Fabricado em 1898 em estrutura de madeira, foi o primeiro veículo movido a gasolina a circular em território baiano, trazido em 1901 pelo industrial José Henrique Lanat (1866-1925), também mordomo da Santa Casa. A peça, que integra a coleção particular da família Lanat, encontra-se exposta no museu sob regime de comodato.

Recebendo mais de 40 mil visitantes por ano, segundo informa o seu portal na internet, o Museu da Misericórdia localiza-se na rua de mesmo nome, que conecta as praças Thomé de Souza – popularmente conhecida como Praça Municipal – e da Sé. Além das salas de exposições permanentes, o espaço abriga três mostras temporárias anuais em suas múltiplas linguagens artísticas.

Ainda de acordo com o site, o museu promove ações educativas junto à sociedade, atraindo estudantes de escolas, faculdades e universidades públicas e particulares, além de servir de ambiente para diversas pesquisas acadêmicas.


Devido a pandemia, atividades do Museu da Misericórdia estão suspensas


Visitas suspensas

O Museu da Misericórdia – que, assim como os demais centros de difusão das artes e da cultura, está com todas as suas atividades suspensas em função da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) –, funciona de terça a sexta-feira, das 8h30 às 17h30; aos sábados, das 9h às 17h; e aos domingos e feriados, das 12h às 17h. Os ingressos para visitação mediada custam R$ 5 (meia) e R$ 10 (inteira), destinados a estudantes, professores, idosos e pessoas com deficiência (PcD).

Já as visitas em grupo – escolares, universitárias ou corporativas –, inclusive à noite, deverão ser previamente agendadas pela internet. No entanto, devido ao fechamento do museu físico, é possível acessar o tour virtual clicando aqui.

Blog publica série semanal de galerias

Aproveitando a quarentena, este jornalista passa a publicar neste blog, a partir desta segunda-feira, 1º de junho, uma série semanal de registros fotográficos do Museu da Misericórdia. Todas as imagens foram captadas por ele no dia 20 de maio de 2017, por ocasião da Semana dos Museus, iniciativa do Governo do Estado que permitiu ao público o acesso gratuito a esses espaços culturais.

Na galeria de estreia, estão disponibilizadas as fotos do átrio (pátio interno, situado logo na entrada do museu), seguidas das imagens captadas da Igreja da Misericórdia. O templo, cuja construção teve início em 1754, se caracteriza pela convergência harmônica de vários estilos arquitetônicos – barroco, rococó e neoclássico, encontrados nos bens patrimoniais móveis e integrados – e pela rica e formosa presença de elementos artísticos.

Para conferir a galeria contendo os registros do átrio e da igreja, clique aqui.

Serviço

Museu da Misericórdia – Santa Casa de Misericórdia da Bahia

Endereço: Rua da Misericórdia, 6, Centro, Salvador – BA

Telefone: (71) 2203-9835

Site: https://www.museudamisericordia.org.br

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