Jovens brasileiros estão ingerindo mais ultraprocessados

Segundo estudo do IBGE, houve aumento no consumo de industrializados entre os adolescentes, em detrimento de uma alimentação natural e balanceada

Com informações da Agência IBGE de Notícias

Matéria atualizada em 21 de setembro de 2020, às 16h31


Especialista verifica que pessoas de 10 a 19 anos reduziram ingestão de arroz e feijão, itens frequentes nas mesas do Brasil
Lícia Rubinstein/Agência IBGE de Notícias – 24/08/2017


Uma refeição balanceada se constitui basicamente por arroz, feijão, carne, legumes e verduras, além de pouco sal. No entanto, os adolescentes brasileiros estão ingerindo quantidades elevadas de alimentos ultraprocessados, conforme revelou o módulo Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A professora de Epidemiologia Nutricional e consultora da pesquisa, Rosely Sichieri, declarou que os jovens reduziram o consumo de arroz e feijão, que caracterizam a alimentação típica do País. “Nesse lugar foram acrescentados sanduíches, produtos industrializados e biscoitos, porque é uma característica negativa da alimentação. Mais de 80% dos adolescentes têm um consumo inadequado de cálcio, de vitamina A e de vitamina D”, alertou.

O grupo dos ultraprocessados – do qual fazem parte biscoitos recheados, macarrão instantâneo, achocolatados, salgadinhos chips, embutidos, refrigerantes, entre outros – fornece em média 26,7% do total de calorias consumidas diariamente por indivíduos de 10 a 19 anos, ao passo que os adultos recebem 19,5% e os idosos, 15,1%. O Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, recomenda não ingerir esses produtos alimentícios, por serem nutricionalmente desbalanceados.

De acordo com dados da POF, a frequência de consumo de frutas, legumes e verduras é menor entre os adolescentes do que entre adultos e idosos, mas as únicas exceções couberam ao açaí e à batata-inglesa. Além disso, o IBGE constatou que a ingestão de alimentos in natura ou minimamente processados, bem como de ingredientes culinários processados e de alimentos processados, obteve menor frequência entre os adolescentes, intermediária em adultos e mais elevada entre os idosos.

“As pessoas de 60 anos ou mais têm um consumo maior de frutas do que os adolescentes. E esse grupo etário também tem uma maior participação na energia consumida vinda de produtos in natura e minimamente processados. Já nos adolescentes, essa participação é menor”, avaliou o gerente da pesquisa, André Martins, sublinhando que esse fenômeno ocorre em função das escolhas alimentares realizadas por jovens e idosos ao longo do dia.


Adolescentes consumiram duas vezes mais sanduíches do que idosos, levando à obesidade e outras doenças crônicas
Brisa Gil e Jéssica Cândido/Agência IBGE de Notícias


Má nutrição leva a inúmeras doenças

O levantamento também analisou que o contingente mais jovem consumiu, entre 2017 e 2018, o dobro de sanduíches, quatro vezes mais pizzas, nove vezes mais bebidas lácteas e 20 vezes mais salgadinhos do que os idosos. “Esse é um tipo de alimentação que favorece o aparecimento de obesidade e outras doenças crônicas”, orientou Rosely.

Já o consumo médio diário de açúcar de adição – que se refere ao açúcar de mesa e ao adicionado a preparações e alimentos processados e ultraprocessados – foi o mais elevado entre os adolescentes pesquisados. Ainda nesse grupo etário, a ingestão de salgados fritos e assados registrou frequência de 12,1%. Entretanto, itens como pão integral, leite, chás, sopas e caldos são presenças assíduas na mesa das pessoas com idade igual ou superior a 60 anos.

No período investigado, cerca de 85% dos adolescentes consumiram menos cálcio, vitamina D e vitamina E, enquanto entre 50% e 85% ingeriram poucos magnésio, fósforo, vitamina A e vitamina B6 – também conhecida como piridoxina. No que tange ao consumo de proteínas animais, constatou-se uma diminuição na frequência de carne bovina nos jovens, bem como nos adultos e idosos, concomitantemente ao aumento da frequência de ingestão de aves e suínos nesses três grupos etários.

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