Ensino remoto: solução ou obstáculo?

Hugo Gonçalves

Jornalista (SRTE/BA 4507)

15 de setembro de 2020

Atualizado às 22h29


Tecnologias de educação a distância (EAD) são vistas por alguns alunos e professores como alternativas viáveis de aprendizagem na quarentena
Divulgação


O novo normal nos trouxe uma sequência jamais observada de aprendizados úteis para a humanidade em todas as suas dimensões, sem renegar a área educacional, que sem dúvida é prioritária para a nossa construção e o nosso desenvolvimento social, familiar, intelectual, racional, moral e profissional. Como estamos submetidos a uma incerta quarentena vigente há pouco mais de seis meses, temos que lidar com metodologias e estratégias adequadas a esta atual circunstância, a exemplo das ferramentas digitais aplicadas à educação a distância (EAD).

Com aulas transmitidas sobretudo via plataformas online de videoconferência – as mais populares são o Google Meet, o Zoom e o Microsoft Teams, cuja utilização vem incrementando exponencialmente nestes tempos de pandemia – e também pela televisão, através de lições previamente gravadas, o ensino remoto é visto por alguns membros das comunidades escolar e acadêmica como alternativa viável para compensar o fechamento por tempo indeterminado de estabelecimentos pedagógicos que, além de serem ambientes vocacionados à formação de indivíduos, objetivam edificar e disseminar conhecimentos vitais ao próprio ser humano.

Mediante o emprego assíduo das tecnologias da informação e comunicação (TICs), o corrente panorama da educação manifestado em escala global (porém, alguns países já retornaram as atividades presenciais nas suas escolas) está concentrado nas interações sistemáticas entre discente e docente em regime virtual, propiciando que o primeiro tenha o dom de esclarecer e sanar possíveis questionamentos quanto ao conteúdo aprendido e absorvido por ele (a). Acompanhando diariamente cada lição ministrada pelo (a) professor (a), peça-chave no processo de ensino-aprendizagem.

Há, no entanto, limitações no tocante ao uso das ferramentas aplicadas ao ensino remoto, levando em consideração inumeráveis fatores que suscitam contradições no bojo do sistema EAD. Entre eles, podemos merecer atenção à qualidade do sinal da rede – oscilando de acordo com a área de cobertura, que é uma constante em um país continental como o Brasil –, à indisponibilidade de equipamentos essenciais para a recepção das aulas (computador, smartphone, tablet, etc.), fenômeno recorrente nas localidades distantes ou carentes, e até o próprio nível de familiaridade do (a) aluno (a) com esses dispositivos.

Os estudantes, portanto, evidenciam certos obstáculos em prosseguirem sua rotina de ensino virtualmente, pois a maioria deles não está se adaptando bem ao novo cenário adotado por estabelecimentos das redes pública e privada, que dizem buscar e/ou implementar soluções inovadoras plausíveis em meio a salas de aula por enquanto desativadas. É provável que, sob essas condições, embora continuem dialogando permanentemente com seus mestres, os aprendizes podem às vezes estar sujeitos a problemas cognitivos como falta de concentração, induzindo ao colapso em seu rendimento escolar.

Em um amanhã ainda indefinido, quando as creches, escolas, colégios, faculdades e universidades anunciarem a retomada plena das suas atividades presenciais – porém com determinadas restrições obedecendo a normas e protocolos sanitários –, esperamos que alguns dilemas produzidos pela educação a distância, por parte de seus usuários, sejam equacionados, como a perda de tempo em acompanhar as aulas. Desse modo, os alunos e as alunas estarão reabilitados a vivenciar novos saberes e valores fisicamente, bem como aprendê-los, em suas segundas casas.

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