Poluição por automóveis pode diminuir expectativa de vida

Material particulado, resultante da queima incompleta de combustíveis fósseis, pode causar sérios problemas à saúde e reduzir esperança de vida em até dois anos

Com informações da matéria exibida no Jornal da Tarde, da TV Cultura

Matéria atualizada em 1º de agosto de 2020, à 00h01


Contaminação ocorre quando o resíduo transporta para o organismo micropartículas de substâncias nocivas
Reprodução/YouTube/Jornalismo TV Cultura

 

Produzido através da queima incompleta de combustíveis fósseis, como o óleo diesel e a gasolina, o material particulado, liberado por escapamentos de veículos automotores, é invisível a olho nu. No entanto, o resíduo tóxico pode causar sérios prejuízos à saúde humana, inclusive problemas respiratórios, doenças cardiovasculares e câncer.

Embora a contaminação do ar atmosférico gerada pelos automóveis seja imperceptível, ela se manifesta diariamente por meio da inalação, quando o poluente transporta micropartículas de substâncias nocivas – como metais pesados –, para o organismo, fazendo com que a expectativa de vida seja reduzida em até dois anos.

Conforme relatório da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, se todos os países mantivessem a concentração de material particulado dentro do limite tolerável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 10 microgramas por metro cúbico (µg/m3) de ar, a esperança de vida aumentaria de 72 para 74 anos. Atualmente, o nível médio mundial corresponde a 29 µg/m3.

Crianças, idosos e também moradores de bairros periféricos, que gastam mais tempo ao se deslocarem no trânsito, são as pessoas mais vulneráveis ao contato com o resíduo contaminante.

“Aqueles indivíduos que passam mais horas para chegar no trabalho e voltar para casa têm uma carga de exposição muito maior”, salienta a coordenadora do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP), Mariana Matera Veras, à reportagem da TV Cultura.


Presença de árvores contribui para melhorar qualidade do ar nas metrópoles, como São Paulo (acima)
Reprodução/YouTube/Jornalismo TV Cultura


Árvores: aliadas no ar urbano

Em contrapartida, as árvores contribuem para aprimorar a qualidade do ar nas grandes cidades. “A floresta urbana tem a capacidade de reciclar os gases tóxicos, de filtrar e segurar a poeira e as partículas presentes na atmosfera. Uma árvore grande em São Paulo pode liberar até 400 litros de água na atmosfera, sob a forma de vapor. E isso tem o poder de melhorar a qualidade do ar”, explica o botânico e paisagista Ricardo Cardim, também em entrevista à emissora estatal paulista.

Com menos veículos circulando nas ruas e avenidas, a quarentena fez a poluição diminuir em até 50% na maior metrópole brasileira. Ao ingressar no momento pós-pandemia, aumentar esse percentual será uma tarefa possível e necessária.

“O que precisa ser feito é repensar a nossa política de transporte na cidade, melhorando a qualidade do diesel e a eficiência dos motores, ou fazendo uma troca na nossa frota de ônibus e de caminhões para uma frota que polua menos”, frisa Mariana, do Hospital das Clínicas.

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