Busca por emprego sacrificante

Hugo Gonçalves – Jornalista (SRTE/BA 4507)

30 de julho de 2020

Atualizado em 31 de julho de 2020, às 17h57


Aglomeração em fila de desempregados no Rio de Janeiro: consequência direta da pandemia
Fabiano Rocha/Agência O Globo

 

O fantasma do desemprego e do subemprego, por mais crônico que seja, está se acentuando de maneira veloz neste período de pandemia. Como sabemos, essa crítica conjuntura vem deixando milhares de trabalhadores brasileiros sem renda suficiente, além de inserir uma porção significativa da nossa classe operária na informalidade, por sua vez emanada da falta de uma sólida qualificação profissional.

Muitos candidatos, dia após dia, tentam adentrar o competitivo mercado em meio a um parco quantitativo de oportunidades. Um desafio de dimensões gigantescas, independentemente de requisitos necessários aos quais melhor atendam tal cargo ou função, como área de formação, nível de escolaridade e conhecimentos e/ou habilidades adquiridos pelo (a) aspirante a uma vaga ofertada, como idiomas e aplicações de informática.

Esse árduo, porém incessante, apetite por uma oportunidade laboral também se aplica à admissão no serviço público em todos os âmbitos – via concursos de provas, ou de provas e títulos, conforme preconiza nossa Constituição, que prevê ainda a contratação temporária de pessoal em casos excepcionais –, cuja ambição é ocupar postos efetivos para atingir a estabilidade e lograr salários decentes.

Quanto ao atual cenário, agrava-se exponencialmente a ausência de perspectivas otimistas, sobretudo para a nossa juventude, que vem lidando com a difícil peleja ao conquistar o emprego inicial. Com o caos se instalando em franca expansão, essa agonizante situação em um País sob um governo retrógrado, que havia extinguido o Ministério do Trabalho, acompanha idêntico ritmo de crescimento.

Observamos, em progressão geométrica, a elevação do fenômeno da precarização das condições trabalhistas, o encerramento (com frequência por tempo indeterminado) de atividades em estabelecimentos de diversos ramos da economia, gerando, entre outras consequências, uma série de demissões em massa de funcionários ali lotados. É isso mesmo que estamos vivenciando em plena pandemia do novo coronavírus.

Como a parcela majoritária dos serviços presenciais se encontra suspensa em função de um quadro que vem ocasionando um crescente colapso na saúde pública global – destaque para a ocupação saturada, em vários estados, dos leitos exclusivos para pacientes com Covid-19 –, os empresários e empreendedores recorrem à criatividade, como artifício para enfrentar o dilema da recessão provocado por tal crise.

Entre suas estratégias a fim de manter a continuidade dos seus negócios, proporcionando razoável alento no setor produtivo, eles lançam mão dos tradicionais e já consagrados esquemas de delivery, drive-thru, drive-in, além do famoso e-commerce, sistema de compra e venda de bens através de canais eletrônicos. Portanto, se reinventar é a senha para que nossa economia retorne a prosperar nestes tempos tão dúbios, criando-se, assim, um novo normal.

Para domar a problemática do desemprego – que, no meu ponto de vista, se refere a outra pandemia, desta vez de caráter estrutural, pois acomete todos os estratos sociais, com ênfase para os inferiores –, é essencial obter uma qualificação conivente com o cargo pretendido, a começar pelo mais absoluto pilar: uma educação de excelente qualidade, da qual, infelizmente, ainda carecemos, embora estejamos já no século XXI.

A procura por melhores oportunidades de trabalho, é lógico, tem sido desafiadora e sacrificante. No entanto, só é possível, a priori, graças à confiança perseverante nas inabaláveis promessas do nosso Criador, que sempre nos fornece o dom de planejar horizontes impregnados de esperança e triunfo sobre a crise. É por intermédio de condições dignas de trabalho e renda para que as providências sejam alcançadas em abundância para todos nós, cidadãos brasileiros.

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