Fiocruz lança cartilha com orientações para evitar contágio na Páscoa

A fim de conter transmissão da Covid-19, maneira mais segura de celebrar data é “ficar em casa apenas com as pessoas que moram com você”, segundo material informativo

Hugo Gonçalves, jornalista (SRTE/BA 4507)

Salvador, 2 de abril de 2021, Sexta-Feira da Paixão de Cristo

Com informações da Coordenação de Comunicação Social da Fiocruz e da matéria exibida no Jornal da Tarde (TV Cultura)

Matéria atualizada em 3 de abril de 2021, Sábado de Aleluia, às 10h35


Cartilha está disponível no portal da Fiocruz para ser baixada gratuitamente
Reprodução/Fiocruz


As aglomerações nas famílias brasileiras durante as celebrações do domingo de Páscoa, no próximo dia 4, continuam preocupando os médicos. Como o perigo de contaminações e mortes pelo novo coronavírus é maior, suas novas variantes podem reduzir a eficácia das vacinas. Por essa razão, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) elaborou uma cartilha que orienta sobre os riscos de transmissão da Covid-19 durante a data, bem como as recomendações para evitá-los.

Intitulado Covid-19: Preservar a vida é a melhor maneira de celebrar a Páscoa, o material informativo de cinco páginas, disponível para download gratuito no portal da Fiocruz, evidencia na sua capa a mensagem fundamental: “A forma mais segura de celebrar a Páscoa é ficar em casa apenas com as pessoas que moram com você”. E o texto já começa sinalizando: “Se vai receber convidados ou celebrar em outro local, você estará exposto a diferentes níveis de contágio”.

Na família da educadora social paulista Vanessa Gonçalves, por exemplo, a confraternização da vida é sagrada, mas as circunstâncias ocasionadas pela pandemia fizeram com que o encontro ganhasse uma configuração diferente. “Uma vez, no ano passado, não podemos fazer isso, e ainda fico em casa mesmo fazendo nossos ovos de Páscoa e o nosso almoço da Semana Santa. Só eu e meus filhos, não nos reunimos com ninguém”, declarou, em entrevista ao Jornal da Tarde, da TV Cultura.

Com a efeméride mais importante do calendário cristão – cujo significado original consiste na ressurreição de Jesus – se aproximando, várias pessoas desejam reunir suas famílias, recebendo novamente o abraço dos avós já imunizados contra a doença. Entretanto, os especialistas advertem que o risco de contágio pela Covid no País é ainda mais alto.

As vacinas que nós dispomos no Brasil (Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan com insumos da chinesa Sinovac, e Oxford/AstraZeneca, importada pela Fiocruz) não atingem 100% de proteção. Elas protegem, sim, para quadros graves, principalmente. E outro detalhe: quem foi vacinado, não obrigatoriamente, deixa de transmitir. A gente não tem estudos adequados que demonstrem que parem de transmitir”, explicou o infectologista Marcelo Otsuka, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

Principais recomendações

A cartilha da Fiocruz propõe, entre outras recomendações de segurança, o uso de máscara todas as vezes que não estiver comendo ou bebendo, evitar aglomerações e apertos de mão ou abraços, além de manter uma distância mínima de 2 (dois) metros entre os participantes.

Além disso, as informações constantes no material também aconselham às pessoas dar preferência a locais abertos e bem ventilados, evitando o uso de ar-condicionado, higienizar as mãos frequentemente durante o evento – lavando-as com água e sabão ou usando álcool – e não compartilhar objetos, como talheres ou copos.

Caso receba as pessoas em casa, o essencial é ter em mente que “nenhuma medida é capaz de impedir totalmente a transmissão da Covid-19”.

Para diminuir os riscos de contágio, recomenda-se limitar o número de convidados conforme o tamanho do espaço – permitindo que eles mantenham distância de 2 metros uns dos outros –, além de orientar às pessoas que levem suas próprias máscaras, não se sentem todas juntas na hora do almoço e disponibilizem álcool em gel nos ambientes, entre outras medidas preventivas.

A cartilha ainda alerta que, para quem está com sintomas relacionados à Covid ou já foi diagnosticado (a) com a doença, deve-se manter o isolamento domiciliar e não convidar pessoas, não fazer visitas nem frequentar eventos. A orientação também se aplica àqueles que estão no período de 14 dias desde os primeiros sintomas, “mesmo que não tenha feito um teste de diagnóstico”.

Para o renomado médico e neurocientista Miguel Nicolelis, a quantidade alarmante de indivíduos contaminados e mortos pelo coronavírus já se tornou consequência das aglomerações anteriormente verificadas, podendo piorar o quadro. Ele observa que em março, considerado o mês mais letal da pandemia no Brasil, verificou-se um crescimento ainda maior do contágio, cujos impactos serão percebidos entre abril e maio.

“O que me sugere, infelizmente, é que nós possamos atingir 400 mil óbitos para maio – lá no final de maio – e infelizmente, também, meio milhão de óbitos em junho e julho. E se nós queremos celebrar a Páscoa para quem acredita em seu significado real, o ressurgimento da vida, temos que celebrar a vida e evitar a morte dos nossos entes queridos, amigos e familiares”, argumentou Nicolelis à TV Cultura.


P. S.: Confira e baixe a cartilha Covid-19: Preservar a vida é a melhor maneira de celebrar a Páscoa, lançada recentemente pela Fiocruz, clicando aqui.

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