Mulheres são protagonistas na ciência, afirma doutora Jaqueline Góes

Baiana liderou equipe de cientistas responsáveis pelo primeiro sequenciamento genético do coronavírus no Brasil

Com informações do depoimento da pesquisadora exibido no programa Giro Nordeste (TVE Bahia)

Matéria atualizada às 22h39


“Ainda assim, nosso trabalho não era conhecido”, declarou pesquisadora, que hoje é pós-doutoranda na USP
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Dados comprovam que a estrutura da pesquisa acadêmica é majoritariamente ocupada por mulheres, que nos últimos anos vêm exercendo um protagonismo significativo na área da ciência. Entre elas está uma audaciosa jovem, negra e baiana, a biomédica Jaqueline Góes de Jesus. Doutora Jaqueline, como é conhecida, esteve à frente da equipe incumbida no primeiro sequenciamento do genoma do novo coronavírus (Sars-CoV-2) em território brasileiro.

Mestra em Biotecnologia pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e doutora em Patologia Humana e Experimental pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) junto à Fiocruz – hoje cursa o pós-doutorado no Instituto de Medicina Tropical, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IMT-FMUSP) –, Jaqueline já havia feito parte dos grupos envolvidos nas epidemias de zika e febre amarela, cujos trabalhos adquiriram grande relevância para o País, bem como na atual pandemia de Covid-19.

“Ainda assim, nosso trabalho não era conhecido”, disse a pesquisadora soteropolitana nascida há 31 anos, em entrevista concedida ao programa semanal Giro Nordeste – produzido pela TV Educativa da Bahia (TVE) e transmitido ao vivo para todos os estados da região, além de São Paulo e do Espírito Santo – em edição veiculada nesta quinta-feira (25).

Para a doutora Jaqueline, como as mulheres constituem a base da pirâmide no âmbito da academia nos dias atuais, elas são peças-chave na realização de experimentos para transformá-los em resultados. “Nessa base, encontramos um percentual muito maior de mulheres do que quando chegamos nas posições mais superiores – posições de decisão e de poder. Então, as mulheres são, sim, protagonistas nesse sentido”, sublinhou.

Invisibilizadas

Apesar do protagonismo, a doutora Jaqueline Góes observa que a participação das mulheres na esfera científica continua invisibilizada no Brasil e no mundo. Segundo a pesquisadora, o que se manifesta hoje no País é uma invisibilização da presença feminina na área, associada à dificuldade de adequação do sistema para as mulheres que, sem dúvida, desempenham outros papéis na sociedade.

“Nós sabemos que não é o justo, mas ainda recai sobre a mulher – a questão da maternidade, o papel de ser mãe, da criação dos filhos e da gestão das famílias em termos domésticos”, comentou a cientista.

Fatores como esses determinam uma menor presença das mulheres nas posições mais elevadas da pirâmide, que inclusive podem contribuir para moldá-la novamente. “Então, é um papel fundamental; eu não estou tirando aqui também o mérito masculino na ciência, mas também sabemos que tem muita mulher realizando pesquisas de qualidade, e que ainda não tem o reconhecimento pelo seu trabalho”, frisou a doutora Jaqueline.


Confira, abaixo, um trecho da entrevista da doutora Jaqueline Góes, no qual ela expôs o seu ponto de vista com relação ao protagonismo das mulheres na ciência, bem como a invisibilização feminina no setor. O depoimento da pesquisadora baiana foi concedido à jornalista Stella Maris Saldanha, da TV Universitária de Pernambuco (TVU), dentro da edição do programa Giro Nordeste (TVE Bahia), que foi ao ar nesta quinta-feira (25).

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