Título de campeões do desemprego aflige baianos
Hugo Gonçalves – Jornalista (SRTE/BA 4507)
30 de
agosto de 2020
Atualizado em 31 de agosto de 2020, às 18h34
Dados recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) revelam que a Bahia prosseguiu liderando o ranking do desemprego no Brasil no segundo trimestre de 2020, com relação ao período anterior. O alto percentual de desocupação registrado em nosso estado – próximo de vinte – é reflexo de uma conjunção de fatores históricos, sociais, econômicos e intelectuais dos seus habitantes, explicitamente articulados com os impactos negativos da pandemia.
Conforme o levantamento anual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta sexta-feira (28), o nosso estado – mais extenso, mais rico e mais populoso do Nordeste – figura como o campeão do crônico drama da falta de trabalho, com taxa estimada em 19,9 por cento. Na sequência, aparecem os vizinhos Sergipe, que possui um décimo a menos do que os baianos, e Alagoas, registrando 17,8% de desempregados do País. O Amazonas, com 16,5%, é o quarto colocado.
Some-se essa problemática a outra, o analfabetismo, quesito no qual o território baiano já está à frente das demais unidades da Federação, também de acordo com resultados da Pnad Contínua – a carência de letramento da maioria de nossa população contribui potencialmente para agravar sua ausência de perspectivas, com especial atenção para a juventude. Por sinal, é justamente nessa fase da vida de cada um de nós em que o futuro profissional começa a ser planificado e construído.
A procura por postos de trabalho já é um velho e repetido desafio, especialmente para os indivíduos jovens, que, recém-egressos (ou não concluintes) dos níveis do ensino básico, buscam a sua primeira oportunidade no mercado formal. Essa árdua rotina não é diferente aqui na Bahia, inserida em uma região que, sob o ponto de vista histórico e socioeconômico, apresenta parcos e mal distribuídos rendimentos recebidos pelos trabalhadores e suas famílias, apesar de estarmos em pleno século XXI.
Além do desemprego propriamente dito, ocupamos ainda o patamar absoluto no número de pessoas desalentadas, ou seja, que estão fora da força de trabalho. São aquelas que, entre outras razões, não se encorajam para encontrar oportunidades laborais. Durante o segundo trimestre de 2020, a Bahia computou um contingente equivalente a 849 mil desalentados – indicador que chama a atenção da nossa sociedade, inclusive de qualquer cidadão à procura de um emprego decente.
Diante
desse antigo fantasma que nos aflige, faz-se necessário investir cada vez mais
em políticas públicas com o intuito primordial de mitigar os hoje altíssimos
indicadores de desocupação no estado. Entre essas medidas, que deveriam ser implantadas
urgentemente, estão a ampliação da oferta de cursos de qualificação
profissional, a criação de novos postos de trabalho e a implementação de linhas
de crédito para os informais. Só assim o sol nascerá para nós, baianos,
que não deveriam fugir da luta.
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