Exposição a outros coronavírus pode ter influência na gravidade da Covid-19
Resultados foram divulgados em estudo internacional, feito em parceria com cientistas brasileiros e que está em fase de revisão
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informações da matéria exibida no Jornal da Cultura, da
TV Cultura
Matéria atualizada às 19h44
A etapa preliminar de uma pesquisa internacional, que teve a colaboração de cientistas do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), revelou que o histórico de exposições a outros tipos de coronavírus endêmicos pode influenciar na gravidade da Covid-19 conforme avança a faixa etária.
Publicado na plataforma científica medRxiv, o estudo – cujos dados que serviram de base foram coletados na Europa – está em processo de revisão. Nele os pesquisadores buscam compreender por que o novo coronavírus acomete de forma mais grave os idosos do que as crianças maiores, uma vez que as demais espécies do vírus, além de causar dores e resfriados, agem de maneira oposta.
Segundo os cientistas, a quantidade de exposições prévias a outros coronavírus endêmicos poderá determinar se a reatividade cruzada será benéfica ou prejudicial ao paciente infectado com a Covid-19. Eles também afirmam que crianças menores de cinco anos, por apresentarem pouca ou nenhuma imunidade a esses micro-organismos, podem reagir de forma mais severa à doença se comparadas com maiores de até 10 anos.
“Como as crianças de 0 a 5 anos, em média, ainda não foram expostas ao coronavírus, não teriam esse primeiro efeito protetor. Seria um pouco mais severa para as crianças novas do que para as crianças velhas”, ponderou o biólogo computacional e pesquisador da USP Daniel Damineli, um dos envolvidos na elaboração do projeto, à TV Cultura.
Imunidade pode enfraquecer em adultos
Essa capacidade de proteção, no entanto, pode se extinguir ao ingressar na fase adulta, atingindo a velhice. “Conforme você está tendo mais exposições, o sistema imune se especializa nos coronavírus endêmicos, piorando a resposta para o coronavírus novo”, argumentou Daminelli, alertando ainda que outros fatores podem contribuir para a gravidade da Covid-19, como as doenças preexistentes.
O pesquisador também sugeriu que é necessário desenvolver uma vacina para combater o novo coronavírus, alicerçada na diversidade de características da população. “Qualquer vacina tem que ser testada numa ampla gama de faixas etárias. A gente não pode comprometer o desenvolvimento dessa vacina, que é grande a esperança que a gente tem hoje nessa pandemia”, disse.
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