Pessoa idosa necessita de diálogo e acolhimento durante quarentena

Segundo psicóloga, trata-se de um momento em que todos, inclusive aqueles com 60 anos ou mais, estão passando por várias mudanças, permeadas pelo entendimento

Idosos estão enquadrados como grupo de risco pelo novo coronavírus devido a seu sistema imunológico frágil
Prostock-Studio/iStock

Quando foram detectados os primeiros casos de Covid-19 pelo mundo, os idosos passaram a estar enquadrados na condição de grupo mais vulnerável ao contágio pelo novo coronavírus devido à fragilidade do seu sistema imunológico. A partir daí, autoridades sanitárias e familiares em geral têm realizado todos os esforços essenciais para protegê-los da doença.

No entanto, nem todas as pessoas estão conseguindo lidar corretamente com essa situação, a exemplo dos indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos, que optam por resistir à quarentena. Em meio a este cenário de emergência em saúde pública em função da pandemia, é necessário que eles sejam acolhidos, amparados e orientados da melhor forma possível.

A psicóloga clínica Juliana Brito, especialista em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa pela Escola Bahiana de Medicina, salienta que a quarentena consiste num momento em que toda a população, independentemente de faixa etária, está atravessando várias mudanças, permeadas através do diálogo. Com os mais velhos, isso não é diferente.

“Inicialmente, para que possamos ajudar as pessoas idosas, devemos começar o diálogo a partir da compreensão do que elas têm sobre o processo de pandemia. Essa compreensão vai ser influenciada por alguns fatores, como aspectos cognitivos, se ela tem alguma patologia que pode dificultar a compreensão do tema”, disse, em depoimento gravado exclusivamente para a TV Alba, da Assembleia Legislativa da Bahia.

Outros fatores influenciadores do entendimento com os idosos, segundo Juliana, são a sua escolaridade e personalidade, além do vínculo que eles mantêm com os membros de suas famílias. “Então é muito importante que passamos pelo diálogo, que não seja de forma impositiva, porque não podemos ‘infantilizar’ a pessoa idosa”, argumentou a psicóloga.

Para ela, as pessoas com 60 anos ou mais, conquanto que não estejam acometidas por nenhuma patologia que possa prejudicar o seu cognitivo, possuem autonomia, voz e vez para decidir sobre sua vida e seu modo de se locomover. “Nesse momento, parte para o diálogo da orientação, da compreensão e do acolhimento da fala dessa pessoa idosa”, afirmou.

“Para que possamos ajudar as pessoas idosas, devemos começar o diálogo a partir da compreensão do que elas têm sobre pandemia”, afirma Juliana
Reprodução/YouTube/TV Alba

Ofertas de ajuda

Além do diálogo, Juliana Brito comenta que as formas de oferecer suporte aos idosos também podem auxiliá-los na quarentena. A especialista enumerou alguns desses mecanismos, como o ato de ofertar-lhes a ida ao mercado e à farmácia – que são os mais populares nas redes sociais –, bem como propiciar sua inclusão na família por meio das plataformas digitais.

Porém, grande parte dos idosos não tem acesso a essa tecnologia. “Se essa família tem condição de ter acesso à tecnologia, porque não inserir essa pessoa idosa nesse convívio, nessas redes sociais, para que eles possam entrar em contato com outras pessoas?”, questionou, destacando ainda a oferta de ajuda para fomentar a compreensão da importância de lavar as mãos frequentemente e de o idoso se sentir acolhido junto aos seus familiares e amigos.

A psicóloga observa que as pessoas idosas, em sua maioria, atuaram como cuidadores ao longo de sua vida, tanto de outros indivíduos quanto de si. No entanto, de acordo com ela, este é o momento de os mais velhos garantirem seu cuidado por sua família, uma vez que os filhos, parentes e amigos também se sensibilizam com eles.

“Não é um momento de conflito, ou de colocar para ver quem tem mais força ou quem tem menos força nesse diálogo. Vamos todos juntos, neste momento separados de um jeito, mas caminhando juntos em prol de um bem maior, que é o benefício, o cuidado e a saúde de todos”, finalizou Juliana.


Confira abaixo o vídeo produzido pela TV Alba com o depoimento da psicóloga Juliana Brito, no qual ela dá conselhos importantes aos idosos para ajudá-los no período da quarentena.

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