Morre no Rio o jornalista Luís Edgar de Andrade, vítima de Covid-19

Internado há semanas com sintomas da doença, profissional, que tinha 89 anos, colecionou grandes atuações na imprensa escrita e na televisão

Com informações da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), do Jornal Nacional e dos portais Memória Globo e Petronotícias

Matéria atualizada em 1º de maio de 2020, às 19h06

Formado em Filosofia e Direito, o cearense Luís Edgar (1931-2020) demarcou seu território no jornalismo
Reprodução/Memória Globo

Ao final da tarde desta quarta-feira (29), o novo coronavírus cancelou a vida de um dos mais notórios profissionais do jornalismo brasileiro. Com um imenso currículo, no qual colecionou atuações marcantes em diversos veículos de comunicação do País, tanto na mídia impressa quanto na televisão, Luís Edgar de Andrade morreu na cidade do Rio de Janeiro, aos 89 anos, em decorrência da Covid-19.

Segundo nota de pesar divulgada pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), o jornalista se encontrava internado há semanas na Casa de Saúde São José, em Humaitá, na zona sul da capital fluminense, com sintomas do contágio, depois de resistir por inúmeras vezes.

Natural de Fortaleza, Luís Edgar de Andrade Furtado graduou-se em Filosofia e em Direito pela Universidade Federal do Ceará (UFC), porém foi no jornalismo que ele finalmente demarcou território. Transferiu-se para o Rio na década de 1950, começando a edificar uma trajetória brilhante em vários órgãos de imprensa.

Atuou como repórter na extinta revista ilustrada O Cruzeiro, junto a figuras emblemáticas do jornalismo nacional, como David Nasser (1917-1980) e o fotógrafo e documentarista Jean Manzon (1915-1990), francês radicado no Brasil.

No início da década de 1960, Luís Edgar passou a residir em Paris, onde atuou como correspondente e cursou pós-graduação em Jornalismo. Retornou ao seu país de origem em 1965, a convite de Alberto Dines, seu colega de ofício, para chefiar a editoria de Internacional do Jornal do Brasil.

Experiências do jornalista na Guerra do Vietnã deram origem ao romance Bao chi, bao chi
Reprodução/Amazon Brasil

Cobrindo a guerra

Demitido do JB no final de 1967, Luís Edgar se aventurou como correspondente na Guerra do Vietnã, onde realizou uma de suas coberturas espetaculares. Reportando os dois lados do conflito, enviou matérias para serem publicadas em diversos periódicos do eixo Rio-São Paulo. Suas experiências no front de batalha embasaram mais tarde o romance Bao chi, bao chi, lançado em 2002 pela Editora Objetiva.

Mudou-se para a capital paulista em 1969, quando foi trabalhar na extinta revista Realidade, da Editora Abril. No ano seguinte, entrevistou, durante a campanha presidencial no Chile, o então candidato socialista Salvador Allende (1908-1973), que acabou sendo eleito.

Depois, o jornalista circulou pelo jornal O Estado de S. Paulo, como editor-executivo, e pela Exame, publicação de economia e negócios da Abril, na condição de editor-assistente, além de colaborar no periódico humorístico carioca O Pasquim.

Trajetória na TV

Luís Edgar de Andrade migrou para a TV Globo em 1973, como produtor especial no então recém-criado Fantástico – na época, com o subtítulo O Show da Vida. Nos anos subsequentes, redigiu boletins de programação, colaborou com vários documentaristas no Globo Repórter e assumiu a chefia de redação do Jornal Internacional, até integrar a equipe do Jornal Nacional, atuando como subchefe.

Em 1979, foi promovido a editor-chefe do JN, estando à frente da cobertura do processo de abertura política no Brasil. Permaneceu no cargo até 1981, quando se tornou chefe de redação do noticiário. Em 1985, teve a incumbência de coordenar os desdobramentos que culminaram com a morte do então presidente eleito da República, Tancredo Neves (1910-1985).

Ainda na Globo, Luís Edgar escreveu o Manual de Redação. Depois, se transferiu para a Rede Manchete, onde foi chefe de redação. Logo após a falência da emissora, em 1999, exerceu a gerência de programas jornalísticos da TV Educativa (TVE), no Rio. De acordo com matéria publicada no site Petronotícias sobre o seu falecimento, o jornalista deixou a esposa, Tereza, e duas filhas.

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