IPCA: Inflação cai para 0,07% em março, a menor para o mês desde o início do Real

Em fevereiro, índice oficial de preços calculado pelo IBGE havia registrado aumento de 0,25%

Com informações da Agência IBGE de Notícias e da Supervisão de Disseminação de Informações do órgão na Bahia

Alimentação e bebidas foi o grupo que mais contribuiu para a inflação (1,13%), influenciado principalmente pela alimentação em casa
Foto: Eduardo Peret/Agência IBGE de Notícias

O indicador que mede a inflação oficial no País variou 0,07% em março, após alta de 0,25% registrada em fevereiro, sendo o menor resultado estimado para um mês de março desde o início do Plano Real, em julho de 1994. É o que demonstra o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta quinta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2019, o índice de março equivalia a 0,75%. Neste ano, o IPCA acumula alta de 0,53%, e nos últimos doze meses, de 3,30%. Para o cálculo do índice do último mês, o IBGE comparou os preços coletados no período de 3 a 30 de março de 2020 (referência) com os preços vigentes entre 29 de janeiro e 2 de março (base).

O órgão afirma que, em virtude da emergência de saúde pública decorrente da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a coleta presencial de preços se encontra suspensa desde 18 de março. A partir dessa data, os preços passaram a ser coletados de forma remota por outros meios, como sites na internet, telefone ou e-mail.

Para o gerente do IPCA, Pedro Kislanov, a suspensão da coleta presencial reduziu o volume de preços coletados, porém esse fato não comprometeu o andamento da pesquisa. “Conseguimos contornar as dificuldades com a coleta remota. Em alguns casos, a resposta foi muito positiva, como nos postos de combustíveis, em que boa parte dos preços foram coletados por telefone. Assim como outros institutos de estatísticas do mundo, estamos buscando maneiras de evitar uma redução drástica da nossa amostra”, salientou.

Dos nove grupos de produtos e serviços investigados mensalmente pelo IPCA, apenas três tiveram deflação em março – Artigos de residência (-1,08%), Transportes (-0,90%) e Despesas pessoais (-0,23%). Quanto aos demais agrupamentos, houve oscilação entre a retração em -0,23% em Despesas pessoais e os aumentos de 0,21% nos grupos Vestuário e Saúde e cuidados pessoais.

Alimentos cada vez mais “salgados”

Porém, o grande responsável pela maior aceleração nos preços foi o grupo Alimentação e bebidas, elevando o índice de 0,11% em fevereiro para 1,13% em março, influenciado principalmente pela alimentação no domicílio, que variou de 0,06% em fevereiro para 1,40% em março.

“Os números sugerem que as pessoas estão comprando mais para se alimentar em casa, o que indica que não estão saindo para comer”, argumentou Kislanov. A alimentação fora do domicílio também teve um reajuste acelerado de fevereiro (0,22%) para março (0,51%), impulsionado pelo aumento do lanche (1,90%), ao passo que a refeição teve recuo de -0,10%, após alta de 0,35% no mês passado.

Os produtos alimentícios cujos preços registraram acréscimos foram a cenoura (20,39%), a cebola (20,31%), o tomate (15,74%), a batata-inglesa (8,16%) e o ovo de galinha (4,67%). Entretanto, as carnes apresentaram deflação pelo terceiro mês consecutivo, estimada em -0,30%, embora o recuo nos preços tenha sido menos intenso ao ser comparado com o mês anterior, cujo índice foi de 3,53%.


Com relação a outros grupos que constituem o IPCA, os impactos positivos foram observados na Educação (0,59%), Habitação (0,13%) – influenciada pelos aumentos do gás de botijão (0,60%) e da energia elétrica (0,12%), mesmo mantendo em março a bandeira tarifária verde –, Vestuário (0,21%), Saúde e cuidados pessoais (0,21%) e Comunicação (0,04%).


Por outro lado, embora a maior deflação tenha sido manifestada no grupo Artigos de residência (-1,08%), a maior contribuição negativa (-0,18 pontos percentuais), que favoreceu a queda dos preços, ocorreu nos Transportes (-0,90%), ocasionando recuos nas passagens aéreas (-16,75%) e nos combustíveis (-1,88%). Em março, todos os combustíveis registraram baixas – etanol (-2,82%), óleo diesel (-2,55%), gasolina (-1,75%) e gás natural veicular (-0,78%).


Gráfico acompanha variação do índice inflacionário brasileiro nos últimos doze meses
Ilustração: Editoria de Arte/Agência IBGE de Notícias

Goiânia teve maior retração

Quanto aos índices regionais, quatro das 16 áreas analisadas pelo IBGE tiveram baixas em março, cujo menor índice foi registrado no município de Goiânia (-0,74%), impulsionado pelo aumento da energia elétrica (-6,67%) e da gasolina (-3,25%). Na sequência, vêm a Região Metropolitana de Porto Alegre (-0,32%), Brasília (-0,22%) e a Região Metropolitana de Belém (-0,16).

Entretanto, o município de Campo Grande verificou o maior resultado positivo em março, com 0,56%, devido às altas no tomate (21,20%) e na gasolina (0,52%). As regiões dos municípios do Rio de Janeiro (0,46%), de Aracaju (0,41%), de São Luís (0,37%) e do Recife (0,31%) seguiram o rastro da capital sul-mato-grossense.

Salvador registrou alta de 0,17%

A Região Metropolitana de Salvador também acompanhou o ritmo inflacionário, registrando aumento de 0,17%. A cebola (30,27%), o tomate (23,69%), o ônibus urbano (3,50%), o automóvel usado (2,53%) e a gasolina (2,14%) foram os responsáveis por puxar o reajuste dos preços na capital baiana e nos municípios contíguos.

Pelo contrário, a variação negativa na Grande Salvador foi sentida nas passagens aéreas (-15,82%), na banana-da-terra (-9,05%), no refrigerador (-4,72%), no aparelho telefônico (-2,50%) e nos lanches servidos fora do domicílio (-2,43%).

Para mais detalhes sobre os resultados do IPCA, acesse agenciadenoticias.ibge.gov.br.

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