Empatados até no Ibope

Os dois principais pré-candidatos à Presidência nas eleições deste ano, nestes quatro meses que estão antecedendo-as, saíram praticamente empatados em uma nova pesquisa referente a elas. O levantamento, realizado pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), foi divulgado ontem. Contudo, não houve nenhum fato surpreendente. Tanto o ex-governador paulista, o tucano José Serra, quanto a petista Dilma Rousseff, ex-ministra do atual governo, estão, igualmente, com 37% das intenções de voto.

Encomendada por dois dos mais importantes veículos de comunicação do Brasil – a Rede Globo de Televisão e o jornal O Estado de S. Paulo –, a última pesquisa do Ibope foi a primeira realizada após a exibição, em cadeia nacional de rádio e de televisão, das propagandas do PT e do DEM, partidos que apoiam, respectivamente, Dilma e Serra, apesar de este último pertencer ao PSDB. As propagandas partidárias, exibidas em maio, objetivavam promover com clareza e consistência as campanhas de cada concorrente.

Marina Silva, pré-candidata do Partido Verde, preocupada com as causas e os programas ambientalistas do nosso país, é a terceira colocada em todas as pesquisas, inclusive a do Ibope. Nela, Marina, outra ex-ministra do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aparece com 9% da preferência do eleitorado. A senadora acreana, conterrânea e discípula de Chico Mendes, é, assim como ele, símbolo de luta pela preservação do meio ambiente e da Amazônia. Será, portanto, um fenômeno destas eleições presidenciais.

Até os programas partidários de TV, com duração de dez minutos, influenciam o eleitorado brasileiro de maneira direta, segundo o último levantamento do Ibope. Dilma Rousseff, que dividiu a apresentação da propaganda do Partido dos Trabalhadores ao lado de Lula, de quem foi ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, aparece com 51% das preferências dos eleitores que assistiram a seu programa. José Serra tem 41% das escolhas de quem viram a propaganda do DEM, principal aliado do ex-governador de São Paulo.

Registrando o maior índice de rejeição, um fator essencial para todas as pesquisas, o tucano, ex-líder estudantil que possui uma longa trajetória política, está na dianteira, com 24% contra 19% da petista. Serra, que havia liderado as primeiras estatísticas em nível nacional, por sinal, também é o líder nas intenções de voto nas regiões mais desenvolvidas – o Sul e o Sudeste. Nestas regiões que fazem o país crescer e prosperar, o desempenho de Serra é magnífico, com 46% no Sul e 41% no Sudeste, região mais industrializada.

Com penetração maior no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste, Dilma continua conquistando a simpatia e o coração de inúmeras pessoas que vivem nessas três zonas. Suas porcentagens nas regiões são as seguintes: 47% no Nordeste, e 43% no Norte e no Centro-Oeste juntos, já que possuem populações menores e, consequentemente, são menos desenvolvidos. Dilma abriu uma vantagem espetacular sobre Serra no Nordeste, subindo de 8 para fantásticos 20 pontos percentuais.

Somente dois mil e dois cidadãos – um número insuficiente de eleitores num Brasil gigante, porém suficiente para fazer a pesquisa, já que ela é uma simulação, uma prévia do que irá acontecer em outubro – foram ouvidos pelo maior instituto de opinião pública do país entre 31 do mês passado e 3 deste mês. Pesquisas eleitorais, assim como todos os outros levantamentos específicos, exigem uma quantidade limitada de pessoas para respondê-las. Em razão disso, elas, às vezes, não correspondem à realidade.

Votação consciente, por ser livre e secreta, não obedece à vontade de nenhuma empresa de comunicação ou de nenhum instituto especializado em opinião pública e estatística. Obedece, exclusivamente, à vontade do próprio povo, através de um sistema sério e eficaz denominado democracia – que significa a força ou o poder do povo. É por meio da democracia que adquirimos e garantimos as liberdades individuais, o chamado livre arbítrio. Cada pessoa tem o direito de manifestar seus próprios modos de vida e de opinião.

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