A arte na visão dos negociantes

Três comerciantes do Mercado Modelo – Amélia de Barros Santana, Ademilton Ribeiro Andrade de Jesus e Jorge Felipe de Santana – comentam, além do grandioso universo do artesanato popular no maior centro especializado da Bahia, o papel importante que ele desempenha no artesanato e no turismo de Salvador

Como o artesanato se desenvolveu no Mercado Modelo, transformando-se em atividade econômica principal?

Amélia de Barros Santana – Pelos próprios artesãos, fazendo as lembranças para que os turistas possam levá-las para suas terras, sendo que fica uma lembrança da Bahia.

Qual é a importância do artesanato para baianos e turistas que frequentam o mercado?

A. B. S. – Ver as coisas belas da Bahia, feitas pelas mãos dos próprios artesanatos.

Quais são os produtos artesanais mais vendidos por aqui?

A. B. S. – Bonecas, camisas com lembranças da Bahia, colares, bolsas de palhas, agogô, pandeiros, vestidos, camisas bordadas, colares de miçangas, brincos de búzios, brincos de coco, pulseiras de coco, colares com todos os orixás, cada um com seu significado – Oxóssi, Oxum, Ogum, Iemanjá, Xangô –, todos os que dizem que são coisas próprias da Bahia.

Os produtos comercializados por aqui no mercado são produzidos por artesãos baianos ou de outros estados?

Ademilton Ribeiro Andrade de Jesus – Da Bahia mesmo.

E tem algum produto artesanal feito por artesãos de outros estados? Quais?

A. R. A. J. – Aqui no mercado sim. Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco.

Tudo são lembranças da Bahia mesmo?

A. R. A. J. – Eles vêm como lembranças da Bahia também.

Os produtos são vendidos por que faixas de preços?

A. R. A. J. – Se em decorrência muito da época que você compra. Hoje, se você compra um produto, você coloca na faixa de 20 a 30% a mais de lucro. Então, o que você compra, estabelece um custo e coloca 20% a 30%.

Por que os comerciantes cobram preços altos em vários produtos?

A. R. A. J. – Os valores são atribuídos ao custo do produto. Cada produto tem um custo.

Além de beneficiar o turismo, o artesanato aqui explorado é uma importante fonte de renda para a população em geral?

Jorge Felipe de Santana – Diretamente, o turismo aqui no Mercado Modelo beneficia 1.500 pessoas, porque trabalha direta e indiretamente. Se você botar que uma família tem mais três ou quatro pessoas, isso dá umas 4.500 pessoas, que beneficiam direta e indiretamente aqui no mercado. Agora, o que é que o Mercado Modelo traz? É uma das cinco fontes de turismo daqui da cidade de Salvador. Se você ver num tour de qualquer empresa de turismo, você vai ver que está incluído nos cinco monumentos e local de visita e de compras na cidade. Então, o que é que ela influencia em trazer o turismo para aqui e em trazer divisas, trazer dinheiro para a economia na área do turismo. Então todas as pessoas que estão envolvidas em turismo e o Mercado Modelo é uma das cinco fontes que trazem esses turistas para cá, levando em consideração isso, ele influencia todas as pessoas que trabalham – baianas de acarajé, os hotéis, os guias de turismo – tudo isso se beneficia. Porque quando você olha lá, você vê: Pelourinho, Mercado Modelo, Elevador Lacerda, Bonfim... São esses os pontos principais onde se divulga lá fora para você vir visitar. Isso atrai as pessoas para vir.

Existe algum programa governamental de incentivo ao desenvolvimento do artesanato aqui no mercado?

J. F. S. – Não, não existe. O que eu saiba, não existe nenhum programa do governo do estado, nem da Prefeitura, nem do Governo Federal, para incentivar o turismo aqui na área do Mercado Modelo, infelizmente.

Por quê?

J. F. S. – Talvez falte o interesse do Estado e da Prefeitura para se fazer um programa como esse, que é um programa que leva tempo. Ele não tem um retorno imediato, você tem que fazer um investimento, um investimento não é pouco, é caro, e o retorno é a longo prazo, não é a curto prazo. Por isso, a dificuldade de se fazer um programa como esse.

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