Acumular pensares
Que prazer extremo é degustar um frigidíssimo vento invadindo o meu corpo! Uma maravilha de tempo instável, porém propício a centenas de miríades de pensamentos e de sentimentos, de razões e de emoções, de impressões explícitas e implícitas. Sensações aprazíveis, agradáveis, prazerosas e deliciosas, são essas por quais eu tenho desejo profundo. Enquanto instabilidades vindas do Oceano Atlântico produzem um tempo ruim, revestindo de névoa a paisagem urbana, eu me sinto felicíssimo aqui dentro do meu habitáculo, exercitando as minhas necessidades e as minhas vontades.
Já que as chuvas hibernais simbolizam, com convicção, a frequente ausência de pessoas no campo e na cidade ou, exemplificando, a amarga falta de um episódio festivo que atrai multidões, como uma procissão, o vento produzido por elas favorece minha refrigeração mental. Também me ambiciona navegar pelo rio das minhas memórias e de ampliar meus interesses e minha sapiência, já armazenados no cérebro. Sempre exalto, enalteço e evoco os meus prazeres, desmembro-os em fragmentos multiplicadores e transbordo-os ao som de ritmos quentes, dando alívio e uma perspectiva estival aos dias de inverno.
Imagine uma comunidade desértica e semi-inóspita, sem nenhum elemento característico dos lugares civilizados. Só terra semiárida, acompanhada de vegetação típica e de parcas pessoas que a habitam, sob a sua subserviência. Apenas a chuva trará benefícios e hospitalidade à população, transformando-se, um dia, num miraculoso oásis úmido e florescido. O progresso e a difusão do conhecimento humano numa determinada sociedade é como se fosse a chegada da umidade em um lugar desértico e seco. Assim como as chuvas intensas, a sapiência é perpétua, constante e vindoura.
Apesar de ser considerado mau tempo, não há nada de triste, nada de melancólico, nada de sôfrego e nada de lamentoso no meu mundo contemporâneo. Meu revigoramento físico e psicológico está, de acordo com meus prognósticos da saúde corporal, com aproximadamente 100% de aproveitamento. Utilizo, explícita e misteriosamente, minha permanente autoestima, minha veemente liberdade e meu ego para acumular e explorar os meus pensares particulares cotidianos. Faço do meu sensível e maravilhoso modus vivendi um deslumbrante laboratório – ou uma oficina – de experiências racionais e emocionais.
Laboratório onde vivencio uma incrível capacidade de demonstrar, com lucidez e concisão, minha criatividade real e imaginária concebida desde o meu nascimento, há quase vinte e dois anos. Com essa idade, continuarei sendo perspicaz, onisciente e ubíquo nos meus círculos familiares e no meu recinto acadêmico, onde progrido-me nas teorias e nas práticas aplicadas criteriosamente no fantástico e profícuo curso que, por motivos óbvios, é o curso de Jornalismo. Objetivo: comunicar-me com indivíduos, códigos, signos e símbolos e adquirir volume necessário de conhecimento e de sabedoria.
E o melhor: no meu futuro ofício não haverá subterfúgios que escapem as minhas ideias, o meu aprendizado e o meu estímulo à formulação de tipologias textuais diferenciadas. Subterfúgios são negligências enterradoras de promessas e de oportunidades para universitários que defendem cordialmente um futuro próspero por meio de suas experiências profissionais. Meu propósito soberano, durante a elaboração de materiais a serem transportados para organismos de imprensa, é focalizar-me num definido tema para, em seguida, materializá-lo.
Minha extraordinária racionalidade não boicota o meu livre arbítrio; força-o, cada vez mais, com esplendor, com audácia e com coragem, pelo sentido das leis. Em se tratando de leis, não exercerei qualquer ofício jurídico, pois a área do Direito apresenta um vocabulário específico e incompreensível. Leis são materiais que regem, ordenam, hierarquizam e qualificam a nossa sociedade em diversos aspectos. Sob os preciosos auspícios das mesmas ordenações, essencialmente a bênção de Deus, já estou caminhando, sem cerimônia, para ser um profissional respeitado do jornalismo.
Sou eu mesmo que desvendo os sintomas de um determinado problema para realizar o seu diagnóstico; sou eu mesmo que fico repleto de entusiasmo, quando observo pessoalmente ou em meios de comunicação algum ente querido, alguma personalidade favorita no campo artístico ou quando louvo a Deus. Meu raciocínio, assim como o nosso, não deve ser utilizado com parcimônia, portanto deve ser elucidado livremente, produzindo toneladas de manifestos textuais e contextuais através do fomento à palavra. Tenho apetite pela escrita e pela leitura a fim de aperfeiçoar-me no exercício jornalístico.
Pelo fato de vivermos numa sociedade democrática, somos capazes de construir e de desenvolver as nossas habilidades e aptidões intelectuais, cognitivas e sentimentais e de aprimorá-las com produtividade e prosperidade. O conhecimento é o fundamento soberano do nosso modo de viver e de aprender, e sem ele há profundas restrições ao magnífico universo do saber. Dentro da minha capacidade de ânimo, da minha plenitude, existe a livre manifestação do pensamento, que é a raiz de todo o conhecimento. Manifesto minhas ideias com plenitude, conciliando experiência com juventude.
Não sou especialista numa determinada área, pois não tenho um contínuo aprofundamento especializado. Tenho interesse em todas as esferas cognitivas, e é no bojo delas que se expressa a minha liberdade. Sou, por conseguinte, um indivíduo multicognitivo, multicultural, multiartístico e multimídia. Por enquanto, exercito e cultivo meus pensamentos, minhas leituras e minhas simpatias em vários setores do conhecimento humano, como se fosse uma enciclopédia. O nosso cérebro é como se fosse um objeto eletrônico, a exemplo do computador: as nossas reminiscências são irrestritas e ilimitadas.
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