Diversidades marcam a Boca do Rio

Situado perto da orla de Salvador, o bairro cresceu graças às migrações de ex-moradores do “Bico de Ferro” e de Ondina. Seu desenvolvimento, porém, é desordenado. Hoje, o comércio é a sua tônica, atendendo às exigências da população

O grande crescimento urbano da Boca do Rio é atribuído à doação de terrenos para construção de residências destinadas aos moradores de invasões
(Foto: Hugo Gonçalves)

Um dos bairros mais populosos de Salvador, a Boca do Rio, localizada entre a orla marítima e a Avenida Paralela, teve suas origens num vilarejo de pescadores. A comunidade passou a se desenvolver logo após a Prefeitura doar terrenos para a construção de casas para os moradores vindos de outros locais, transformando-se num importante centro residencial, comercial, de serviços e de lazer. Mesmo com esse crescimento repentino, ele não foi acompanhado por um eficiente planejamento urbano. Um grande problema foi gerado, em especial em alguns logradouros: a violência, que até agora não foi resolvida.

As terras onde atualmente são a Boca do Rio estão situadas nas imediações da foz – ou desembocadura – do Rio das Pedras, que deságua no Oceano Atlântico, daí o nome. Elas pertenciam, segundo o jornal Correio da Bahia, de 3 de agosto de 1999, à Freguesia de Nossa Senhora de Brotas, que se estendia do Engenho da Bolandeira até a fronteira da Freguesia de Itapuã. De acordo com o historiador Cid Teixeira, em entrevista ao extinto jornal Bahia Hoje, de 21 de abril de 1994, a área foi ocupada, primeiramente, no século XVI, depois da fundação de Salvador, sendo dividida em três sesmarias concedidas pelo governador-geral Tomé de Souza. A primeira foi entregue a seu primo D. Antônio de Ataíde, conde de Castanheira e homem mais próximo do rei de Portugal, D. João III; a segunda, aos monges beneditinos; e a terceira, a Garcia d'Ávila, senhor da Casa da Torre, que foi o maior latifúndio das Américas.

Garcia d'Ávila era filho do fundador da primeira capital do Brasil, e detinha o controle das terras que se estendiam de Itapuã até o Rio Real e Tatuapara, onde ergueu a Casa da Torre, após vencer as tribos indígenas então existentes no litoral norte da Bahia. Logo depois, conforme Teixeira em Bahia Hoje, ele e os monges beneditinos decidiram trocar suas respectivas áreas, mas as terras do conde de Castanheira continuaram no mesmo local, sempre estando nas mãos dos seus descendentes.

Ainda segundo as informações do historiador publicadas em Bahia Hoje, na primeira metade do século XIX, a propriedade dos terrenos foi entregue, através de um acordo, a Manuel Inácio da Cunha e Menezes, militar, comerciante e político, que depois se tornou o Conde do Rio Vermelho. Era filho do governador Manuel da Cunha e Menezes, enviado por Portugal que, segundo Teixeira em Bahia Hoje, quando solteiro, ao voltar para esse país casou-se com a condessa de Lumiares, à época herdeira do patrimônio do conde de Castanheira. Quando a paternidade de Manuel Inácio foi reconhecida, as terras nas quais hoje é a orla, incluindo o atual bairro, passaram nas mãos dele.

No início, viviam pescadores

Na região ocupada pelo bairro da Boca do Rio, Manuel Inácio residiu, de acordo com Cid Teixeira, citado em Bahia Hoje, numa casa de dois pavimentos, que mais tarde seria o Aeroclube da Bahia, hoje demolida. Ele explorava a pesca de baleia para a extração e a industrialização do óleo. O processamento do produto era realizado, segundo Teixeira em Bahia Hoje, na sua oficina de trabalho, que funcionava na “casa de pedra”, em frente à Praia de Armação. Em seguida, a Companhia do Queimado, que era responsável pelo abastecimento de água de Salvador, comprou os terrenos pertencentes a Manuel Inácio. A aquisição da área era necessária para a instalação, pela própria empresa, da Estação da Bolandeira, ainda em funcionamento. Em 30 de setembro de 1905, o município adquiriu todas as terras da Companhia do Queimado, tornando-as de uso público.

O nome Boca do Rio se originou, conforme o jornal A Tarde de 12 de maio de 2007, devido à sua proximidade com a foz do Rio das Pedras, hoje poluído, perto da sede de praia do Esporte Clube Bahia. Lá, segundo o site Salvador Cultura Todo Dia, existia, entre as décadas de 40 e 60 do século passado, uma pequena colônia de pescadores, que constituíam a maioria dos seus habitantes, cujas casas eram de taipa, construídas em madeira e chão batido, e cobertas de palha. As mulheres dos pescadores fabricavam vassouras para ajudar no seu sustento. Além da região onde hoje se localiza a sede do Bahia, segundo registros históricos citados em A Tarde, de 14 de setembro de 2002, as primeiras casas também foram erguidas onde são os atuais Alto do São Francisco e Rua do Caxundé.

Durante muito tempo, o Aeroclube da Bahia, que de acordo com A Tarde era uma escola de pilotagem com pista de decolagem e pouso para pequenos aviões, marcou presença. Com a expansão habitacional do local, o terreno onde era o Aeroclube, ainda segundo informações do jornal, foi desocupado, ficando sem uso, e sua sede foi transferida para a Ilha de Itaparica. Parte das origens do bairro é mantida, com destaque para a pesca, importante forma de sobrevivência para vários moradores. A Boca do Rio possui uma filial da Colônia de Pesca Z-1, com sede no Rio Vermelho, conforme citado em A Tarde.

Fim de linha na Rua Hélio Machado, a principal e mais movimentada, por onde passam os ônibus cujas linhas vão até a Estação da Lapa, a Joanes e Lobato e à Ribeira
(Foto: Hugo Gonçalves)

Migrações motivaram sua expansão

A grande mudança na fisionomia do bairro ocorreu no final dos anos 60, quando ainda era, segundo o jornal Bahia Hoje, um areal cercado de mato, com os rios das Pedras e Pituaçu, ainda não poluídos. O Brasil vivia a ditadura militar, e o prefeito de Salvador era Antônio Carlos Magalhães, político biônico (nomeado pelo regime). Por iniciativa dele e com a ajuda da polícia, foi realizada, de acordo com A Tarde, a transferência de centenas de famílias, muitas delas de pescadores, que ocupavam o “Bico de Ferro” – uma invasão à beira-mar na Pituba, que havia sido demolida para dar espaço ao Jardim dos Namorados – para um terreno público próximo à foz do Rio das Pedras. Logo depois, em 1969, os antigos moradores de outra invasão, o Alto de Ondina, ainda segundo o jornal, também se migraram para a Boca do Rio com o forte esquema policial, por intermédio da doação de terrenos para a construção de residências destinadas a eles, também na gestão municipal de ACM.

Segundo a agente administrativa do Colégio Estadual Pedro Calmon, em Armação, nas adjacências da Boca do Rio, Maria Estelita de Oliveira Rocha, 65 anos, a mudança dos moradores daquele local, incluindo ela, se iniciou quando foram convidados a sair de lá para que a orla fosse urbanizada. ACM, então, lhes ofereceu dois lugares para que escolhessem. Tratavam-se da Engomadeira e da ainda desconhecida Boca do Rio. A Prefeitura colocou à disposição dos moradores dois ônibus para que eles fossem visitar esses lugares. Muitas pessoas, na opinião de Estelita, escolheram a Engomadeira “por ser um lugar mais habitado, já com infraestrutura e muito mais”, mas a maioria delas decidiu morar na Boca do Rio devido à sua localização privilegiada, mesmo não possuindo infraestrutura suficiente.

O terreno onde as casas foram erguidas pertencia, de acordo com Estelita, a uma viúva que estava endividada com a Prefeitura, que então o adquiriu e o loteou para os próprios moradores. Ela conta que todo o terreno foi marcado e distribuído para que eles escolhessem seus respectivos lotes. Após a escolha destes, seus novos ocupantes se dirigiram à sede da antiga Superintendência de Urbanização da Capital (Surcap), no Aquidabã, para receber um memorando referente à construção das residências. A seguir, a Prefeitura deu todos os tipos de materiais para começar a erguê-las, como blocos, telhas, tábuas e cimento, contratou os operários e enviou o transporte para levar os materiais até o local das obras.

Quando as pessoas vindas do “Bico de Ferro” e do Alto de Ondina passaram a morar na Boca do Rio, o bairro ainda não possuía pavimentação e calçamento das ruas, saneamento básico, energia elétrica e telefones. O funcionário público aposentado Anatório da Rocha, 71 anos, que mora junto com Estelita, sua ex-mulher, conta como foi o progresso comercial da comunidade. “Começou com barracas de verduras, depois vieram depósitos de materiais de construção, açougues, padarias, armarinhos, quitandas. Mais tarde, surgiu o primeiro supermercado, o Paes Mendonça (hoje Bompreço) e, em seguida, a Cesta do Povo.” Hoje, o comércio é a atividade predominante no bairro, sendo, ao lado da ocupação residencial, responsável pelo seu dinamismo.

Anatório foi, sem dúvida, uma das testemunhas da transformação da paisagem comunitária. Naquele distante 1969, quando passou a morar na Boca do Rio, ao lado de Estelita e de seus cinco filhos – Reginaldo, Ricardo, Helenice, Edson e Anatório Filho –, ele trabalhava como garçom do Palácio de Ondina, residência do governador do Estado, servindo ao gestor da época, Luiz Viana Filho (1967-1971). Por outro lado, Estelita era apenas uma jovem dona de casa, e, passados 41 anos, é agente administrativa do Colégio Estadual Pedro Calmon desde a sua inauguração, em 1976.

A Escola Municipal Agnelo de Brito foi inaugurada em 1969 pelo então prefeito ACM para as crianças vindas de Ondina estudarem
(Foto: Hugo Gonçalves)

Enfrentando obstáculos

Os moradores, por sua vez, encontravam uma dificuldade, que foi a falta de uma escola para seus filhos estudarem, pois estes, quando moravam em Ondina, estudavam no Colégio Estadual Evaristo da Veiga. Com a mudança para a Boca do Rio, a ida à escola ficou muito difícil, pois, segundo Estelita, “tinham que andar até a orla marítima para pegar um ônibus e chegar até o colégio.” Por essa razão, os recém-chegados à Boca do Rio solicitaram a ACM a imediata construção e instalação de uma escola destinada a seus filhos. A Escola Municipal Agnelo de Brito foi inaugurada, coincidentemente, no dia do aniversário do prefeito, em 04 de setembro de 1969.

Quando a aposentada Marinalva Silva de Oliveira, 60 anos, chegou à Boca do Rio, em 1969, vinda de Ondina, ela, assim como outras pessoas que se fixaram no bairro, enfrentou muitos obstáculos. Segundo Marinalva, “para fazer feira, tinha que ir a São Joaquim. Não tinha água, pois (os moradores) pegavam lá na Embasa da Bolandeira ou nas caixas. O caminhão do gás só passava na orla, pois aqui (na Boca do Rio) não entrava.” Hoje, os tempos são outros, e, com isso, as condições de vida da aposentada melhoraram muito.

A dona de casa Eulina Silva Cerqueira, 75 anos, era casada durante muitos anos com Arízio Pires Moreira, um senhor de cabeleira grisalha, falecido em 2000, aos 68 anos. Arízio era considerado uma “enciclopédia” por presenciar a transformação do local, tanto que ele trabalhava como motorista particular de diversos prefeitos, incluindo ACM. Ex-inquilina no bairro do Uruguai, Eulina mora tranquilamente no número 36 da Rua Professor João Carlos do Sacramento, desde 1970, levando uma vida simples e feliz. Na ocasião em que a dona de casa se mudou para o atual endereço, ela recebia um salário pequeno, difícil demais para sustentar seus oito filhos. O terreno onde sua própria moradia foi construída foi doado por ACM para que ela não pagasse aluguel.

Em relação à sua chegada à Boca do Rio, Eulina relembra que “não havia banco, médico, luz – era muito fraquinha, pois a Prefeitura a instalou, e não eram todas as pessoas que conseguiram obter energia elétrica. Depois, a Coelba colocou postes, fiação, e ligou a luz, que foi uma 'festa'.” Em seguida, dando continuidade à ampliação dos serviços públicos, ACM mandou erguer o primeiro centro de saúde do bairro, o Dr. César de Araújo. Já como governador, ele inaugurou, em 29 de março de 1973, a 9ª Delegacia de Polícia. A unidade foi construída na Rua da Tranquilidade, recém-asfaltada à época, com o objetivo de ajudar a reduzir os índices de violência na região.

Os avanços se sucederam

Diversos artistas, jornalistas e jovens intelectuais passaram a morar no bairro nos anos 70, conforme A Tarde. A Praia dos Artistas, ao lado da sede do Bahia, cujas águas estão poluídas devido ao encontro com a foz do Rio das Pedras, era, junto com a Praia de Arembepe, reduto da juventude rebelde, especialmente tropicalistas e hippies. Dentre os famosos que frequentavam a praia, segundo informações dos jornais A Tarde de 14 de setembro de 2002 e 12 de maio de 2007, e Tribuna da Bahia de 16 de maio de 1988, estavam os cantores Caetano Veloso, Gilberto Gil, Luiz Melodia e Zizi Possi e o grupo Novos Baianos (principalmente Baby Consuelo); o artista plástico Mário Cravo e a atriz Renata Sorrah. Eles foram atraídos pela presença da Barraca do Aloísio, de propriedade de Aloísio Almeida, que, de acordo com a Tribuna, era a única barraca existente na praia. Segundo ele, citado em A Tarde, muitos projetos culturais que marcaram a cidade naquele período nasceram na Praia dos Artistas, que ainda cultua seu passado glorioso.

Construções de condomínios na área, como o Conjunto Guilherme Marback e unidades habitacionais no Imbuí, contribuíram para a sua verticalização
(Foto: Hugo Gonçalves)

Conforme A Tarde, a verticalização começou a tomar conta da paisagem da Boca do Rio, com a construção do Parque Residencial Guilherme Marback, numa área compreendida entre ela e o futuro bairro do Imbuí. O conjunto, conforme registrado em sua placa de inauguração, foi inaugurado em 30 de junho de 1978 pelo então governador Roberto Santos, com a presença do então presidente da República, general Ernesto Geisel. O Marback, como é popularmente conhecido, atualmente é ocupado, de acordo com A Tarde, por mais de 5 mil moradores.

A localização privilegiada da Boca do Rio, segundo o Correio da Bahia, foi um dos fatores que viabilizaram a implantação do Centro de Convenções da Bahia, um edifício de estilo contemporâneo, erguido em concreto armado e estruturas metálicas e composto por quatro pavimentos. Inaugurado em março de 1979, o Centro de Convenções, de acordo com o Correio, é administrado pela Empresa de Turismo da Bahia S.A. (Bahiatursa) e é um dos maiores do país, sendo destinado à realização de grandes conferências, congressos e exposições. Conforme seu site, ele está localizado próximo à Avenida Tancredo Neves – eixo empresarial de Salvador – e com acesso fácil e rápido aos pontos estratégicos da cidade.

O setor terciário do bairro se desenvolveu intensamente, segundo o Correio, com o grande projeto de urbanização da orla, executado no início dos anos 80. Do ponto de vista de Estelita, várias ruas foram pavimentadas, ganhando redes de esgoto, nas gestões dos ex-prefeitos Mário Kertész (1986-1988) – já rompido com ACM – e Fernando José (1989-1992) – um ex-radialista populista que foi eleito com o apoio de Kertész. A maioria das obras foi executada, segundo Eulina, com o apoio de outros políticos, como o ex-vereador José Raimundo, falecido em 2008, e Marcelo Guimarães, ex-deputado estadual e ex-presidente do Esporte Clube Bahia.

Apesar de não conhecer profundamente a Boca do Rio e o Imbuí, o arquiteto César Henriques Matos e Silva, professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e do Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge), explica que os dois bairros têm características bem destacadas e diferenciadas entre si. “A Boca do Rio é mais antiga e surge como uma região, a princípio, mais precária, a partir de invasões, loteamentos e conjuntos habitacionais, mas que se consolida ao longo do tempo. O Imbuí já é uma região mais recente e é marcada por diversos condomínios de classe média, onde o mercado imobiliário tem um grande poder. A estrutura urbana é muito fragmentada, com muros altos dos condomínios e pouca vida social nas ruas. Por causa disso, a Boca do Rio tem uma vida de bairro mais interessante.”

César Matos também justifica a maciça especulação imobiliária no Imbuí em relação ao bairro popular vizinho pela presença de residências de grande porte. “Por aparentar ter uma vida de bairro menos desenvolvida, em função dos grandes condomínios e de seus muros altos, o Imbuí é uma área sem muita identidade, um bairro pouco interessante. Talvez o Imbuí seja um bom exemplo de como o mercado imobiliário produz áreas urbanas sem qualidade de vida social, com a conivência do poder público”, conclui o arquiteto. Ainda segundo ele, as duas localidades são integradas de alguma forma, apesar das aparentes diferenças entre elas.

Um “labirinto” de serviços

Hoje, a Boca do Rio possui uma área de cerca de 14.400 m² entre Armação, Pituaçu e Imbuí e é ocupada por mais de 90 mil habitantes, segundo dados coletados por A Tarde. Esse surto de desenvolvimento aconteceu devido a vários fatores socioeconômicos, além da própria urbanização de Salvador ocorrida nas últimas quatro décadas. Como consequência do seu espontâneo crescimento, o bairro possui residências de diferentes estilos e um “labirinto” de estabelecimentos comerciais e de serviços, que funcionam diariamente para atender às exigências dos moradores. Nele estão presentes, entre outros, supermercados, mercadinhos, padarias, lojas de móveis e de materiais de construção, bares, restaurantes, lanchonetes, açougues, abatedouros, farmácias, óticas, armarinhos, barracas, bancas de revistas e os shopping centers Multishop e Aeroclube Plaza Show.

O comércio é a atividade econômica predominante na Boca do Rio, com dezenas de estabelecimentos presentes. No alto, à esquerda, o Armarinho Linha de Ouro, o primeiro do bairro; no alto, à direita, uma assistência técnica, uma loja de modas e um restaurante; acima, outra loja de modas, a Pastelaria Paulista e a Pizzaria Encontros
(Fotos: Hugo Gonçalves)

“O bairro melhorou muito. Tem tudo. Se a gente não quiser ir à cidade, não tem necessidade, porque tem bancos, mercados, lojas de móveis, armarinhos, mercadinhos, e outros. Temos ônibus, que antigamente não tinha, e que a gente pegava ou na orla ou na Bolandeira. Hoje em dia, tem dois postos de saúde, sendo que um possui emergência, e tem laboratórios pagos pelo Sus. Quanto às negativas, só a violência cresceu um pouco, mas, com tudo isso, é um bairro muito bom”, diz Marinalva, referindo-se aos melhoramentos realizados no local nos últimos anos.

Um posto do Serviço Municipal de Intermediação de Mão de Obra (Simm) foi inaugurado, de acordo com seu site, em abril do ano passado, com o objetivo de oferecer novas oportunidades de emprego à comunidade e suas adjacências. Um dos mais importantes centros comerciais da região, o Multishop possui, segundo o jornal A Tarde, um posto do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC), para que os serviços públicos sejam acessíveis a seus moradores. Além disso, ainda segundo A Tarde, estão instalados, no shopping, lojas de diversos ramos, um tabelionato do Tribunal de Justiça e duas agências bancárias.

O Aeroclube Plaza Show, conforme descrito em A Tarde, foi inaugurado em outubro de 1999, trazendo para Salvador um conceito inédito de entretenimento que, integrado às compras, impulsionou o comércio e o turismo. Mais tarde, o perigo e a insegurança dominaram o cotidiano no shopping. A maioria das suas lojas foi fechada ao longo dos anos, principalmente em razão da falta de segurança. Apesar disso, reúne, segundo o jornal, cerca de 130 estabelecimentos, entre restaurantes, lanchonetes, dez salas de cinema, serviços, bancos e farmácias. Em 2007, com a ideia de transformá-lo em shopping tradicional, foi instalada uma filial das Lojas Americanas.

Ao lado do Aeroclube, há o Parque Atlântico, projeto iniciado na década de 90 pela então prefeita Lídice da Mata, hoje deputada federal (PSB), no antigo Aeroclube da Bahia. Os primeiros passos para sua implantação, de acordo com A Tarde, foram a decisão da Prefeitura para que o terreno seja reutilizado como área de lazer, e as reuniões de moradores em associações comunitárias. Entretanto, conforme o jornal, o parque encontra-se abandonado. O espaço é administrado por uma parceria entre a Prefeitura de Salvador e o Consórcio Parques Urbanos.

As pessoas se sentem muito felizes, satisfeitas e orgulhosas em viver na Boca do Rio, ajudando a construir sua história e a enriquecê-la. Apesar de existirem muitos problemas, como a violência, o desemprego e as faltas de saneamento e de pavimentação em alguns logradouros, o local apresenta uma significativa tranquilidade, um comércio bom e diversificado, várias opções de diversão e ótimos serviços oferecidos. “É um bairro bom, onde tem tudo. Mesmo com toda violência, é um bairro onde a gente vive bem”, orgulha-se Marinalva.

Comentários

Hugo Gonçalves disse…
Estou supersatisfeito em viver na Boca do Rio e admirar a paisagem, os moradores (incluindo meus vizinhos), o comércio, os serviços e as opções de lazer presentes no bairro, já que eu comecei a morar aqui há exatos 20 anos.

Quando passei a morar na Boca do Rio, tinha apenas um ano. Hoje, tenho 21 anos (vou completar 22 em agosto) e serei um jornalista bem formado intelectualmente.
Chirley disse…
Oi, Hugo parabéns pela reportagem sobre a boca do rio, eu estou morando nesse bairro a pouco mas de 2 anos e precisei fazer um trabalho sobre ele seu material foi de grande valia, parabéns...
e Uma feliz e abençoada carreira.
Unknown disse…
Olá, Hugo, fiquei contente por ter encontrado esse seu relato sobre a Boca do Rio. Sou uma das paulistanas que, no início dos anos 70, morou no bairro com mais uma turma. Lembro que atravessávamos a pista de pouso do Aeroclube para chegar à praia (tinhamos de olhar para o final da pista e para o céu pra ver se não vinha nenhum avião). Eu também fazia a feira de São Joaquilm. Só senti falta, no seu relato, dos artistas e das galerias de arte daquele tempo. Muitos viviam da pintura e da escultura, comercializadas em pequenas galerias já na avenida da orla. Isso o bairro não tem mais? Faltou dizer também que foi Gilberto Gil quem botou a Boca do Rio na boca do povo, com seu Domingo no Parque. Acho que se eu voltar aí hoje, não reconhecerei mais nada... Acho que prefiro ficar com a Boca do Rio que guardo na memória.
Unknown disse…
oi Hugo muito bom seu documentário sobre o nosso barrio eu só morado da boca do rio a 23 anos e é um dos melhores barrios de salvador as prais o parque de pituacu eu moro no jardim imperial valeu.