Foi bom passar um início de tarde em Itapuã!

Hugo Gonçalves – Jornalista (SRTE/BA 4507)

14 de fevereiro de 2021

Atualizada às 20h55

 

Este jornalista, tendo o Farol e a praia de Itapuã em segundo plano, ao visitá-la neste domingo
Selfie de Hugo Gonçalves – 14/02/2021

 

Manhã alegre de um domingo de Carnaval aqui na Soterópolis, porém sem o esplêndido manto da maior e uma das mais célebres festas de rua do planeta. Uma cidade quase fantasma e parcialmente deserta, onde as pessoas estão reclusas em suas residências para evitar aglomerações e, ao mesmo tempo, novas contaminações. Embora estejamos já em 2021, cada um de nós vem aproveitando a ocasião momesca encontrando prováveis alternativas aceitas em uma conjuntura restritiva.

Para fugir por alguns instantes do isolamento característico desta pandemia que impede a realização da folia, bem como de outros eventos e festividades sazonais, resolvi apreciar com tranquilidade os encantos de um fragmento da nossa orla marítima que tanto admiro. Passear na praia de Itapuã, com o Farol e seu entorno requalificado, me trouxe um respiro nesta presente época de incertezas e negacionismos, quando saímos de nossas casas apenas por necessidade.

Ao caminhar pelo atraente calçadão de concreto que recentemente contorna um dos famosos trechos litorâneos da nossa cidade, observei uma parca presença de seres humanos circulando por lá, respeitando metros ou quilômetros em matéria de distanciamento. Entre eles, praticantes de atividades físicas, vendedores ambulantes, comerciantes de quiosques de alvenaria que substituíram as antiquadas barracas e demais cidadãos comuns anônimos, em grande parte passageiros.

O inverso se manifestou nas areias cuja sensação térmica, apesar de aquecer os pés dos banhistas, é comparável à de um forno que libera temperaturas elevadas. São pessoas se agregando timidamente, fazendo as suas “festas” – ou seja, suas diversões – particulares em pequenos agrupamentos, ou alojando-se em sombreiros para exorcizar o calor emanado das altas irradiações que queimam a nossa pele, com probabilidades evidentes de causar câncer.

Já eu, me valendo da paciência que produz bons fluidos, com especial atenção para o meu irrenunciável equilíbrio interior, prossegui meu pacífico itinerário por Itapuã resgatando o convívio com o aspecto urbano e, essencialmente, com o natural. Quão majestosas e incontáveis as belezas que há decênios tornam essa pacata porção de cidade divina e musicalmente reconhecida – os coqueirais, a areia, as águas, as ondas, a brisa, o vento, o céu... Quanta prosa e poesia em profusão existem nesse lugar!

Sem falar na sólida e monumental cadeia de rochas bem próxima ao Farol, esculpida por força do Criador, resistente a possíveis turbulências e que proporciona uma fascinante obra de arte ao constituir o relevo que emoldura a praia. Como as rochas também “moldam” conjuntos de piscinas naturais, tal como acontecem em outros litorais, essas superfícies rígidas localizadas em meio ao mar garantem espaço cativo por esse trecho de orla de Salvador, que também é um dos mais visitados.

Baseando-se nos versos de Vinícius de Moraes – ilustre morador da região –, foi bom para mim passar durante horas um plácido começo de tarde em Itapuã, a fim de saciar minha saudade voraz, provocada pelo isolamento de quase um ano, de testemunhar um dos exuberantes cenários que tecem a nossa paisagem. Mas, em breve e sempre atento aos cuidados para me prevenir do contágio, terei as oportunidades subsequentes de revisitar os nossos demais cartões-postais e admirá-los novamente.

Comentários

Celino disse…
Excelente reportagem, com um vocabulário muito rico, cheio de palavras usadas por pessoas muito culta. Parabéns.