Papa Francisco pede acesso universal a vacinas contra Covid-19

Alerta feito pelo pontífice durante mensagem de Natal ocorre em meio a preocupações de que há um descompasso entre países ricos e pobres na compra de imunizantes

Com informações das agências Reuters e BBC News Brasil

Matéria atualizada às 23h28


Devido a pandemia do novo coronavírus, discurso natalino do Papa foi transmitido em formato virtual
Divulgação/Vatican News

 

Em sua mensagem de Natal proferida nesta sexta-feira (25), o Papa Francisco defendeu que os países obtenham acesso irrestrito e universal às vacinas contra a Covid-19. O apelo do pontífice se manifestou em meio às preocupações de que as nações mais ricas do planeta estão comprando doses desproporcionais dos imunizantes, em detrimento das mais pobres.

Diferentemente de anos anteriores, as circunstâncias geradas pelo novo coronavírus fizeram com que Francisco celebrasse a tradicional bênção Urbi et Orbi – dirigida à cidade de Roma e ao mundo – em um púlpito situado dentro de um salão no Vaticano, em vez de se dirigir a milhares de fiéis na varanda da Basílica de São Pedro.

A pandemia e seus reflexos sociais e econômicos foram a tônica da mensagem natalina, que pela primeira vez passou a ser transmitida em formato online. No discurso, o líder da Igreja Católica apelou para uma necessidade maior de união global neste período conturbado, bem como pediu paz e reconciliação nas nações fragilizadas por diversos conflitos e crises humanitárias – como o Iraque, devastado por guerras, para onde irá viajar em março.

“Neste momento da História, marcado pela crise ecológica e por sérios desequilíbrios econômicos e sociais agravados pela pandemia de coronavírus, é ainda mais importante que nos reconheçamos como irmãos e irmãs”, declarou o Papa, suplicando ainda generosidade e assistência às vítimas da Covid-19, inclusive as mulheres que sofrem violência doméstica durante o isolamento social.

Enfrentamento ao “nacionalismo”

Ao enfatizar que a saúde se trata de uma questão de ordem internacional, Francisco criticou o chamado “nacionalismo da vacina”. Portanto, autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU) temem que a corrente crise sanitária poderá atingir o seu pior nível caso os países subdesenvolvidos recebam as doses do imunizante por último.

O pontífice alertou às lideranças mundiais que os “muros” desse “nacionalismo” não podem ser construídos, a fim de combater uma pandemia cujas fronteiras são irreconhecíveis.

“Que o Filho de Deus renove nos dirigentes políticos e governamentais um espírito de cooperação internacional, a começar pela saúde, para que todos tenham acesso a vacinas e tratamento. Diante de um desafio que não conhece fronteiras, não podemos erguer muros. Todos nós estamos no mesmo barco”, discursou.

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