Série “Bahia de fé” aborda diversidade religiosa no estado

Proposta da produção audiovisual exibida na TVE é estimular convivência entre diferentes crenças em um território tão plural, bem como investigar relações entre espiritualidade e as cinco fases da nossa vida

Com informações da matéria exibida no programa Soterópolis, da TVE Bahia, e da assessoria de comunicação do Irdeb

Matéria atualizada em 12 de outubro de 2020, às 19h48


Com cinco episódios semanais, série documental baiana demonstra que há mais semelhanças do que diferenças nas bases filosóficas das religiões
Reprodução/YouTube/TVE Bahia


Abordar o panorama religioso de um estado cristalizado pela multiplicidade de crenças e tecer um paralelo entre a espiritualidade e cada etapa da vida humana. Com fundamentação nessas premissas, a série documental Bahia de fé, que está sendo exibida na TV Educativa (TVE, canal 10.1 HD), focaliza ainda o exercício da religiosidade do povo baiano como elemento marcante da sua diversa identidade cultural.

Segundo a assessoria de imprensa do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb) – fundação pública estadual à qual a emissora pertence –, a produção audiovisual baiana, com cinco episódios semanais de 26 minutos, produzidos pela Santo Guerreiro Cine VT e dirigidos por Jorge Felippi e Marcela da Costa, “amplia a perspectiva de que existem mais semelhanças do que diferenças nas bases filosóficas das instituições religiosas”.

Bahia de fé, cuja estreia ocorreu em 15 de setembro último, tem como objetivos estimular o diálogo inter-religioso e tratar de questões contemporâneas inerentes às cinco fases da vida, focalizadas em cada episódio – Infância, Juventude, Maturidade, Velhice e Morte –, em interação com a espiritualidade. Com um rico conteúdo cultural, a série se vale da dança, do canto de coral, da contação de histórias e das ilustrações, além de trazer depoimentos de especialistas, líderes religiosos e praticantes.

Em entrevista ao programa Soterópolis, veiculado pela própria TVE, o roteirista Aléxis Góis explicou que o projeto nasceu de uma pesquisa muito extensa e consolidada da jornalista e pesquisadora Cleidiana Ramos, que coassinou o roteiro. “Basicamente, a gente teve a oportunidade de ter o convívio e de conversar com diversas lideranças religiosas e diversos especialistas sobre espiritualidade, e de como ela se relaciona com cada fase da vida”, disse.

Na acepção de Cleidiana, as religiões se divergem em alguns princípios, sobretudo no tocante ao ensinamento da doutrina moral. De modo geral, porém, essas divergências se manifestam a respeito do entendimento das instituições religiosas sobre o sagrado e da relação deste com o humano, sempre considerando as virtudes que fortalecem os vínculos com o meio ambiente e outros grupos culturais e sociais.

“Elas (as religiões), na verdade, se concordam com muita coisa, principalmente de uma natureza de entender o sagrado como uma expressão do amor”, argumentou, também em depoimento ao Soterópolis.


Para roteirista, admitir boas práticas de diálogo entre as mais variadas crenças é necessário
Reprodução/YouTube/TVE Bahia


Diálogo entre crenças é essencial

A corroteirista de Bahia de fé apontou ainda um fator essencial em um estado plural como o nosso, que é a necessidade de tolerar as boas práticas de conciliação entre as mais variadas crenças, “mas que nem por isso se deixa de ter a vontade de conhecer como a outra crença se coloca diante de determinadas situações – até, sim, debater dentro do respeito, mas principalmente combater o ódio religioso”.

“O nosso ponto de partida para construir essa série em cinco episódios era exatamente esse, de mostrar o quanto o diálogo e a busca de conhecer e de quanto se estar aberto para o diferente aproxima, talvez, muito mais do que a gente entende como sagrado, independentemente do nome que ele receba nas mais diferentes crenças”, sublinhou Cleidiana Ramos.

De acordo com ela, o desafio ao produzir a série documental era mostrar o complexo horizonte religioso da Bahia, em cujo extenso território coexistem múltiplas representações de fé. Elas vão desde as religiões mais conhecidas – como o Catolicismo e outros desdobramentos do Cristianismo –, passando pelas de matriz afro-brasileira, principalmente o Candomblé, até representações do Islamismo, do Judaísmo e da bruxaria tradicional celta.

“Então, o nosso desafio era mostrar toda essa diversidade religiosa, que só diz o quanto esta Bahia também consegue ser multiétnica e multidiversa quando é questão de fé”, justificou Cleidiana. O último episódio, intitulado Morte, será veiculado nesta terça-feira (13), às 20 h, com reapresentações na sexta-feira (16), às 7h15, e no sábado (17), às 18 h.

Bahia de fé é o segundo produto contemplado pelo Bahia na Tela, maior edital de fomento à produção audiovisual para a televisão do estado que captou R$ 20 milhões para a realização de obras exibidas na TVE, mediante parceria entre o Irdeb e a Agência Nacional do Cinema (Ancine), via Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). A primeira produção agraciada com a iniciativa foi a série Comida aqui é mato!, sobre a gastronomia baiana feita a partir das plantas alimentícias não convencionais (PANCs).


Assista, abaixo, à entrevista com Aléxis Góis, corroteirista de Bahia de fé, concedida a distância ao apresentador Raoni Oliveira para o TVE Revista, quando da estreia da série documental, em 15 de setembro deste ano.

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