Altas no óleo de soja e arroz puxam aumento da inflação em 0,64%

Grupo dos alimentos registrou maior variação no índice oficial de setembro, estimada em 2,28%, aponta IBGE

Com informações da Agência IBGE de Notícias

Matéria atualizada às 23h14


Preços do óleo (acima) e do arroz (abaixo) no mês passado tiveram aumentos de 27,54% e de quase 18%, respectivamente
Divulgação (óleo de soja) e Helena Pontes/Agência IBGE de Notícias (arroz)


Mais uma vez a alta nos preços dos alimentos, com destaque para o óleo de soja e o arroz, puxou a inflação em setembro, registrando um aumento disparado de 0,64% frente a agosto (0,24%). Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) responsável por calcular a inflação oficial no País.

Entre os nove grupos pesquisados, tanto a maior variação (2,28%) quanto o maior impacto (0,46 pontos percentuais) no IPCA do mês passado foram atribuídos à Alimentação e bebidas. Os resultados aceleraram em relação ao verificado em agosto (0,78%), impulsionados principalmente pelo subgrupo Alimentos para consumo no domicílio (2,89%), com o incremento nos preços do óleo de soja (27,54%) e do arroz (17,98%).

No acumulado do ano, segundo o IBGE, o óleo e o arroz já vinham registrando altas de 51,30% e 40,69%, respectivamente. Ambos os produtos, em conjunto, tiveram um impacto maior (0,16 p. p.) do que as carnes, cuja variação anual foi estimada em 4,53%.

O gerente do IPCA, Pedro Kislanov, disse que o dólar alto contribui para o aumento nos preços do arroz e do óleo de soja. “O câmbio num patamar mais elevado estimula as exportações. Quando se exporta mais, reduz os produtos para o mercado doméstico e, com isso, temos uma alta nos preços”, explicou.

Ainda de acordo com o pesquisador, outro fator determinante é a maior demanda interna, “que por conta dos programas de auxílio do governo, como o auxílio emergencial, tem ajudado a manter os preços num patamar elevado”. “No caso do grão de soja (matéria-prima do óleo), temos ainda forte demanda da indústria de biodiesel”, frisou Kislanov.

Cebola e batata tiveram maiores quedas

Também registraram altas na cesta básica, em setembro, o tomate (11,72%) e o leite longa vida (6,01%). Na contramão, houve recuos nos preços da cebola (-11,80%), da batata-inglesa (-6,30%), do alho (-4,54%) e das frutas (-1,59%).

Além de Alimentação e bebidas, seis dos nove grupos investigados pelo IPCA também obtiveram variações positivas no mês passado, merecendo destaque para Artigos de residência (1,00%), Transportes (0,70%) – impulsionado pelas altas nos preços dos combustíveis em todas as 16 regiões pesquisadas, com exceção de Salvador, onde houve queda de -6,04% – e Habitação (0,37%).

Depois de quatro meses consecutivos apresentando quedas, o grupo Vestuário voltou a aumentar em setembro, com variação de 0,37% e impacto de 0,2 p. p. Já Comunicação (0,15%) e Despesas pessoais (0,09%) tiveram os menores resultados positivos do mês. Os recuos, entretanto, couberam aos grupos Saúde e cuidados pessoais (-0,64%) e Educação (-0,09%).

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