O jornalismo nas ondas do rádio
Hugo Gonçalves e Laís Amorim
O radiojornalismo também é chamado gênero jornalístico ou informativo. Segundo Eduardo Vicente (2004), as estações de rádio buscam transmitir aos ouvintes as informações de forma mais atualizada e abrangente possível. No entanto, alguns autores costumam subdividir esse segmento radiofônico em dois gêneros visivelmente distintos – o jornalístico propriamente dito, em que as notícias teriam mais isenção e objetividade, e o opinativo, no qual haveria maior subjetividade.
Gisela Ortriwano (2002-2003) considera que “o jornalismo esteve presente no rádio desde as primeiras experiências de exploração da radiodifusão” (p. 67). Conforme Taparelli (2002-2003), o radiojornalismo em nível global teve como marco inaugural a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), que praticamente estabeleceu o rádio no campo jornalístico, pelo fato de a transmissão radiofônica superar em agilidade qualquer outro meio.
Nesse período, os primeiros jornalistas que trabalhavam nesse veículo usavam gravadores magnéticos, com um fio metálico. Esses equipamentos rudimentares também foram precursores dos rádios que apareceram no pós-guerra, “enriquecendo a técnica de registro, edição e preservação dos acontecimentos de significado histórico [...].” (TAPARELLI, 2002-2003, p. 18)
No Brasil, a radiodifusão foi inaugurada oficialmente no dia 7 de setembro de 1922, na cidade do Rio de Janeiro, à época capital do país, como parte das comemorações do centenário da Independência.
O Repórter Esso, que se tornou lendário por seu célebre slogan “testemunha ocular da história” e foi transmitido entre 1941 e 1968, e o Grande Jornal Falado Tupi, com uma hora diária de duração, “começaram a definir o embrião do radiojornalismo nacional, que vinha tentando firmar-se desde 1925” (SAMPAIO, 1971, p. 22). No Brasil, a especialização veio a partir de meados da década de 1970, ganhando força alguns anos depois. Dentre as várias especialidades no jornalismo, para Ortriwano (2002-2003), surgiram as rádios all news, que apresentam somente notícias, e as talk & news, em que o espectro de formatos jornalísticos é vasto, englobando notícias, entrevistas, comentários e outros.
Vicente (2004) classifica o gênero jornalístico ou informativo explicando cada um dos seguintes formatos: a nota, o boletim, a reportagem, a entrevista, a externa, a crônica, o debate, o radiojornal, o documentário radiofônico e os programas esportivos. A nota é um informe curto, com duração de aproximadamente 30 segundos, e redigido sucintamente, a respeito de um fato ou acontecimento. Já o boletim, também de curta duração, com no máximo 5 minutos, é apresentado com frequência e traz uma síntese das principais notícias do dia. Matéria específica e de maior fôlego sobre um determinado tema, a reportagem pode abrir espaço para a inclusão de entrevistas, de externas, do ponto de vista do repórter, de background (BG) ou fundo musical, entre outros elementos.
A entrevista consiste no depoimento dado a um ou mais repórteres, seja em estúdio, seja em externas. Para elaborar as perguntas e conduzir a entrevista, são esperadas do repórter duas qualidades essenciais, a isenção e a objetividade. Feita a partir do próprio local do acontecimento, a externa é uma matéria que visa não apenas levar ao ouvinte as informações mais recentes, mas também o clima e a ambientação do local onde os fatos estão ocorrendo. Dentro desse formato, “as descrições do repórter, suas impressões sobre o que acontece ao seu redor e os depoimentos que consegue obter assumem grande importância” (VICENTE, 2004, p. 2).
Podendo ser esportivas, políticas, culturais, de moda, de comportamento, entre outras especificidades, as crônicas se caracterizam pela liberdade do autor em selecionar o tema e expressar seus pontos de vista pessoais acerca do assunto nelas evidenciado. O foco da crônica, desse modo, está mais para “a persona do autor/apresentador” (VICENTE, 2004, p. 3) do que para a notícia em si. Também conhecido como mesa redonda, o debate congrega personalidades de diferentes segmentos da sociedade, de preferência especialistas num determinado assunto. As personalidades, mediadas por um apresentador, expressam suas opiniões divergentes sobre um ou vários temas. O debate pode incluir ainda a participação dos ouvintes.
O radiojornal é um programa dividido em várias seções que “congrega e produz outros formatos jornalísticos, como as notas, notícias, reportagens, comentários e crônicas” (BARBOSA FILHO, 2003, p. 100). Há, ainda, o documentário radiofônico, um formato híbrido que pode incorporar elementos derivados de todos os gêneros jornalísticos. Essa incorporação faz com que o documentário possa “incluir entrevistas, depoimentos pessoais, opiniões e dramatização de textos e acontecimentos” (VICENTE, 2004, p. 3). Para isso, necessita do uso de música e efeitos sonoros.
Encerrando a categorização do jornalismo radiofônico, vêm os programas esportivos, que, na acepção de Vicente (2004), são produzidos segundo formatos jornalísticos tradicionais – bate-bola, boletim, entre outros – ou transmitidos in loco, como as transmissões de competições de diferentes modalidades, a exemplo do futebol e das corridas de cavalo.
Referências
BARBOSA FILHO, André. Gêneros radiofônicos: os formatos e os programas em áudio. São Paulo: Paulinas, 2003.
ORTRIWANO, Gisela Swetlana. Radiojornalismo no Brasil: fragmentos de história. In: Revista USP, São Paulo, n. 56, p. 66-85, dez./fev. 2002-2003.
SAMPAIO, Walter. Jornalismo audiovisual: teoria e prática do jornalismo no rádio, TV e cinema. Petrópolis (RJ): Vozes; São Paulo: EUSP, 1971.
TAPARELLI, Carlos Henrique Antunes. A evolução tecnológica do rádio. In: Revista USP, São Paulo, n. 56, p. 16-21, dez./fev. 2002-2003.
VICENTE, Eduardo. Gêneros e formatos radiofônicos. São Paulo: Núcleo de Comunicação e Educação, Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, 2004.
O radiojornalismo também é chamado gênero jornalístico ou informativo. Segundo Eduardo Vicente (2004), as estações de rádio buscam transmitir aos ouvintes as informações de forma mais atualizada e abrangente possível. No entanto, alguns autores costumam subdividir esse segmento radiofônico em dois gêneros visivelmente distintos – o jornalístico propriamente dito, em que as notícias teriam mais isenção e objetividade, e o opinativo, no qual haveria maior subjetividade.
Gisela Ortriwano (2002-2003) considera que “o jornalismo esteve presente no rádio desde as primeiras experiências de exploração da radiodifusão” (p. 67). Conforme Taparelli (2002-2003), o radiojornalismo em nível global teve como marco inaugural a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), que praticamente estabeleceu o rádio no campo jornalístico, pelo fato de a transmissão radiofônica superar em agilidade qualquer outro meio.
Nesse período, os primeiros jornalistas que trabalhavam nesse veículo usavam gravadores magnéticos, com um fio metálico. Esses equipamentos rudimentares também foram precursores dos rádios que apareceram no pós-guerra, “enriquecendo a técnica de registro, edição e preservação dos acontecimentos de significado histórico [...].” (TAPARELLI, 2002-2003, p. 18)
No Brasil, a radiodifusão foi inaugurada oficialmente no dia 7 de setembro de 1922, na cidade do Rio de Janeiro, à época capital do país, como parte das comemorações do centenário da Independência.
(...) O discurso de abertura da Exposição Internacional do Rio de Janeiro, feito pelo (então) presidente da República Epitácio Pessoa, foi transmitido pelos 80 receptores especialmente importados para a ocasião (a Westinghouse havia instalado uma emissora, cujo transmissor, de 500 watts, estava localizado no Alto do Corcovado). (ORTRIWANO, 2002-2003, p. 68)Segundo a autora, o jornalismo cumpriu seu papel noticiando sucintamente, no dia seguinte, pelo jornal carioca A Noite, o acontecimento sob o título “Um sucesso de Radiotelephonia e Telephone Auto-falante” (sic). Com o fim das comemorações, as transmissões radiofônicas foram interrompidas, mas em 1923, também no Rio, ressuscitaram no país por iniciativa do antropólogo Edgard Roquette-Pinto (1884-1954). A ele se deve a criação e a apresentação do primeiro jornal de rádio brasileiro, já no início das atividades da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, da qual foi um dos fundadores (ORTRIWANO, 2002-2003).
O Repórter Esso, que se tornou lendário por seu célebre slogan “testemunha ocular da história” e foi transmitido entre 1941 e 1968, e o Grande Jornal Falado Tupi, com uma hora diária de duração, “começaram a definir o embrião do radiojornalismo nacional, que vinha tentando firmar-se desde 1925” (SAMPAIO, 1971, p. 22). No Brasil, a especialização veio a partir de meados da década de 1970, ganhando força alguns anos depois. Dentre as várias especialidades no jornalismo, para Ortriwano (2002-2003), surgiram as rádios all news, que apresentam somente notícias, e as talk & news, em que o espectro de formatos jornalísticos é vasto, englobando notícias, entrevistas, comentários e outros.
Vicente (2004) classifica o gênero jornalístico ou informativo explicando cada um dos seguintes formatos: a nota, o boletim, a reportagem, a entrevista, a externa, a crônica, o debate, o radiojornal, o documentário radiofônico e os programas esportivos. A nota é um informe curto, com duração de aproximadamente 30 segundos, e redigido sucintamente, a respeito de um fato ou acontecimento. Já o boletim, também de curta duração, com no máximo 5 minutos, é apresentado com frequência e traz uma síntese das principais notícias do dia. Matéria específica e de maior fôlego sobre um determinado tema, a reportagem pode abrir espaço para a inclusão de entrevistas, de externas, do ponto de vista do repórter, de background (BG) ou fundo musical, entre outros elementos.
A entrevista consiste no depoimento dado a um ou mais repórteres, seja em estúdio, seja em externas. Para elaborar as perguntas e conduzir a entrevista, são esperadas do repórter duas qualidades essenciais, a isenção e a objetividade. Feita a partir do próprio local do acontecimento, a externa é uma matéria que visa não apenas levar ao ouvinte as informações mais recentes, mas também o clima e a ambientação do local onde os fatos estão ocorrendo. Dentro desse formato, “as descrições do repórter, suas impressões sobre o que acontece ao seu redor e os depoimentos que consegue obter assumem grande importância” (VICENTE, 2004, p. 2).
Podendo ser esportivas, políticas, culturais, de moda, de comportamento, entre outras especificidades, as crônicas se caracterizam pela liberdade do autor em selecionar o tema e expressar seus pontos de vista pessoais acerca do assunto nelas evidenciado. O foco da crônica, desse modo, está mais para “a persona do autor/apresentador” (VICENTE, 2004, p. 3) do que para a notícia em si. Também conhecido como mesa redonda, o debate congrega personalidades de diferentes segmentos da sociedade, de preferência especialistas num determinado assunto. As personalidades, mediadas por um apresentador, expressam suas opiniões divergentes sobre um ou vários temas. O debate pode incluir ainda a participação dos ouvintes.
O radiojornal é um programa dividido em várias seções que “congrega e produz outros formatos jornalísticos, como as notas, notícias, reportagens, comentários e crônicas” (BARBOSA FILHO, 2003, p. 100). Há, ainda, o documentário radiofônico, um formato híbrido que pode incorporar elementos derivados de todos os gêneros jornalísticos. Essa incorporação faz com que o documentário possa “incluir entrevistas, depoimentos pessoais, opiniões e dramatização de textos e acontecimentos” (VICENTE, 2004, p. 3). Para isso, necessita do uso de música e efeitos sonoros.
Encerrando a categorização do jornalismo radiofônico, vêm os programas esportivos, que, na acepção de Vicente (2004), são produzidos segundo formatos jornalísticos tradicionais – bate-bola, boletim, entre outros – ou transmitidos in loco, como as transmissões de competições de diferentes modalidades, a exemplo do futebol e das corridas de cavalo.
Referências
BARBOSA FILHO, André. Gêneros radiofônicos: os formatos e os programas em áudio. São Paulo: Paulinas, 2003.
ORTRIWANO, Gisela Swetlana. Radiojornalismo no Brasil: fragmentos de história. In: Revista USP, São Paulo, n. 56, p. 66-85, dez./fev. 2002-2003.
SAMPAIO, Walter. Jornalismo audiovisual: teoria e prática do jornalismo no rádio, TV e cinema. Petrópolis (RJ): Vozes; São Paulo: EUSP, 1971.
TAPARELLI, Carlos Henrique Antunes. A evolução tecnológica do rádio. In: Revista USP, São Paulo, n. 56, p. 16-21, dez./fev. 2002-2003.
VICENTE, Eduardo. Gêneros e formatos radiofônicos. São Paulo: Núcleo de Comunicação e Educação, Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, 2004.
Comentários