‘‘Live’’ debate os primórdios da imprensa baiana, que chega aos 210 anos
IGHB e ABI promovem, nesta sexta-feira, evento virtual em comemoração ao início da atividade jornalística na Bahia, ocorrido em 14 de maio de 1811
Hugo Gonçalves
Salvador, 8 de maio de 2021, véspera do Dia das Mães
Com informações do release
produzido pela assessoria de comunicação da Associação Bahiana de Imprensa
(ABI), republicado no portal do IGHB
Matéria atualizada em 10 de maio de 2021, às 15h58
No dia 14 de maio de 1811, o visionário português Manuel Antônio da Silva Serva (1760?-1819) começou a publicar, em sua tipografia instalada em Salvador, o Idade d’Ouro do Brazil (sic), primeiro jornal impresso na Bahia. Para comemorar os 210 anos do advento da atividade jornalística no estado, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) e a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) irão promover nesta sexta-feira (14), às 15 h, a live “O nascimento da imprensa na Bahia: 210 anos do jornal Idade d’Ouro do Brazil e 200 anos do Diário Constitucional”.
O evento virtual, que será transmitido pelo canal do IGHB no YouTube, reunirá quatro jornalistas e pesquisadores do assunto. Na oportunidade, eles irão debater as circunstâncias históricas que propiciaram o surgimento dos primeiros jornais – o já citado Idade d’Ouro (1811-1823) e o Diário Constitucional (1821-1822) –, bem como tecer uma análise do conteúdo das suas respectivas edições e discutir os impactos que a imprensa, em seus primórdios, provocou na sociedade colonial baiana.
Confirmaram presença na live o jornalista Leão Serva, descendente em linha direta de Silva Serva – pioneiro da indústria gráfico-editorial privada brasileira, sendo fundador e proprietário da tipografia onde era impresso o segundo periódico do País; o historiador e professor da Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob), Pablo Magalhães; e o jornalista Nelson Varón Cadena, diretor de Cultura da ABI. Já a moderação caberá ao também jornalista Jorge Ramos, na condição de pesquisador do IGHB.
Marco inaugural da imprensa brasileira, a Gazeta do Rio de Janeiro circulou pela primeira vez em 10 de setembro de 1808, na então capital da colônia. Em suas páginas, o jornal se limitava a publicar, além de notícias transcritas de jornais europeus, atos oficiais e administrativos editados pelo príncipe regente Dom João (mais tarde rei Dom João VI, 1767-1826) – que ocupava o trono de Portugal em decorrência da incapacidade mental de sua mãe, a rainha Dona Maria I (1734-1816).
Já o Idade d’Ouro do Brazil, apesar de implantado pela iniciativa privada, era publicado “com autorização do Governo da Bahia”, conforme constava em sua epígrafe. Assim como a Gazeta do Rio de Janeiro, o primeiro jornal produzido em solo baiano publicava atos oficiais da Coroa lusitana, defendendo seus interesses, além de ter uma equipe de redatores que simultaneamente exerciam o papel de censores.
Segundo a assessoria de
comunicação da ABI, em release
reproduzido no portal do IGHB, o Idade d’Ouro “media 17 centímetros,
tinha quatro páginas e era publicado duas vezes por semana (às terças e
sextas-feiras). Durante a guerra pela Independência do Brasil se posicionou
contra os brasileiros e sintomaticamente circulou até junho de 1823”.
O que será debatido
Tataraneto de Manuel Antônio da Silva Serva, o jornalista Leão Serva irá participar da live direto de São Paulo, cidade onde mora e atua como diretor de jornalismo da TV Cultura. Além de imprimir o Idade d’Ouro do Brazil e posteriormente outros jornais, a pioneira tipografia de Silva Serva produzia formulários e impressos de diferentes categorias. Entre eles estava a primeira revista brasileira, As Variedades ou Ensaios de Literatura, lançada em 1812.
O historiador, pesquisador e docente Pablo Magalhães irá discorrer acerca das circunstâncias decisivas para a instalação da imprensa na Bahia. Além disso, Pablo irá expor um perfil biográfico de Silva Serva e discutir sobre a atuação desempenhada pelos primeiros jornais baianos durante as batalhas que conduziram à Independência do Brasil, entre junho de 1822 e julho de 1823.
Diretor de Cultura da ABI, o jornalista, publicitário e pesquisador Nelson Varón Cadena abordará a história de um outro jornal baiano do mesmo período, o Diário Constitucional – que surgiu há quase 200 anos, em 4 de agosto de 1821. A publicação que perdurou por apenas um ano foi o primeiro órgão de imprensa no Brasil a se opor ao governo, criticando o comandante das tropas de Portugal, tenente-coronel Inácio Luís Madeira de Melo (1775-1833), e a Junta que administrava a então província.
Ao contrário do Idade d’Ouro, o Diário Constitucional reivindicava a união das províncias em torno do príncipe regente Dom Pedro (1798-1834) – que governava o Brasil em nome do pai, o rei Dom João VI. “Essa posição chocava-se com as decisões do Parlamento (‘Cortes’), que em Lisboa preparava a primeira Constituição portuguesa e não queria o Brasil independente”, explicou o release de divulgação do evento.
O segundo jornal produzido na Bahia defendia ainda a liberdade de imprensa, bem como a existência de um governo nacional autônomo, comandado pelo então futuro imperador.
Empastelado por soldados portugueses em 21 de agosto de 1822, em plena guerra da Independência do Brasil, o jornal também teve seu redator, o advogado e político Francisco Gomes Brandão (1794-1870) – mais conhecido como Francisco Gê Acaiaba de Montezuma –, perseguido e ameaçado de prisão. O episódio entrou para a História como o primeiro atentado à liberdade de imprensa no País.
Serviço
Evento: Live “O nascimento da imprensa na Bahia: 210 anos do jornal Idade d’Ouro do Brazil e 200 anos do Diário Constitucional”
Debatedores:
- Leão Serva, jornalista e diretor de jornalismo da TV Cultura (SP);
- Nelson Varón Cadena, jornalista, publicitário, pesquisador e diretor de Cultura da ABI;
- Pablo Magalhães, historiador e professor da Ufob
Moderador: Jorge Ramos, jornalista e
pesquisador do IGHB
Data: 14/05 (sexta-feira)
Horário: 15 h
Canal: Instituto
Geográfico e Histórico da Bahia - IGHB, no YouTube
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