Projeto de energia solar leva luz a comunidades do sertão nordestino

Com duas usinas já em operação, centro de referência implantado em Petrolina, Pernambuco, será o maior laboratório dedicado ao setor no País, prevê Chesf

Com informações da assessoria de comunicação da Chesf e da matéria produzida pela TV Grande Rio (Petrolina, PE), e exibida no Jornal Hoje, da Globo

Matéria atualizada em 1º de junho de 2021, às 15h34


Entre os objetivos do Cresp está capacitar profissionais em energia solar para geração de eletricidade
Divulgação/Chesf


Uma iniciativa experimental da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) em Petrolina, no interior de Pernambuco, está levando a eletricidade produzida através das placas solares para diversas comunidades do sertão do Nordeste. A expectativa da empresa é que o Centro de Referência em Energia Solar de Petrolina (Cresp) seja o maior laboratório voltado ao desenvolvimento do setor no Brasil.

Segundo a assessoria de imprensa da Chesf, o objetivo do projeto piloto, lançado em 2018, é “desenvolver e expandir o conhecimento científico e tecnológico, além de capacitar os profissionais para atuarem com essa fonte alternativa para a geração de energia elétrica no País”.

O Cresp já possui duas usinas solares em operação, incluindo a Fotovoltaica Flutuante – primeira unidade geradora implantada nesse formato em solo brasileiro –, situada no reservatório da Usina Hidrelétrica de Sobradinho, no norte da Bahia. A estatal informa que mais de 3 mil placas fotovoltaicas foram instaladas sobre as águas do maior lago artificial do mundo.

Já a estação convencional, localizada em Petrolina – região que apresenta elevados índices de irradiação solar, estimados em torno de 5,38 kWh/m2 . dia sob uma temperatura ambiente média de cerca de 30° C e, portanto, propícia para a realização do projeto experimental –, totaliza 7.700 placas, mais do que o dobro das encontradas na usina flutuante.

Ainda de acordo com a Chesf, as duas unidades juntas produzem 3,5 megawatts-hora (MWh). “Uma vez conectada à rede da Celpe (Companhia Energética de Pernambuco), ela tem todos os domicílios daqui dessa área da zona rural, além das propriedades rurais onde têm os projetos de irrigação”, afirmou o supervisor de operações da Chesf, Jorge Xavier, à TV Grande Rio, afiliada da Globo no sertão pernambucano.

Além das usinas solares em Sobradinho e Petrolina que já estão funcionando, o Cresp ganhará outras três, a serem instaladas em uma área equivalente a 6 hectares (ha), também em Petrolina. Daqui há três anos, quando todas as suas unidades entrarem em operação, o projeto ampliará sua capacidade para gerar até 15 MWh, quantidade suficiente para abastecer aproximadamente 23 mil residências.


Implantação do projeto contou com investimentos da ordem de R$ 25 milhões, aprovados pela Aneel
Divulgação/Chesf


Tecnologia que gera benefícios

Para pôr a iniciativa em prática, a Chesf injetou R$ 25 milhões – recursos aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), através do programa de Pesquisa & Desenvolvimento e Inovação (P&D+I). A ideia da companhia é estudar diferentes tipos de tecnologias, como célula fotovoltaica orgânica (OPV), célula fotovoltaica heterojunção (HJT), silício amorfo (a-Si), entre outras, visando à captação e distribuição de energia solar.

Graças a esses experimentos, o centro de referência pretende se tornar o maior laboratório de pesquisa e desenvolvimento dessa matriz limpa e renovável a céu aberto do País. “Essa combinação de pesquisas vai permitir que a empresa possa definir qual a tecnologia, e assim colocá-la em difusão dentro da região do semiárido nordestino”, explicou o gerente de Inovação e Pesquisa & Desenvolvimento da Chesf, o engenheiro José Bione.

Investimentos que poderão beneficiar não apenas os sertanejos que ainda convivem com o drama da falta de luz, a exemplo do agricultor Osterno Nunes Moreira, como também o conjunto da população brasileira. “Antigamente, aqui, ninguém se poderia colocar nada na geladeira, porque não existia energia, e o tempo era muito ruim. Com a energia, a gente tem tudo”, comentou Osterno, em depoimento à TV Grande Rio.

Atualmente, o produtor rural não vive mais no escuro, porém a eletricidade que emana da força dos raios do sol chegou à sua comunidade recentemente, com o início da operação do Cresp. “A energia é importante para todo mundo, principalmente para o pessoal da nossa região, que antigamente só vivia no escuro, sem energia”, finalizou.

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