Mercado editorial encerra 2020 com desempenho positivo
Vendas de livros pela internet contribuíram para reaquecer segmento no Brasil, mas varejo de rua ainda tenta se recuperar dos prejuízos da pandemia
Com informações da
matéria exibida no Jornal
da Cultura (TV Cultura)
Matéria atualizada às 23h44
Otimista, o mercado editorial brasileiro comemora o desempenho satisfatório nas vendas de seu produto maior. Apesar da crise gerada pelo novo coronavírus, a população do País vinha comprando mais livros tanto no ano passado quanto em 2019. Enquanto o comércio online ajudou a reanimar o segmento, as livrarias de rua, por outro lado, ainda tentam resistir aos prejuízos ocasionados pela pandemia.
A fidelidade das pessoas à leitura pavimentou o caminho para que o setor livreiro no Brasil se recuperasse, encerrando 2020 com um faturamento estimado em R$ 1,74 bilhão. O resultado é praticamente igual ao registrado no ano anterior, quando as empresas do ramo lucraram o equivalente a R$ 1,75 bilhão, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel).
O e-commerce (comércio eletrônico) também contribuiu para a sobrevivência do faturamento com a venda de livros. “Com essa impossibilidade de poder frequentar (as livrarias), esse temor às vezes de sair, eu comprei muita coisa online. Então, acumulei alguns livros em casa”, comentou a jornalista Mariana Mandelli à equipe de reportagem da TV Cultura, de São Paulo.
Quanto às lojas físicas, sua
gradual readaptação ao atual contexto vem enfrentando uma maratona de
dificuldades. Gigantes varejistas do setor, como a Saraiva, já encerraram
definitivamente suas operações, ao passo que as recém-ingressadas tiveram que postergar
os seus planos.
Livrarias menores se expandem
Entretanto, esses obstáculos não impediram o advento de um fenômeno emergente no mercado editorial brasileiro. Trata-se do crescimento exponencial do número de pequenas livrarias de rua, que propiciam a interação e o diálogo com a paisagem das cidades.
Uma delas, a Megafauna – instalada no térreo do Edifício Copan, ícone da arquitetura moderna no centro da capital paulista – deveria ter aberto suas portas em abril do ano passado, segundo mês da pandemia. Porém, a livraria acabou sendo inaugurada sete meses depois. A ideia, a princípio, era criar um espaço de reflexão com programas culturais e gastronômicos, agregados no mesmo ambiente.
“A gente fez muita coisa virtual no Instagram, temporadas recomendando livros, temporadas entrevistando pessoas. Então tivemos que repensar algumas coisas, mas eu acho que, daqui há um ano, a gente vai conseguir voltar à proposta inicial”, prometeu a editora Maria Emília Bender, uma das sócias do empreendimento.
Outro empresário que vem apostando firme nas perspectivas do varejo livreiro é o ex-jornalista e presidente da Livraria da Vila, Samuel Seibel. Tendo sua primeira loja inaugurada em 1985 na Vila Madalena, bairro boêmio da pauliceia, a rede adquirida por Seibel em 2003 possui mais de dez unidades físicas, localizadas nos estados de São Paulo e do Paraná – suas três últimas lojas foram abertas em plena crise da Covid-19.
“O que me chama a atenção
é a resistência do livro, da paixão que ele desperta, da vontade das pessoas em
comprarem o livro, independentemente de haver ou não haver uma pandemia. Eu
acho que a normalidade também voltará, e é por isso que nós estamos neste
processo de negociação, buscando aproveitar aquilo que a gente acredita que
sejam oportunidades”, projetou.
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