Manifestantes promovem ato antirracista em loja do grupo Carrefour em Salvador

Protesto na Bonocô se juntou a outras mobilizações pelo Brasil contra assassinato de João Alberto, 40 anos, em supermercado da rede em Porto Alegre, na véspera do Dia da Consciência Negra

Com informações do portal A Tarde e do perfil da deputada federal Alice Portugal no Twitter

Matéria atualizada em 24 de novembro de 2020, às 12h00


Ato foi convocado pela torcida antifascista do Bahia e por coletivos de jovens negros
Reprodução/Twitter/@Alice_Portugal


A morte brutal do negro João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, por dois seguranças brancos em um supermercado da rede francesa Carrefour em Porto Alegre, na última quinta-feira (19), pôs o Brasil em luto e levou a uma explosão de protestos por diversas cidades. Em Salvador, por exemplo, um ato popular foi realizado na manhã deste domingo (22), em frente a uma loja do Atacadão, na Avenida Bonocô.

O ato na capital baiana se juntou às demais mobilizações de repúdio ao racismo e ao genocídio da população negra que estão sendo deflagradas País afora, tendo como lema “Vidas Negras Importam. Justiça a João Alberto”. Convocada pela torcida antifascista do Esporte Clube Bahia (Bahia Antifa) e por coletivos de jovens negros, entre eles o Movimento Aquilombar, a manifestação teve o seu local escolhido pelo fato de o Atacadão pertencer ao Carrefour.

“Estamos aqui para exigir justiça a João Alberto e, também, para dizer que parem de nos matar. Nossas vidas importam”, clamou com veemência o ativista do Movimento Aquilombar, Matheus Araújo, acrescentando que os assassinatos de pessoas negras aumentaram 11,5% nos últimos dez anos, enquanto os de não-negros reduziram em 12,9%. Os dados são do Atlas da Violência de 2020, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Ainda segundo Matheus, o extermínio de um cidadão negro em um supermercado não se trata de um crime de natureza episódica ou casual. Pelo contrário, é fruto direto do racismo cotidiano impulsionado pelo sistema capitalista no Brasil, bem como pela conduta racista sistemática do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “Não vamos aceitar. O racismo e os racistas não passarão”, declarou o jovem ativista.

Responsabilidade por caso

Já o professor universitário Otávio Aranha, membro do Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe, defende que a rede varejista Carrefour seja responsabilizada pelo assassinato de João Alberto, ocorrido justamente na véspera do Dia da Consciência Negra.

“É preciso que eles assumam e paguem por sua culpa. Além de superexplorarem seus trabalhadores, muitos deles negros, e formarem verdadeiros cartéis na venda de alimentos no País, esses supermercados ainda agridem e matam negras e negros. Isso é um absurdo”, lamentou, em depoimento ao portal A Tarde.

Em sua conta no Twitter, a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) publicou uma postagem ilustrada com algumas fotos da manifestação em Salvador, exigindo o fim urgente do preconceito e da violência que ainda acometem a população negra brasileira. “Precisamos dar um basta no racismo e no genocídio dos negros e negras no nosso País!”, reivindicou a parlamentar.

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