Americanos à espera do seu próximo líder

Hugo Gonçalves – Jornalista (SRTE/BA 4507)

Salvador, 4 de novembro de 2020

Atualizado em 6 de novembro de 2020, às 22h04


De um lado, Trump tenta se reeleger; do outro, Biden promete restaurar “alma americana”
Fotos: Reprodução


Encerrado o complexo ciclo eleitoral nos Estados Unidos sob uma monumental pandemia, o mundo agora está vivendo a expectativa de quem irá conduzir politicamente os rumos da sua potência magna. Haverá o tão esperado retorno dos democratas à Casa Branca? Ou os republicanos irão renovar seu comando por mais quatro anos?

A escolha do próximo governante estadunidense transparece, de fato, numa incógnita com apenas duas alternativas. Como o páreo por lá se define por meio de um Colégio Eleitoral estabelecido por uma Constituição em vigor há mais de dois séculos, o candidato vencedor nem sempre é proclamado presidente, contradizendo os anseios populares.

Apesar de 45 dos 50 estados, agregados à capital, Washington, determinarem individualmente o nome vitorioso em um duelo histórico e tão equilibrado, o resultado final das eleições presidenciais americanas dependerá das apurações em curso em outras cinco unidades federadas – algumas delas conhecidas como swing states ou estados-pêndulo.

Por enquanto, o democrata Joe Biden está na dianteira, mesmo de forma apertada, no sufrágio popular – ele também vem liderando a quantidade de delegados no Colégio, o que justifica a dimensão do sistema de votação dos EUA. O sonho dos seus cidadãos em restituir a “alma americana”, como Biden prometeu em sua campanha, vem, apesar de certos obstáculos, alimentando-lhes perspectivas claras de mudança.

Já o atual mandatário, Donald Trump, pretende judicializar o resultado final, caso o triunfo do seu rival seja sacramentado. Magnata e neófito no cenário eleitoral ao derrotar Hillary Clinton em 2016, em uma disputa controversa – embora tenha perdido por via popular –, Trump ambiciona levar o corrente pleito à Suprema Corte, alegando suspeitas de fraude, nas palavras dele. É lógico que na maior democracia do planeta não existe justiça eleitoral.

Ao contrário do republicano, notório por ter edificado um colossal império empresarial e apresentado um programa de TV, Biden já acumula um longevo currículo na seara política do país mais poderoso do mundo. Ocupou, por décadas, sucessivos mandatos de senador pelo modesto Delaware, na costa leste – embora tenha nascido na vizinha Pensilvânia, um dos estados decisivos no embate.

Em 2008, aceitou o convite de Barack Obama para concorrer a vice-presidência. A chapa Obama-Biden foi eleita, fazendo do seu titular o primeiro negro a assumir o posto máximo dos EUA, o que tornou tal façanha histórica, sendo repetida quatro anos mais tarde.

Aliás, é contando com a simpatia dos negros (sua vice, Kamala Harris, é descendente de africanos e também de indianos), das mulheres, dos latinos e das demais minorias que formam o heterogêneo mosaico populacional estadunidense que o democrata terá chances evidentes de regressar à Casa Branca, desta vez como titular.

No entanto, o presidente Trump, em discurso no dia oficial de votação, disse ter saído vitorioso de uma disputa polarizada, enquanto a apuração já estava em andamento em cada estado, com o pleito ainda indefinido. Ou seja, o republicano se sente otimista em renovar o seu mandato como líder de uma América que hoje lidera, disparada, o número de infectados e óbitos pelo novo coronavírus.

Se um eventual triunfo de Biden se materializar, ou caso haja uma possível vitória de Trump autenticando a sua permanência no poder, a eleição nos EUA poderá produzir reflexos não somente no gigante do Norte, como também em escala global.

O resultado, portanto, irá ocasionar significativas alterações no panorama decisório mundial, tanto na esfera política quanto na econômica e  diplomática. E também não podemos esquecer da questão sanitária, já que o futuro chefe estadunidense terá pela frente um longo desafio de os seus governados lidarem no árduo combate a um vírus que continua sem nenhum remédio tampouco vacina.

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