Gota: entenda a doença causada pelo excesso de ácido úrico

Distúrbio inflamatório das articulações acomete principalmente homens adultos, com idades entre 40 e 50 anos

Hugo Gonçalves, jornalista (SRTE/BA 4507)

Salvador, 14 de abril de 2023

Com informações dos portais Drauzio Varella e da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR)

Atualizada às 19h27

 

Frequentemente, a gota se inicia com inchaço na articulação do dedão do pé, acompanhado de uma intensa dor
Divulgação

 

Causada pelo excesso nos níveis de ácido úrico (C5H4N4O3) na corrente sanguínea, resultando em um depósito de cristais de monourato de sódio sobretudo nas articulações, a gota é uma doença inflamatória que incomoda bastante os seus portadores, majoritariamente homens adultos. É através do acúmulo dessa substância química que os episódios de artrite aguda secundária se manifestam no organismo.

Apenas 20% das pessoas diagnosticadas com hiperuricemia – situação na qual as taxas de ácido úrico se encontram acima do normal – possuem tendência a desenvolver a gota, que acomete principalmente indivíduos do sexo masculino entre 40 e 50 anos, e com sobrepeso ou obesos, em sua maioria sedentários e usuários de bebidas alcoólicas. Já quanto às mulheres, a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) informa, em seu portal, que elas “raramente desenvolvem gota antes da menopausa e geralmente têm mais de 60 anos de idade quando a desenvolvem”.

Os principais causadores do problema, conforme enumerado pelo portal do renomado médico Drauzio Varella, são a ausência congênita de um mecanismo enzimático que permite a excreção do ácido úrico pelos rins, ocasionando um acúmulo da concentração da substância no sangue, e a utilização de medicamentos – entre eles os diuréticos e o ácido acetilsalicílico ou aspirina – que podem reduzir a eliminação renal do ácido úrico. Além disso, a produção excessiva da substância é a causa que menos incide entre os pacientes, fazendo com que seus rins não consigam eliminá-la.

Principais sintomas

Ainda de acordo com a mesma fonte, o sintoma inicial da gota consiste, frequentemente, em um inchaço na articulação do dedo grande do pé (hálux), acompanhado de uma dor muito intensa. A primeira crise inflamatória articular poderá se estender de três a dez dias. “Após a primeira crise em geral, o paciente volta a levar uma vida normal, o que geralmente faz com que ele não procure ajuda médica imediata”, afirma o site oficial da SBR.

Novos episódios, entretanto, poderão aparecer em meses ou anos, lesionando a mesma ou outras articulações, como as dos tornozelos e joelhos. “Geralmente, as crises de artrite aparecem nos membros inferiores, mas pode haver comprometimento de qualquer articulação. Sem tratamento, o intervalo entre as crises tende a diminuir e a intensidade da dor a aumentar”, explica o portal do doutor Drauzio Varella.

Segundo informações da SBR, crises inflamatórias são registradas ainda em pacientes hiperuricêmicos juntamente com sinais de calor, rubor (vermelhidão) e inchaço. “Também pode haver formação de cálculos (pedras nos rins), produzindo cólicas renais e depósitos de cristais de ácido úrico debaixo da pele, formando protuberâncias localizadas nos dedos, cotovelos, joelhos, pés e orelhas (tofos)”, diz a entidade.

Como diagnosticar

O diagnóstico de gota, após registrada na primeira crise, só poderá ser realizado, conforme o portal do doutor Drauzio Varella, se forem encontrados cristais de monourato de sódio no líquido da articulação (líquido sinovial) aspirado. Já o contrário acontece quando não se pode definir a investigação da doença antes de descartar outras prováveis causas do distúrbio reumático.

Se os níveis de ácido úrico estiverem normais durante a crise, mesmo com o paciente apresentando suspeita do desenvolvimento da gota, o médico terá que solicitar uma nova dosagem da substância na urina em um intervalo de duas semanas, mediante exames de laboratório. Além disso, um exame de imagem (raio-X) poderá auxiliar na definição do diagnóstico.

Tratamento e prevenção da gota

No que tange ao tratamento, a SBR afirma que a gota não possui cura definitiva, já que grande parte dos casos ocorre devido a deficiências na eliminação de ácido úrico, bem como na sua produção, pois as causas têm caráter genético. Uma alimentação adequada, associada ao uso de medicamentos específicos sob prescrição, ajuda a diminuir os níveis de ácido úrico no sangue e, em consequência, a prevenir futuros episódios de gota.

Com o objetivo de evitá-los, recomenda-se aos pacientes aumentar a ingestão de líquidos para otimizar o fluxo urinário e consumir bebidas alcoólicas, sobretudo cerveja e vinho tinto, mas com controle e moderação. Ademais, determinados alimentos ricos em uma proteína chamada purina – carnes vermelhas, peles de aves, vísceras ou miúdos, frutos do mar, alguns peixes como sardinha e anchova, leguminosas, entre outros – não devem ser ingeridos em excesso enquanto a taxa de ácido úrico estiver elevada.

Outra recomendação é evitar uma dieta hipercalórica, o que provoca obesidade, excesso de peso e sobrecarga nas articulações inflamadas. Um tratamento e um acompanhamento médico eficazes também são fatores importantes para inibir a elevada incidência de ácido úrico. Caso contrário, os níveis da substância voltarão a aumentar, possibilitando o surgimento de deformidades nas articulações e formação de depósitos de cristais de monourato de sódio em cartilagens, tendões e bursas.

“Sem tratamento, as crises leves geralmente desaparecem depois de um ou dois dias, enquanto as crises mais graves evoluem rapidamente para uma dor crescente em algumas horas e podem permanecer nesse nível durante uma semana ou mais. O desaparecimento completo dos sintomas pode levar várias semanas”, informa o portal da SBR.

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