Lídice avalia projeções eleitorais para 2014
Senadora e pré-candidata do PSB ao governo baiano
também confirmou que Eliana Calmon deverá concorrer ao Senado em sua chapa
majoritária, em entrevista concedida a uma rádio local
Com informações do portal Metro1 e da assessoria de comunicação de Lídice da Mata
Com informações do portal Metro1 e da assessoria de comunicação de Lídice da Mata
Em depoimento a Mário Kertész, da Rádio Metrópole,
Lídice salientou que “é preciso abrir espaço dentro da própria frente”
(Foto: Waldemir
Barreto/Agência Senado)
Pré-candidata
do Partido Socialista Brasileiro (PSB) na disputa pelo Palácio de Ondina, a
senadora Lídice da Mata analisou, em entrevista à Rádio Metrópole FM, as
perspectivas para a corrida eleitoral de 2014 em âmbitos estadual e nacional. Ela
também argumentou suas relações com o governador Jaques Wagner (PT) e as probabilidades
de o PSB se coligar com outros partidos, além de confirmar a candidatura da
ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Eliana Calmon, ao Senado, na
chapa encabeçada pela legenda.
A
parlamentar, que preside o PSB na Bahia, afirmou, em depoimento concedido a
Mário Kertész na última quarta-feira, 27 de novembro, que não existe mais a
possibilidade de ela concorrer pelo arco de alianças do atual governo. “Não é
porque o PT, que é o maior partido, tem a presidente da República (Dilma Rousseff) e o governador (Wagner), tem que ser o líder da frente
política e do processo político que estabelecemos na Bahia. É preciso abrir
espaço dentro da própria frente. Temos que representar valores”, reiterou, acrescentando
que na política impera o caráter pedagógico.
Os
socialistas, recém-egressos da base de sustentação da atual gestão federal, têm
como postulante à sucessão presidencial o governador de Pernambuco, Eduardo
Campos, presidente nacional do partido, potencial alternativa à tradicional
polarização entre petistas e tucanos. Sua possível vice é a ex-senadora e
ex-ministra do Meio Ambiente, a acreana Marina Silva, cujo partido que
ambicionava criar, a Rede Sustentabilidade, teve seu registro indeferido por meio
de uma liminar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Segundo
Lídice, no que concerne à composição de sua chapa para o pleito do próximo ano,
ainda não tem ideia de que um nome seja designado para ocupar a vaga de vice-governador.
“O processo está no começo. O PT acabou adiantando o processo para as eleições,
mas têm algumas coisas que precisam ser discutidas. Nós precisamos dar tempo
para cada partido fazer isso. A definição da chapa do governo norteia os que
estão fora do governo e abre possibilidades de novas alianças”, examinou a
senadora.
Diálogo
com a sociedade
Referindo-se
aos prognósticos para definir uma provável coligação majoritária, embasada no consenso
multipartidário, Lídice da Mata foi sistemática. “Claro que valorizando os
partidos, conversando com todos eles, pequenos, médios, grandes, se for possível,
mas estou valorizando nesse momento, principalmente, uma articulação direta com
a sociedade, com segmentos organizados ou não. Isso tem sido muito positivo”,
explicou.
Para
a ex-prefeita de Salvador, a postura do PSB “tem muito de pedagogia”, e
acrescentou que não pode participar de uma gestão que está há sete anos no
poder na Bahia e sair dela criticando. “Eu tenho que partilhar do bônus desse
governo, do qual o meu partido é aliado de primeira hora. Eu me elegi senadora
nesse campo”, afirmou. “O PSB apoiou Wagner antes de o PT definir que ele seria
candidato. Mas posso me colocar como alguém que tem propostas novas e
diferentes do governo. Não é minha plataforma criticar o governo", esclareceu.
Lídice afirmou que Eliana Calmon (acima) vai aderir ao PSB em solenidade, entre os
dias 18 e 20, em Salvador
(Foto:
Valter Campanato/Agência Brasil)
A
ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), teve sua
admissão no páreo corroborada pela líder socialista, concorrendo ao Senado
Federal em 2014. Conforme Lídice da Mata, a tendência é de que Eliana se filie ao
PSB logo após o término do processo de aposentadoria já protocolado junto à
Corte. O ato solene de adesão da magistrada à legenda, de acordo com as projeções
da parlamentar, deverá acontecer na capital baiana, entre os dias 18 e 20 deste
mês, com as notáveis presenças de Eduardo Campos e Marina Silva.
Lídice
também disse, em entrevista à Metrópole, sobre o processo sucessório para o
governo estadual, citando um retrospecto idêntico, no qual ela havia pleiteado
o mesmo cargo em 1990 – a vitória coube a Antônio Carlos Magalhães (1927-2007),
do extinto PFL. Naquele ano, a senadora, então membro do PC do B, articulou uma
chapa integralmente feminina que se tornou conhecida pela alcunha de “As Três
Marias”, na qual fizeram parte Salete Silva para vice e Bete Wagner para o
Senado, “algo muito diferente na política”.
“Acredito
que a presença numa chapa de mulheres de alguém como Eliana Calmon, alguém que
não é da política tradicional, que nunca exerceu nenhum cargo político, que é
uma figura pública corajosa. É uma mulher, um novo conceito. Novamente estou
numa chapa com duas mulheres pelo menos. Portanto, são simbologias que vão se
agregando ao nosso fazer político”, argumentou.
Para senadora, confiante na renovação
ideológica, todo sistema novo traz elementos vindos do passado e se dirige para
o futuro
(Foto:
Manuela Cavadas/Metropress)
Hegemonia
Em nível nacional, Lídice contestou a
hegemonização da disputa eleitoral pelos dois maiores polos do cenário político
brasileiro, esquematizados antagonicamente pelo PT e pelo PSDB, fato pelo qual ela
denominou como uma tendência natural de pluralidade partidária. “O PSB hoje tem
mais governadores do que o PT, por exemplo, então isso não é um reflexo da
sociedade brasileira. Reduzir a disputa e a pluralidade política e até
ideológica do Brasil entre dois campos é muito pequena, muito pouca”.
Na acepção da senadora, a eleição de Campos,
seu correligionário, para governador de Pernambuco, em 2006, e sua consequente
reeleição em 2010, confirmou a perspectiva do eleitorado no país de acreditar na
renovação de ideias. “Portanto, eu acho que nós temos que apostar no novo, o
que vem pela frente, e não no passado. Todo sistema novo traz resquícios do
passado e aponta para o futuro. E é isso que acredito”, refletiu.
A parlamentar defendeu também a
alternância de poder no governo e criticou as alianças caracterizadas por espectros
partidários exacerbados. “Eu acho que um projeto político perene e constituinte
de um processo de agregação e representação simbólica daquilo que o eleitor
escolheu não tem que ser um projeto de unanimidade”, salientou.
Turnos e alianças
De acordo com ela, o processo eletivo vigente
no país, dividido em dois turnos, possibilita às legendas apresentarem-se com
seu próprio discurso no primeiro, para, na fase subsequente, formar uma aliança
construtiva de forças coniventes com o posicionamento de um dos candidatos. “A
engenharia política foi modificada e dá espaço para novas composições. As ruas
demonstram isso, mas não só as ruas, a vontade popular expressa em muitos
momentos, as pessoas ficam cansadas de cenários que ficam estanques e se
contrapondo um ao outro sem oferecer alternativas de novos tons políticos”, ressaltou.
A senadora socialista destacou que, há
25 anos, a sociedade brasileira está vivenciando um longo período de
constituição democrática. “Portanto é uma nova história, a história democrática
que o povo brasileiro vive hoje”, declarou. Ela ainda explicitou sua ótima
afinidade com a presidente Dilma Rousseff, apesar de o PSB já estar rompido com
o governo federal. “Tenho respeito pela sua postura, pelo fato de ser a
primeira mulher (ao assumir o Planalto,
em 2011)”, elogiou Lídice.
No final da entrevista com ela, Mário
Kertész expressou sua satisfação com o lançamento da candidatura de Eduardo
Campos à Presidência. “Acho que o Brasil precisa de oportunidades como essa e
também com a sua candidatura (a de Lídice),
para a gente sair um pouco do Ba-Vi e entrar num jogo um pouco mais amplo”,
previu. Kertész, que havia apresentado Lídice como primeira prefeita de
Salvador, primeira senadora da Bahia e, talvez, primeira governadora do estado,
considerou-a “uma mulher de coragem e uma mulher competente que eu tenho
admiração”.
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