Adeus, José Alencar

Corpo do ex-vice-presidente foi velado na quinta-feira, no Palácio da Liberdade, e cremado na Grande Belo Horizonte

Com informações das agências e do jornal Correio*

O corpo do ex-vice-presidente da República, o mineiro José Alencar (PRB), foi cremado na última quinta-feira, dia 31 de março, no Parque Renascer Cemitério e Crematório, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Durante o período anterior à carbonização do corpo do ex-dirigente-adjunto do país, houve velórios no Palácio do Planalto, em Brasília, e no Palácio da Liberdade, na capital mineira. A cerimônia de cremação foi restrita para amigos e familiares.

A primeira etapa do cortejo fúnebre do político e empresário, morto no último dia 29, aos 79 anos, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, aconteceu no dia seguinte ao seu falecimento. A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos ocasionada por um câncer no intestino.

O caixão foi deslocado da capital federal para o Palácio da Liberdade em um carro histórico do Corpo de Bombeiros, conduzido por integrantes da corporação. O veículo foi o mesmo empregado no translado do corpo de Tancredo Neves, primeiro presidente civil eleito após o regime militar, em abril de 1985. Como Alencar, Tancredo foi velado no mesmo palácio.

Homenagens

Na antiga sede do governo de Minas Gerais, cerca de 3 mil pessoas compareceram à última cerimônia, no dia 31, prestando homenagens à despedida de Alencar. O Salão Principal da edificação foi aberto de manhã cedo, a princípio, para convidados, amigos e parentes do ex-vice-presidente. Em seguida, o espaço passou a ser aberto à visitação pública, cedendo lugar para vários simpatizantes do último conciliador que houve na história política do Brasil.

Dentre as autoridades que testemunharam o último adeus do ex-vice-presidente, estavam a presidente Dilma Rousseff (PT), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o governador Antônio Anastasia (PSDB), o prefeito Márcio Lacerda (PSB) e os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Itamar Franco (PPS-MG).

Também participaram do velório o ex-prefeito de Belo Horizonte e ex-ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, também ex-prefeito da capital de Minas. Acompanhada de Lula, Dilma chegou ao segundo e último local do velório de Alencar, aproximadamente às 11:50, para se despedir de um dos seus articuladores da campanha que a levou à Presidência.

Amigos entre si

Lula, que governou o Brasil entre 2003 e 2010, tendo José Alencar como instrumento, no governo federal, para flexibilizar as hostilidades nas relações entre capital e trabalho, vislumbrou sua amizade com o mineiro. “Ele foi mais que um vice, ele era mais forte que eu”, emocionou o ex-presidente. Naquela oportunidade, Dilma estava consolando Maria, bisneta do empreendedor.

Logo depois, uma missa de corpo presente, assistida pela presidente e pelo seu antecessor ao lado do caixão, foi celebrada pelo arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo. O culto ocorreu ainda no Palácio da Liberdade.

A professora aposentada Rosemary de Moraes, suposta filha de Alencar, não quis comparecer ao velório dele, no Palácio da Liberdade, por ficar “constrangida”, conforme esclareceu seu advogado, Geraldo Jordan. Rosemary move ação judicial para ser geneticamente reconhecida. Na acepção da professora, a cremação de seu suspeito pai complicaria a realização de um exame de DNA para comprovar que ela é filha biológica do político, o que, no entanto, não inibiria a sua carbonização.

Breve cremação

Por volta das 14:45, o corpo de um político equânime, austero e dialogador chegou ao Parque Renascer Cemitério e Crematório, em Contagem, em meio a honras militares com duas salvas de três tiros de canhão, efetuadas por oficiais do Exército. A cerimônia crematória durou cerca de 15 minutos, porém o governador de Minas, Antônio Anastasia, que acompanhou o cortejo até o cemitério, não ficou até o final da cremação do corpo de Alencar.

No instante do término da cremação do ex-vice-presidente, que também foi senador (1999-2002), sua irmã Cecília Peres da Silva Freire agradeceu, em nome da família, aos brasileiros pelo amparo. Enquanto o político estava internado, lutando contra um tumor detectado no abdome há quase 14 anos, a irmã estava apreensiva. “Ele sempre foi, para mim, uma pessoa extraordinária. Sofri dia e noite com ele nesses anos de doença. Ele morreu lúcido, ele sabia que estava dando um passo para outra vida”, declarou Cecília.

As cinzas de Alencar foram entregues para a família, na última sexta-feira, dia 1º. Posteriormente, elas foram depositadas numa capela em Itamuri, distrito do município de Muriaé, na Zona da Mata mineira, onde o empreendedor, ex-senador e ex-vice-presidente nasceu e foi batizado.

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