O fotojornalista Evandro Teixeira

Camila Barreto, Camila Salles, Hugo Gonçalves, Taísa Conrado e Thyara Araújo
Estudantes de Jornalismo do Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge)

Artigo acadêmico elaborado em maio de 2010, durante o 3º Semestre de Jornalismo, sob a orientação do professor Cláudio Colavolpe, docente da disciplina Ateliê de Fotojornalismo, e revisado e ampliado por Hugo Gonçalves em 29 de outubro do mesmo ano

Com 52 anos de profissão, Evandro Teixeira é um dos mais antigos fotojornalistas em atividade no Brasil
(Foto: Divulgação)

1. Do nascimento ao início da carreira

Com uma vida comum como quase todos os meninos de sua idade, Evandro Teixeira brincava bastante e levava uma vida tranquila. Conviveu praticamente toda a sua infância na companhia de outros garotos em Irajuba, no interior da Bahia, onde nasceu em 1945. Enquanto pequeno, estudou em colégio religioso e veio para a cidade de Salvador cursar o segundo grau.

Filho de Seu Waldomiro Teixeira e de Dona Almerinda Teixeira Almeida, Evandro Teixeira pensava até em ser aviador militar, sendo inspirado em um primo que havia sido convocado para a Segunda Guerra Mundial.

Durante os tempos de colégio, Evandro começou a ter contato com a fotografia, fazendo jornais internos e jornais que circulavam nas cidades de Jequié e Ipiaú. Já demonstrava certo encantamento pelo meio artístico e, ainda criança, criava caixas cinematográficas com lâmpadas para brincar de produtor de cinema.

Como é comum na fase infantil, ele tinha o desejo de seguir várias profissões, como aviador, escultor, produtor de vídeos, além de ser fotógrafo. Com influências marcantes, como a de José Medeiros (1921-1990), piauiense radicado no Rio de Janeiro, na sua descoberta profissional pelo fotojornalismo, passou a visitar ateliês de fotografia a fim de se aprofundar mais no assunto.

Em sua adolescência, ao ver uma série de fotografias em uma edição da revista O Cruzeiro, Evandro descobriu o que queria realmente ser: fotógrafo. Assim, aos 23 anos de idade, em 1958, se formou no Rio de Janeiro, na Escola de Belas Artes.

Na cidade de Salvador, Evandro conseguiu o seu primeiro estágio no Diário de Notícias, no ano de 1958. O primeiro trabalho que recebeu foi fotografar casamentos e por isso, era até “comediado”, sendo chamado de santo casamenteiro.

Em seu primeiro trabalho já enfrentou dificuldades, pois seu chefe de redação não aceitava fotografias de negros e, ao chegar em um casamento, se deparou com um casal formado por uma mulher loira e um homem negro. Como solução para o problema, contou com a ajuda de um laboratorista, que teve a ideia de deixar o noivo na cor branca.

Ao voltar para o local de trabalho, sua falseta foi descoberta pelo chefe, que mandou demiti-lo imediatamente. Porém, para sorte de Evandro, o editor de fotografia Ângelo Regato, que apostava muito no seu talento como fotógrafo, conseguiu acalmar o chefe – e, pouco tempo depois, Evandro pôde voltar a ocupar o cargo novamente.

Após certo tempo trabalhando no Diário de Notícias, Evandro voltou para o Rio de Janeiro e iniciou seu trabalho no Diário da Noite, jornal pertencente aos Diários Associados, mesmo grupo do Diário de Notícias. Já no ano de 1963, passou a trabalhar no Jornal do Brasil, encantando muitas pessoas através de suas belas fotografias. A edição impressa do JB circulou em 31 de agosto de 2010.

Os segredos da sua profissão foram aprendidos com o tio do cineasta Gláuber Rocha (1939-1981), o fotógrafo Nestor Rocha, fazendo fotos as quais chamava de “acadêmicas”. Autor de fotos incríveis, Evandro foi merecedor de muitos prêmios, publicações de livros, além de ser citado em documentários.

2. Premiações

Os ilustres trabalhos do fotógrafo Evandro Teixeira já lhe renderam muitos prêmios nacionais e internacionais. O trabalho dele, que conta com um estilo muito específico de retratar o factual, fez escola dentro do fotojornalismo e inspirou uma série de outros repórteres fotográficos. Confira alguns de seus principais prêmios:

1969 – Prêmio Sociedade Interamericana de Imprensa, Miami (Estados Unidos);

1969 – 1º lugar no Prêmio Fotóptica, com a fotografia Queda do Motociclista da Força Aérea Brasileira (FAB);

A Queda do Motociclista da FAB, tirada no período da ditadura militar, além de lhe resultar em um prêmio, ficou registrada pelo fotógrafo em outro momento contado pelo mesmo, em entrevista cedida ao site br.foto.com, em 2004.
"Costa e Silva, da queda da moto. Eu ia representar o Brasil na bienal de Paris e ela foi censurada. Como eu, eram 6 representantes na bienal jovem de Paris. O pintor chegou a ser preso, Antônio Manuel, que retratava a violência nas ruas através das páginas do jornal FLAM. Era feito com chumbo, papelão, ele pintava aquilo de vermelho, que representava sangue. Quando a gente abriu uma amostra no Museu de Arte Moderna para imprensa, no dia seguinte iria para Paris, os militares chegaram lá desmontando a amostra. Chamaram o diretor, dizendo: “Olha aqui embaixo, essa amostra tem que ser desmontada, a gente está com os meninos para ajudar”, os meninos eram os soldados. Então eu tive que ficar uma semana desaparecido. Manuel chegou a ser preso." (TEIXEIRA apud SENA, 2006)
1975 – Prêmio do Concurso Internacional da Nikon, Japão;

1986 – 1° Prêmio da Federação Carioca de Futebol, com a fotografia, A Queda do Juiz;

1991 – Prêmio do Concurso Internacional da Nikon, Japão, pela segunda vez;

1993 – Prêmio Especial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), World Photo Contest;

1993 – Prêmio Especial da Unesco no Concurso Internacional “A Família” em Tóquio;

2009 – 5º Prêmio Comunique-se, na categoria Repórter de Imagem;

Em entrevista ao Jornal do Brasil, ao receber este prêmio em 2009, Evandro Teixeira falou sobre suas fotos, que ao longo dos anos seguiu a linha da subjetividade, “dê ao leitor a sensação de estar presente no momento dos acontecimentos. A maior importância desse prêmio é que fui escolhido pelos meus próprios companheiros de profissão” (Idem apud JB ONLINE.)

2010 – Prêmio de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, na categoria Registro;

A conquista deste último prêmio se deve ao seu livro, 1968 destinos – Passeata dos Cem Mil, que retrata o célebre protesto contra a ditadura militar no Brasil, ocorrida em 26 de junho de 1968. “Esse resultado é muito importante para a fotografia brasileira, principalmente para o fotojornalismo. Dedico esse prêmio aos protagonistas desse movimento, que aos milhares foram às ruas exigir liberdade para o Brasil, e aos que morreram nessa luta.” (Idem apud RABELO)

3. 10 fotografias famosas de Evandro Teixeira

Emblemática fotografia Passeata dos 100 Mil (1968), capturada por Evandro com um olhar de gênio
(Foto: Evandro Teixeira)

3.1: Passeata dos 100 Mil

Com um olhar de gênio, Evandro conseguiu tirar a histórica fotografia da Passeata dos 100 Mil no Rio de Janeiro, em 26 de junho de 1968. A multidão uniforme e vertical foi retratada com tanta riqueza de detalhes que pode-se observar cada rosto como se fossem retratos individuais. A frase “Abaixo a ditadura, povo no poder” colocada em uma faixa no meio da multidão garantiu grande significância para a compreensão da cena.

3.2: Rainha sentando-se

Evandro conseguiu captar uma cena peculiar em 1968. Foi a primeira vez que a rainha da Inglaterra, Elizabeth II, foi fotografada sentando-se em seu carro, durante visita ao Brasil. Quem vê a foto observa um tom de normalidade cotidiana na posição em que a rainha se encontrava. Porém, isto rendeu um “chega pra lá” do segurança e uma fratura no cotovelo do fotógrafo ousado por colocar o braço dentro do carro da majestade.

2.3: Chico Buarque, Tom Jobim e Vinícius de Moraes

Na ocasião do aniversário de Vinícius de Moraes (1913-1980) em uma churrascaria, em 19 de outubro de 1979, Evandro já havia tirado várias fotos dos artistas e demais convidados, mas como a matéria precisava de uma boa foto, Evandro tomou a ousadia de pedir a Vinícius que fizesse uma pose diferente para a página gráfica do Caderno B. Em um rompante, Vinícius chama Tom e Chico e deitam-se os três em uma mesa da churrascaria para fazer a tal “foto diferente” do Evandro. Com o olhar que só ele tem, subiu em um banco e clicou os três deitados de cima para baixo. A empolgação foi tanta que caiu do banquinho e acabou quebrando a máquina que ficou com apenas uma foto diferente. Estava pronta a capa do jornal.

3.4: O Papa e a mão de “Deus”

Na primeira visita do Papa João Paulo II ao Brasil, em julho de 1980, lá estava o Evandro fotografando. Enquanto muitos preocupavam-se em capturar as imagens do Papa dando a benção aos fiéis, Evandro capturou o exato momento em que uma mão surge sobrevoando acima do Papa em um fundo negro, apontando com o dedo indicador e gerando uma expressão de susto no rosto do Papa. Nada mais era do que a mão de um cardeal vestido de preto, à frente de um fundo também preto, que dava a sensação de ser uma mão solta. Em frações de segundos, Evandro capturou a imagem do dia que “Deus” veio trazer um “recado” para João Paulo.

3.5: Libélulas nas baionetas na Guerra do Paraguai

Em uma sessão de fotos com o então presidente Arthur da Costa e Silva (1902-1969), em 1967, Evandro capta a cena de duas libélulas displicentes sobre duas baionetas, que eram armas dos oficiais. O ditador se irritou, pois a foto que parou na capa do jornal não foi a dele e sim dos insetos alheios a toda confusão política.

3.6: Guerra dos tóxicos

Captada na Favela Vila do João, no Rio de Janeiro, em 1988, mostra o corpo estirado no chão. Na cena, a multidão observa, a polícia reprime e o menino apenas sorri.

3.7: Estudante de Medicina que foi assassinado, segundo Evandro

Queda do estudante de Medicina na Cinelândia, durante o movimento estudantil do Rio de Janeiro em 1968. Há controvérsias sobre a morte do estudante. Evandro relata que o estudante foi assassinado pelos policiais, mas na verdade ele caiu e bateu no meio-fio.

3.8: João de Régis, morador de Canudos

Com sua simplicidade sertaneja, João de Régis talvez nunca tivesse imaginado que seria capa do livro Canudos 100 anos (1997) de Evandro Teixeira.

3.9: Queda do oficial da FAB

A foto do oficial que caiu da motocicleta enquanto acompanhava o cortejo da rainha inglesa lhe rendeu o Prêmio Fotóptica de 1969. A foto foi para a primeira página do Jornal do Brasil e deixou descontente o governo militar da época.

3.10: Ayrton Senna

Foto tirada no Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, em 1989, no Autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. A piscada de olhos para o chefe da equipe McLaren, Ron Dennis, indicava que estava tudo “ok” e ficou gravada no coração dos brasileiros.

4. Documentários

Evandro Teixeira: Instantâneos da Realidade (2003)

Dirigido por Paulo Fontenelle, mostra a trajetória de Evandro Teixeira, das suas origens, no sertão da Bahia, até a sua vida profissional no Rio de Janeiro, sendo uma das mais importantes figuras do fotojornalismo brasileiro. As imagens, em sua maioria tiradas em preto e branco, marcaram os principais fatos do Brasil e do mundo desde a década de 60.

A ideia deste documentário é apresentar e demonstrar a importância que ele trouxe para a história do fotojornalismo. Dentre os momentos históricos que o fotógrafo registrou estão os golpes militares no Brasil (1964) e no Chile (1973), o movimento estudantil de 1968, os desfiles de moda em Paris, as Copas do Mundo e os Jogos Olímpicos.

Sobreviventes – Os filhos da Guerra de Canudos (2004)

Também dirigido por Paulo Fontenelle. O documentário conta a história da Guerra de Canudos na visão dos filhos de conselheiristas – amigos do líder Antônio Conselheiro, com direito a participação do único homem vivo que o conheceu pessoalmente. Além disso, retrata o modo de vida na região, habitada, em grande parte, por pessoas idosas.

Para rodar a obra, que foi integralmente filmada em municípios da região de Canudos, Fontenelle se aprofundou no assunto quando ele dirigiu Evandro Teixeira: Instantâneos da Realidade (2003), no qual ele usou fotografias de Evandro Teixeira, extraídas do livro Canudos 100 anos (1997). O diretor também incluiu as fotos de Flávio de Barros, contratado pelo Exército para cobrir o conflito, além de documentos de época.

5. Exposições importantes

Dono de um currículo que ultrapassa 50 anos de trabalho – capturando flagrantes, registrando histórias de diferentes lugares do mundo e transformando cenas comuns do cotidiano em algo realmente belo –, o fotojornalista Evandro Teixeira tem muito a mostrar. Por conta disso, ele já realizou exposições nas principais capitais do mundo e em diversas cidades brasileiras. Entre as exposições do fotojornalista, podemos destacar Instantâneos da Realidade (2004), Imagens da Alegria – A Alma do Carioca e Canudos 100 Anos.

Os 45 anos de sua carreira (completados no ano de 2004) foram comemorados com a exposição Instantâneos da Realidade. A mostra traz fotos que marcaram a carreira de Evandro. "A queda da motocicleta, as libélulas nas baionetas, a Passeata dos 100 Mil, esporte, moda, personalidades da história recente. Reunimos imagens célebres da carreira do Evandro na retrospectiva que leva o mesmo nome do documentário (Instantâneos da Realidade) para se inserir nesse calendário de comemoração de sua carreira", afirma o curador João Coelho (EVANDRO..., 2010).
"A nossa função do ponto jornalístico é mostrar a realidade, o cotidiano no país. Eu acho que nesta minha exposição tem um pouco de tudo. Tem guerra, tem golpes militares. Tem no Chile, tem no Brasil. Tem Olimpíadas. Eu vivo mostrando a realidade do país, a realidade daquilo que a gente vive no mundo. A fotografia tem a função de denunciar. Então eu acho que trabalho aí tem. Você que vai fazer a leitura daquilo que você está enxergando, daquilo que você está vendo." (TEIXEIRA apud SENA, 2006)

A mostra fotográfica Imagens da Alegria – A Alma do Carioca reuniu cerca de 70 fotografias de Evandro e de alguns colegas do Jornal do Brasil registradas no Carnaval da Sapucaí, em 2007. As imagens foram capturadas por Evandro em um momento de descontração: na passarela do samba, desfilando para a Escola Unidos da Tijuca, em cima de um carro alegórico. “Estou muito orgulhoso. Fui homenageado pela Unidos da Tijuca, desfilei num carro alegórico e pude tirar fotos de um ângulo inédito. Foi o momento mais emocionante da minha vida e olha que hesitei em aceitar o convite da escola.” (Idem apud GUIMARÃES, 2007)

A história de Canudos foi retratada através da exposição Canudos 100 Anos. A mostra reuniu 43 imagens em preto e branco do sertão nordestino, com registros da população e do cotidiano da cidade, cenário da Guerra de Canudos. O fotojornalista se inspirou no clássico Os Sertões, de Euclides da Cunha. As fotografias exibidas na exposição foram fruto de um trabalho desenvolvido durante a década de 90, do livro Canudos 100 anos.
"Eu fiquei lá quatro anos para fazer um livro e eu convivi com aquela gente vivendo da guerra e aquilo me emocionou muito, até hoje. Fiquei na década de 90, lancei o livro em 97. Mas eu acho que aquela história de Canudos, aquele povo me deixou realmente sensibilizado. Todo ano eu volto lá. Eu não deixo de voltar em toda festividade que é em outubro. Agora mesmo em outubro, eu volto lá novamente, se Deus quiser." (Idem apud SENA, 2006)
Em 2008, Evandro Teixeira participou de uma amostra realizada na Galeria Leica, em Nova York, ao lado de grandes nomes da fotografia internacional, como Cartier-Bresson (1908-2004), Robert Capa (1913-1954) e Marc Riboud (1923-). Segundo a organização do evento, a amostra visou reunir os 40 maiores fotógrafos do mundo. Os únicos do Brasil que foram convidados para fazer parte do evento foram Evandro Teixeira e Sebastião Salgado.

As fotos de Evandro Teixeira podem ser encontradas no Museu de Belas Artes (Zurique, Suíça), no Museu de Arte Moderna La Tertulia (Cali, Colômbia), no Masp (São Paulo), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e Museu de Arte Contemporânea de São Paulo. Além das inúmeras cidades brasileiras, ele já expôs em Paris, Frankfurt (Alemanha), Madri, Veneza (Itália), Zurique e Basel (Suíça), Nova Iorque, Cuba, México, Buenos Aires e Bogotá.

6. Livros

1968 destinos: Passeata dos 100 Mil (2008)

Evandro Teixeira sempre foi um fotógrafo eclético, cobrindo eventos como o golpe militar de 1964 até a posse do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conquistas nos esportes e acompanhando a história de Canudos no pós-guerra. Uma de suas fotografias mais famosas o inspirou a criar o livro 1968 destinos: Passeata dos 100 Mil. Nele, Evandro conta 100 histórias de personagens que estavam presentes na Cinelândia, no Rio, em 26 de junho de 1968 e que fazem parte da fotografia onde os manifestantes aparecem juntos. Ao contar a história destas pessoas selecionadas, o autor nos conta a História do Brasil nas últimas quatro décadas.

Lançado em 2008, o livro também possui textos de Vladimir Palmeira, Fernando Gabeira, Marcos Sá Corrêa, Augusto Nunes e Fritz Utzeri, mas mantém o olhar principal de Evandro Teixeira.

Fotojornalismo (1983)

O livro Fotojornalismo, editado em 1983, registrou acontecimentos marcantes da década de 60 e sua segunda edição ampliada foi lançada em 1988, em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Basel, na Suíça. Foi incluído no acervo da Biblioteca do Centro de Artes Georges Pompidou, em Paris, na França. O prefácio e o texto são de Carlos Drummond de Andrade, Antônio Callado e Otto Lara Resende.

Canudos 100 anos (1997)

Em 1997, Evandro concretizou o tão sonhado livro Canudos 100 anos. Conta histórias de moradores da região com mais de 100 anos, herdeiros da comunidade de Antônio Conselheiro, que comandou a Guerra de Canudos. O projeto desenvolveu-se durante quatro anos e rendeu um belíssimo trabalho.

O livro das águas (2002)

Em 2002, lançou O livro das águas, registrando o impacto do programa de irrigação na vida dos sertanejos do Rio Grande do Norte.

Vou viver (2005)

Evandro foi o único repórter que recebeu a permissão de fotografar o poeta Pablo Neruda morto. Em 2005 editou o livro Vou viver, baseado neste fato, que ocorreu durante o golpe militar no Chile, em 1973.

7. O que faz atualmente

Evandro Teixeira até hoje trabalha no Jornal do Brasil – completando, no ano de 2010, 47 anos no veículo. Ele concilia o dia a dia da redação com suas exposições e publicações de documentários e livros. “Evandro construiu uma das mais sólidas e importantes carreiras do fotojornalismo brasileiro.” (SANTOS, 2007) Seu currículo está incluído na Enciclopédia Suíça de Fotografia e na Enciclopédia Internacional de Fotógrafos (ambas possuem nos seus registros somente os maiores nomes da fotografia).

Em entrevista ao site Friweb Estácio Notícias (2007), Evandro afirma que utiliza, em 90% das vezes, a câmera digital Canon, mas continua usando a analógica principalmente para fotos em preto e branco. “Pessoalmente continuo usando a minha Leica”. Nos seus mais de 50 anos no mercado, presenciou as transformações da fotografia, principalmente no quesito que diz respeito à tecnologia.
"[a tecnologia] Livrou-nos de uma série de coisas. Era como carregar um jumento. Tinha que ir para banheiro de hotel para revelar filme e ampliar. Hoje você transmite uma foto agora na Grécia, por exemplo. No meio do mar, uma coisa que eu levava 8 horas para transmitir uma foto, ir, vir, elaborar. Hoje, no meio do mar, 5 minutos depois já estou mandando uma foto. A qualidade é excepcional. Claro que eu continuo com minha velha analógica, minha Leica, com meus filmes preto e branco. Dependendo do projeto, ou do trabalho que eu venha fazer. No jornalismo moderno, acho que a tecnologia deve ser respeitada. Ela veio pra ficar e nos ajudar." (TEIXEIRA apud SENA, 2006)
Segundo a Relação Anual de Informação Social (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego, de 2007, 2.509 fotógrafos atuam no mercado do Brasil. O salário médio é de R$ 1.210,95. A alta concorrência e o baixo salário desmotivam os futuros fotojornalistas. Mas Evandro Teixeira incentiva: “Insista, não desista nunca, acredite em você. Principalmente a nossa [profissão] que [...] o mercado [está] cada vez mais escasso. [...] Nunca tive uma cobertura no mundo, qualquer parte do mundo que eu disse que: não vai dar. Pra mim sempre tinha que dar, sempre dava e sempre deu.” (Idem apud ibidem, 2006)

8. Referências

BASTOS, Cecílio; COSTA, Silvana. Fotojornalista Evandro Teixeira apresenta a exposição Canudos 100 Anos no Centro de Cultura João Gilberto. MultiCiência, mai. 2009. Disponível em: http://multicienciaonline.blogspot.com/2009/05/fotojornalista-evandro-teixeira.html. Acesso em: 12 mai. 2010.

DIA Mundial da Fotografia. Friweb Estácio Notícias, ago. 2007. Disponível em: http://www.friweb.com.br/noticias/noticia642-dia+mundial+da+fotografia.html. Acesso em: 12 mai. 2010.

EVANDRO Teixeira: Instantâneos da Realidade. Webcine. Disponível em: http://www.webcine.com.br/filmessi/evanteix.htm. Acesso em: 11 mai. 2010.

“EVANDRO Teixeira: Instantâneos da Realidade", documentário e exposição marcam os seus 45 anos de fotojornalismo. Textual Serviços de Comunicação, ago. 2004. Disponível em: www.textual.com.br/saladeimprensa/release.asp?ID=1502. Acesso em: 12 mai. 2010.

GUIMARÃES, Anna Luiza. Casa Brasil inaugura mostra sobre o carnaval. JB Online, jul. 2007. Disponível em: http://jbonline.terra.com.br/editorias/rio/papel/2007/07/03/rio20070703009.html. Acesso em: 12 mai. 2010.

MARQUES, José Reinaldo. O documentarista da imprensa brasileira. Associação Brasileira de Imprensa, set. 2005. Disponível em: www.abi.org.br/paginaindividual.asp?id=615. Acesso em: 12 mai. 2010.

MOSTRA fotográfica retrata a população e o cotidiano de Canudos. Jornal da Mídia, mai. 2009. Disponível em: http://www.jornaldamidia.com.br/noticias/2009/05/20/Bahia/Mostra_fotografica_retrata_a_popu.shtml. Acesso em: 12 mai. 2010.

NECO, Eduardo. Evandro Teixeira, fotógrafo há 50 anos, fala sobre seu novo livro e as curiosidades de sua carreira. Portal Imprensa, jan. 2008. Disponível em: http://portalimprensa.uol.com.br/portal/ponto_de_vista/2008/01/30/imprensa16856.shtml. Acesso em: 12 mai. 2010.

OLHAR congelado – hoje é o Dia do Fotógrafo. JusBrasil, jan. 2009. Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/noticias/558418/olhar-congelado-hoje-e-o-dia-do-fotografo. Acesso em: 12 mai. 2010.

SANTOS, Andreia. Evandro Teixeira: Grande Fotojornalista Brasileiro. Overmundo, jun. 2007. Disponível em: www.overmundo.com.br/overblog/evandro-teixeira-grande-fotojornalista-brasileiro. Acesso em: 12 mai. 2010.

SENA, Lízia. O fotógrafo tem que ter este olhar especial. Overmundo, out. 2006. Disponível em: http://www.overmundo.com.br/overblog/o-fotografo-tem-que-ter-este-olhar-especial. Acesso em: 12 mai. 2010.

SOBREVIVENTES: os filhos da Guerra de Canudos. Adoro Cinema Brasileiro. Disponível em: http://www.adorocinemabrasileiro.com.br/filmes/sobreviventes/sobreviventes.asp. Acesso em: 11 mai. 2010.

ÚLTIMA semana da exposição de Evandro Teixeira na Casa Brasil. JB Online, jul. 2007. Disponível em: http://jbonline.terra.com.br/extra/2007/07/23/e230711405.html. Acesso em: 12 mai. 2010.

VIANA, Alberto Melo. Apresentação: entrevista com o fotojornalista Evandro Teixeira. Revista INTERIN. Disponível em: http://www.utp.br/interin/EdicoesAnteriores/04/revista_interin.htm. Acesso em: 12 mai. 2010.

Comentários

Meu mundo disse…
Olá Hugo, tudo bom?
Meu nome é Beatriz, moro no Rio de Janeiro e estou me formando em jornalismo. No momento estou escrevendo a minha monografia e o tema dela é: Fotojornalismo na Ditadura Militirar. Para isso, eu estou me baseando exclusivamente nas fotografias do Evandro Teixeira. Achei muito legal o seu blog e é claro este artigo, porém ao ler percebi alguns erros logo de cara, e gostaria de lhe dar um toque. Assim você pode pesquisar e modificar.
Vamos lá:
Primeiro erro: Evandro nasceu em 1945, e não em 35 como vc diz no artigo.
Segundo erro: Foto do estudante de medicina. Hugo, ele não foi morto por policiais, ele caiu e bateu a cabeça no meio fio. Evandro diz q ele caiu e morreu no filme dele, mas em entrevista a mim, ele me confirmou que o estudante bateu a cabeça no meio fio e ficou lá, morto.
Terceiro erro: O Evandro não trabalha mais no Jornal do Brasil, até porque o JB acabou em 31 de agosto (quando circulou sua ultima versão impresa), hj em dia só existe o B online. Em entrevista, Evandro me disse que hoje só fa palestras, workshop e participa de eventos onde é convidado ou contratado.

Bom Hugo, esses foram os 3 erros que eu reparei lendo rapidinho. Estou em busca de algumas informações. Mas pretendo voltar aqui e ler com calma e caso você precise, eu posso te ajudar em mais algumas coisas.

Abraços e sucesso!!!
Beatriz
Hugo Gonçalves disse…
Beatriz, já corrigi os três erros neste artigo. Releia-o e veja como ficou.