Candidatura do Professor Milton recebe adesão de comerciante

Postulante a deputado federal pelo PSB luta pelos direitos das pessoas com deficiência na Bahia, afirma dono de delicatessen

Segundo Elias Ferreira, o Professor Milton poderá, caso eleito, "fazer a diferença" em Brasília
(Foto: Hugo Gonçalves)

Proprietário de uma delicatessen instalada há doze anos no bairro do Costa Azul, em Salvador, Elias Augusto Ferreira Júnior aderiu à candidatura do Professor Milton Bezerra Filho (PSB), uma das lideranças da comunidade surda baiana, para deputado federal. De acordo com o comerciante, cuja amizade com Milton foi edificada há mais de duas décadas, o socialista "é um homem que luta pelos direitos dos deficientes na Bahia".

Elias explicou que, na atual legislatura do Congresso Nacional, praticamente nenhum parlamentar apoia a causa das pessoas portadoras de necessidades especiais, segmento que engloba deficientes auditivos, físicos, intelectuais, visuais, entre outros. No entanto, segundo ele, o Professor Milton poderá, caso seja eleito em 5 de outubro, "fazer a diferença" em Brasília para auxiliá-los, mediante propostas sólidas e viáveis.

Se o postulante, na qualidade de membro da comunidade surda e político competente, assegurar uma cadeira de deputado, a possível ascensão dele à capital federal, nas palavras do comerciante, irá causar impactos, logo esse fenômeno poderá acarretar mudanças. "Tem que mudar, para poder ter igualdade para todos", reiterou.

No que tange às proposições de Milton como candidato, Elias destacou a luta por uma educação de qualidade para os deficientes em todos os níveis, o passe livre unificado no transporte coletivo, a implantação de projetos para garantir intérpretes de língua brasileira de sinais (Libras) no processo de aquisição da carteira de habilitação para surdos e a disseminação de creches e escolas bilíngues para surdos.

Mas a provável estreia do militante dos interesses das pessoas com deficiência – Milton ajudou a fundar instituições representativas, como o Centro de Surdos da Bahia (Cesba), e atualmente integra o corpo docente do Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge) – no Congresso não será nada fácil. Portanto, ele poderá conviver, no plenário, com o problema crônico da ausência de intérprete de Libras.

Empresários dominam política

O cenário político brasileiro contemporâneo, na opinião de Elias, não é dominado por professores e demais militantes das causas populares e das minorias. Pelo contrário, são os representantes do capital, como empresários, que exercem prevalência sobre outros segmentos da sociedade e não apoiam a luta pelos direitos dos deficientes, salvo quando pressionados por alguns movimentos sociais.

Para que o Professor Milton chegue na Câmara objetivando aprimorar as condições de vida das pessoas com deficiência, o comerciante mencionou, como exemplo desse esforço, o deputado federal Romário (PSB-RJ). Segundo ele, o tetracampeão mundial de futebol precisou "correr atrás" para melhorar a vida de sua filha mais nova, Ivy, portadora da síndrome de Down.

Ao ascenderem à política, na avaliação de Elias, os defensores dos interesses específicos, caso dos portadores de deficiência, não têm apenas o direito, mas também a obrigação, de quebrar paradigmas discriminatórios e excludentes, valorizando o respeito à diversidade.

Segmento sujeito a limitações

Elias Ferreira, que trabalha no comércio há vinte anos, percebe as dificuldades de comunicação dos deficientes nesse setor. "Os únicos locais (de Salvador) que ainda dão oportunidades para deficientes físicos e surdos são as redes de supermercados, onde conheço muitos deles", observou, assinalando que a maior parcela dos surdos economicamente ativos da capital baiana atua em algumas empresas do ramo varejista.

O surdo, conforme o dono da delicatessen, é um indivíduo normal como outro qualquer, tendo capacidade de superação, porém as empresas não o contratam em função de serem suscetíveis a limitações recorrentes, com destaque para o preconceito. A candidatura do Professor Milton, nessa acepção, significa romper com o paradigma de inferioridade, mostrando que o surdo é capaz de não ser somente empacotador, mas também de desempenhar múltiplas funções.

"A maioria dos surdos que a gente só vê são empacotadores em redes de supermercados. A gente não os vê trabalhando nas empresas nem em repartições públicas, que agora já têm algumas leis que obrigam, mas mesmo assim ainda têm certos paradigmas que as pessoas (os ouvintes) os discriminam", analisou Elias.

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