Vencendo a fim de tornar-me um jornalista importante
Tornar-me um futuro profissional da esfera comunicacional evolui continuamente para o meu sucesso pessoal, em especial no lado introspectivo, ou interior. Necessita, ao alcançar minha autonomia individual, autocontrole, autoconsolo e atenção em ocasiões normais, eventuais ou atípicas. O meu objetivo elucidativo é, absolutamente, ser um glorioso e emblemático jornalista, prestigiado pelos grandes meios e mestres do seu segmento laboral. Como retribuição e espécie de prêmio pelo meu possível êxito, meu nome um dia estará incluído na mídia pelo meu reconhecimento nacional e/ou internacional.
Para que eu seja reconhecido como o novo nome da imprensa brasileira, sigo minha trajetória acadêmica linear, atingindo seu auge na solenidade de formação. Durante a nossa formatura, cerimônia com um toque especial de elegância no auditório, eu serei um merecido diplomado em Jornalismo, habilitação pela qual irei exercer estratégias informativas. Minha pretensão é que o meu diploma – alicerce garantidor de um determinado emprego – não esteja impugnado pela Justiça. O diploma assegura os direitos do profissional, servindo de instrumento complementar. Sou convincente, partindo do pressuposto da integridade e da livre circulação de ideias, que nunca serei caluniado, injuriado ou difamado.
Nos três primeiros semestres de universidade, e nos outros cinco subsequentes, a perseverança na obstinação em trabalhar nas indústrias geradoras de comunicação – totalmente informatizadas em tempos de globalização – prossegue com ímpeto em meu ego. Planejo, além de concretizar conteúdos verídicos e verossímeis, disseminar e estabilizar meus círculos amistosos e de fraternidade em qualquer corporação onde ocuparei meu eterno e honorário ofício. Será o império das palavras e da cultura habitando em meu introspectivo. De certa forma, o Jornalismo ultrapassou o que antigamente era a minha carreira passional. Com caráter e ânimo evoluídos, o presente e o futuro são ocasiões adequadas para eu me atualizar.
Jornalistas, independentemente de veículo, de editoria ou de ramo, devem concordar com os conselhos e as orientações do seu superior. O seu trabalho é, portanto, rígido e disciplinado, desprezando-se distrações, inutilidades, sentimentalismos e outros personalismos. Brevemente, minha oportunidade chegará, talvez por meio de processo seletivo por estágio. As confidências, no entanto, são relegadas a segundo plano. Eu venero e permaneço venerando indubitavelmente – e sem oportunismo – o meu predileto e indelével amor pelo jornalismo, lendo e tecendo vocábulos com a intenção de redigir infinitas morfologias e vertentes jornalísticas.
Os textos que estou formulando e que irei formular em temporalidades subjacentes influirão no aparecimento de próximas safras de homens e mulheres de imprensa. Tendo como um dos fatores estigmatizantes a imparcialidade, obedecerei com fidelidade a esse princípio enquanto confeccionarei uma reportagem ou outras hierarquias jornalísticas a serem publicadas em um veículo subordinado a uma certa empresa de informação. Por serem agradáveis e sucintos, privilegiando a comunicabilidade – não existe nada de dúbio –, os textos e suas textualidades não devem haver nenhum vestígio de coloquialismo, pleonasmo ou rebuscamento. Devem abrir os portais para o espaço cognitivo dos contingentes sociais heterogêneos.
Bilhões de informações esperam por minha aptidão intelectual nos estágios básico, intermediário e avançado do meu curriculum vitae acadêmico e extra-acadêmico. Quando surgir prováveis deslizes durante o meu raciocínio no exercício de entrevistador, eles irão embora mais cedo para o meu confessionário. O pecado, por ser classificado como um ato humano, é uma atitude cotidiana que qualquer pessoa, não dependendo de sua qualidade, acaba cometendo. No entanto, aspirantes a um lugar cativo na imprensa escrita, televisiva ou radiofônica carregam a persistência em seu íntimo.
Peço clemência pelos deslizes cometidos durante a consulta de fontes, a coleta dos dados mais importantes e a apuração dos acontecimentos. Liberto meu espírito criativo a fim de difundir a realidade acerca do nosso tempo, o presente, além de valer-me do passado para investigar os fatos que me são interessantes. Apesar de considerar-me um futuro jornalista de sensibilidade simplória e objetiva, exercitarei trabalhos cujo nível de dificuldade não ultrapassa os 100% em qualquer circunstância. Meu papel in loco – externamente à redação – é focalizar um fato pré-selecionado ou selecionado imediatamente e desenvolvê-lo por intermédio de imagens e de textos.
Após eu entrar na fase mais madura, a fase idosa, perpetuarei na ativa, sentado na nobre cátedra do jornalismo. Desempenharei minhas obrigações, profissões e confissões até o meu repentino perecimento. Um exemplo de jornalista que, mesmo falecendo centenariamente, trabalhou incansavelmente foi Barbosa Lima Sobrinho (1897-2000), senhor magistral da imprensa brasileira. Presumindo de independência, seus ideais são primazes para a estruturação dos paradigmas jornalísticos hodiernos em nosso país. São raríssimos os casos de sujeitos com idades iguais ou superiores a cem anos aventurando-se nessa modalidade.
Nós, como seres vivos, germinamos em estágio embrionário no ventre materno, metamorfoseando-o em feto por poucos meses, até alcançarmos o momento exato da natalidade. Em seguida crescemos, reproduzimos e, por fim, morremos de velhice ou precocemente. A morte faz parte do ciclo natural de vida. Grandes jornalistas – editores, cronistas, repórteres, fotógrafos e redatores – nos partiram fisicamente, deixando-nos apenas suas majestosas obras e lições, hoje reservadas para pesquisas. Embora sendo incrédulo da preocupação acerca do meu falecimento na atividade jornalística, meu momento fúnebre estará por vir mais tarde.
Estou convicto quanto à minha pretensão de permanecer no exercício do meu inacreditável ofício predileto; portanto tenho a perspectiva de que nenhuma probabilidade de divórcio para com o mesmo não acarretará. Objetivando corroborar o meu esforço, serei sempre um comunicador produtivo, criando e acumulando mananciais de escritos no meu arquivo e nos centros de documentação dos meus futuros empregadores. Fazendo uso de diálogos concisos, entrevistarei uma pessoa anônima ou uma personalidade que melhor me for idônea, ligada a qualquer campo do conhecimento. Minha inteligência e meu modus operandi cogitam e logo concluem que todo o universo comunicativo continua conspirando a meu favor.
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