Exterminando a biodiversidade

Devastar as diferentes paisagens que compõem o infinito meio ambiente é cometer um pecado vultoso, contrário aos interesses e às aspirações humanistas. O ser humano, portanto, depende da vasta biodiversidade e dos seus complementos essenciais, como o oxigênio, para se sobreviver. Quem destrói alguma espécie animal ou vegetal que a constitui pratica de fato uma blasfêmia, conspirando contra a vida terrestre. E quem lança gases, resíduos e diversos produtos tóxicos também exerce igual atrocidade.

Com o aparecimento do primeiro homem na Terra, ele passou a desempenhar um papel crucial na construção e na formação do seu espaço geográfico. A princípio, ele vivia em plena e abundante harmonia com a natureza, sem causar nenhum impacto que lhe desagradasse. Mas foi a partir da Revolução Industrial que o homem foi modificando seu ambiente de forma avassaladora e irracional. Surgiram, então, as grandiosas indústrias, até hoje uma das culpadas pela atividade destrutiva e predatória da biosfera.

Vivemos numa sociedade contemporânea e industrial, na qual o contínuo progresso econômico, através do chamado capitalismo selvagem, exerce absoluto domínio sobre o desenvolvimento socioambiental. Por meio do capitalismo selvagem, que ambiciona majoritariamente o lucro em detrimento do cuidado com a população, o verde e o azul, duas cores que garantem a nossa fixação no planeta, estão se definhando. Dão lugar, infelizmente, ao preto e ao cinza, provenientes das queimadas e da poluição.

As marcas dessa ocupação predatória são universais e estão onipresentes. Como exemplos, no Brasil, temos a drástica redução de mais da metade da Floresta Amazônica e a cidade de Cubatão, em São Paulo, a mais poluída do país devido à presença constante das indústrias. São, obviamente, consequências do capitalismo selvagem. Esse sistema não prioriza a melhoria das condições sociais e a preservação biológica, quesitos fundamentais para a construção de uma sociedade longeva e harmônica, possível através da conscientização e da educação.

Maior floresta tropical do mundo, a Amazônia começou a ser irregularmente ocupada pela ação humana no início da década de 1970, no governo do general Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), em pleno “milagre econômico”, que, na realidade, não há nada de milagroso. O projeto consistia na abertura da rodovia Transamazônica – cujas obras nunca foram concluídas – e na implantação de montadoras de produtos eletroeletrônicos no Polo Industrial de Manaus, encravado na própria selva. Além disso, projetos agropecuários e minerais foram introduzidos na região.

Foi a partir dessa intervenção ambígua e polêmica que a região amazônica consolidou-se economicamente, graças, principalmente, à instalação de empresas originárias do Centro-Sul e do exterior por intermédio de incentivos fiscais adquiridos pelo Governo Federal aos empresários. Há, por trás do aparente progresso, o desmatamento florestal e as poluições aquática, atmosférica e do solo. Por isso, a Amazônia está deixando de lado a perspectiva de um paraíso banhado pelo fértil e exuberante Rio Amazonas e por seus afluentes. É a tentativa de bloqueio ao desenvolvimento sustentável.

O comprometimento da população de Cubatão pela poluição do ar e das águas torna-a suscetível à insalubridade do ambiente em que vive. Pessoas que entram em contato com as fumaças lançadas pelas chaminés das fábricas da cidade paulista são vulneráveis ao aparecimento de doenças associadas ao sistema respiratório, provocando, frequentemente, a morte imediata. Respirar e inalar prolongadamente o oxigênio poluído pela ação predatória do ser humano com gases tóxicos, como monóxido de carbono, é prejudicial à nossa saúde.

Em tempos de conscientização da população em defesa do desenvolvimento sustentável, o aquecimento global é uma das maiores vítimas da alteração progressiva do meio ambiente. Geleiras derretendo, climas mudando subitamente, fauna e flora sendo assassinadas... São sinais apocalípticos que estão por vir. Por conseguinte, uma tragédia natural já está sendo prenunciada por pessoas irresponsáveis, extinguindo a biodiversidade ao redor do mundo a qualquer momento. O aquecimento global, claro, é um dos produtos criados pelo capitalismo selvagem.

Desequilíbrio ecológico prejudicial à humanidade e a outros seres vivos que exercem reciprocidade na Terra. Temos que dizer um não veemente ao aquecimento global, ao desmatamento do extenso verde que reveste o planeta, à poluição dos mares, dos rios, dos lagos, das lagoas, do solo e do nosso tesouro superior, o oxigênio, responsável por nos dar uma sobrevivência perseverante. Vamos preservar o nosso bem maior, a natureza, que apesar da sua destruição ainda está em nosso alcance. Conservar o meio ambiente é sacrilégio de todos os que o amam e o respeitam com sinceridade.

Será possível todas as pessoas coabitarem nos dias atuais com o agravamento da destruição da biodiversidade que até certo momento estava ao seu alcance? Será possível que as gerações futuras continuem a respirar e a inalar os ares poluídos? Quando os culpados pela extinção das espécies e pela poluição da biosfera darão um insistente ponto final nisso? O resultado da catastrófica intervenção humana no meio ambiente ainda não tem ano, nem dia e nem hora exatos para terminar.

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