Edifício secular abriga memórias
O imponente Palácio Rio Branco, reinaugurado recentemente após uma grande restauração, preserva, além da sua arquitetura e decoração ostentadoras, a história da Bahia no Período Republicano
Ao entrar no edifício, o visitante se depara com a mais fina, nobre e irresistível ornamentação em estilos renascentista e neoclássico que compõe o seu conjunto artístico e histórico. Dois pilares cilíndricos em mármore servem de sustentáculo para o esplêndido portal alusivo ao trigésimo aniversário da Proclamação da República, ocorrido em 15 de novembro de 1919, data em que o palácio foi reinaugurado pomposamente pelo então governador Antônio Ferrão Moniz de Aragão, após sete anos de trabalhos de reconstrução. No teto, o brasão da República contendo o escudo circular azul com as cinco estrelas douradas da constelação do Cruzeiro do Sul e com as 20 estrelas em torno dele, também douradas, que representam as 20 unidades da Federação então existentes, complementa com esplendor o monumento.
O Memorial dos Governadores Republicanos, situado no térreo, é a oportunidade de os baianos e turistas mergulharem na história republicana do estado. Inaugurado em setembro de 1986, o memorial é segmentado em dois salões – o primeiro, com assoalho em madeiras clara e escura intercaladas, reúne 26 quadros com retratos dos governadores mais antigos, de Virgílio Climaco Damásio (1889 e 1890) a Landulfo Alves de Almeida (1938-1942); e o segundo, com assoalho em concreto, congrega 21 quadros com retratos dos gestores mais recentes, de Renato Onofre Pinto Aleixo (1942-1945) até o atual, Jaques Wagner (desde 2007). Seu acervo, de aquisição contínua, é integrado por 3 mil documentos pertencentes a coleções da maioria dos ex-governadores, entre indumentárias, acessórios, peças de mobiliário, talheres, insígnias, medalhas, condecorações, premiações, livros e jornais.
Pioneirismo
Construído em 1549, por iniciativa do primeiro governador-geral do Brasil, Thomé de Souza (1549-1553) na praça que hoje leva seu nome, o atual palácio, então denominado Casa do Governo, se confunde com a fundação, em 29 de março do mesmo ano, da cidade de Salvador, primeira sede administrativa da única colônia portuguesa das Américas. A primeira Casa do Governo, erguida em taipa e barro, foi uma das edificações pioneiras da nova cidade idealizadas pelo mestre de obras Luís Dias, com o propósito de Thomé de Souza residir, assim como todos os governadores-gerais que o sucederam durante o período em que Salvador era a capital do Brasil colônia. Para defender a Baía de Todos-os-Santos de invasões, o terceiro governador-geral, Mem de Sá (1558-1572), mandou erguer uma fortaleza de pedra e cal, em formato de torre.
Os invasores holandeses que se estabeleceram na Bahia passaram a ocupar a construção rudimentar em 10 de maio de 1624, depondo o governador-geral Diogo Mendonça Furtado (1621-1624), até a sua rendição, um ano depois. Em 1663, houve a primeira remodelação e ampliação, no governo de Francisco Barreto de Menezes (1657-1669), com o acréscimo do pavimento superior. Barreto de Menezes, por sinal, fora o mesmo governador-geral que mandou edificar a atual sede da Câmara Municipal de Salvador. De acordo com historiadores, a família real portuguesa, sob o comando da rainha D. Maria I, a Louca, incluindo seu filho, o príncipe regente D. João (mais tarde rei D. João VI), ao ser transferida para o Brasil em janeiro de 1808, desembarcando na Bahia, passou a morar na segunda Casa do Governo.
D. Pedro I, primeiro imperador, ao visitar a então província em 1826, se hospedou na Casa com todo o seu séquito, inclusive sua esposa, a imperatriz D. Leopoldina, e sua filha, a princesa D. Maria da Glória. No Segundo Reinado, o edifício foi utilizado, provisoriamente, como residência do imperador D. Pedro II e de sua mulher, a imperatriz Teresa Cristina, em 1859. As obras de reconstrução da Casa do Governo foram anunciadas em 16 de janeiro de 1890, dois meses após a Proclamação da República, pelo então governador Manuel Vitorino Pereira, o segundo do Período Republicano. Com orçamento de 150 contos de réis, os trabalhos tiveram início oito dias depois, sendo necessários melhoramentos estéticos e estruturais, sob a supervisão do engenheiro Alexandre Maia Bittencourt e do arquiteto Antônio Lopes Rodrigues.
Rebatizado de Palácio do Governo, o novo prédio foi reinaugurado durante as comemorações do 4º Centenário do Descobrimento do Brasil, em 21 de abril de 1900. Ganhou várias salas e vários salões, todos em estilo renascentista, cujos nomes, na maioria, referem-se a acontecimentos da História do Brasil e do mundo – Sala do Descobrimento, Sala dos Governadores, Sala Luís XIII, Salão Luís XIV, Salão Luís XV, Sala Assiriana, Sala Bizantina e Salão de Honra –, pinturas de Lopes Rodrigues e melhorias no sistema de iluminação, constituído por 800 bicos de gás. A segunda alteração no palácio, entretanto, teve breve duração.
Bombardeado por canhões
Em 10 de janeiro de 1912, Salvador foi vítima do maior bombardeio de sua história, ordenado pelos militares com o acionamento dos canhões nos fortes do Barbalho e de São Marcelo. Por problemas de saúde, o governador Araújo Pinho renunciara em 22 de novembro do ano anterior, fato este que culminou na intervenção federal na Bahia responsável pelo bombardeio da capital, atingindo vários prédios, como a Biblioteca Pública, hoje ocupada pelo Palácio Thomé de Souza, sede da Prefeitura, e o próprio Palácio do Governo. O monumento foi o mais atingido pelo incêndio, e teve grande parte de suas instalações consumidas pela tragédia, principalmente a ala esquerda, que foi completamente mutilada. Foi providenciada, no dia seguinte à tragédia, a transferência temporária da sede do governo para o Palácio das Mercês, residência oficial dos governadores.
José Joaquim Seabra, novo gestor, assumiu em 29 de março de 1912, prometendo reurbanizar a cidade já bombardeada. O projeto previa as obras de reconstrução e remodelação do Palácio do Governo, elaboradas pelo arquiteto italiano Júlio Conti. Promessa cumprida, trabalhos iniciados, sob o pretexto de reconstruir as partes bombardeadas no dramático 10 de janeiro e a demolição da antiga fachada. Com finalização atribuída ao engenheiro e arquiteto italiano Filinto Santoro, foi reinaugurado, em 15 de novembro de 1919, por Antônio Ferrão Moniz de Aragão, sucessor de J. J. Seabra, o magnífico e ostentador palácio em estilo neoclássico, rebatizado de Palácio Rio Branco. Seu nome é uma justa e imponente homenagem a José Maria de Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, patrono da diplomacia brasileira.
Foi com essa reabertura solene, realizada por ocasião dos festejos do trigésimo aniversário da Proclamação da República, que a edificação chegou a seu quarto – e atual – estágio, recebendo, na porção superior da fachada, uma ostensiva torre acrescida de uma abóbada semicircular. Devido ao crescimento da máquina administrativa, o Palácio Rio Branco foi ampliado estruturalmente em 1949. O edifício foi o centro das deliberações político-administrativas da Bahia por mais de quatro séculos, até 1979, quando a sede do governo estadual foi transferida para a Governadoria, no Centro Administrativo da Bahia (Cab), nas cercanias da Avenida Paralela. Por quatro anos – entre 1979 e 1983 –, abrigou temporariamente a Prefeitura Municipal de Salvador.
Celeiro memorial
No governo de João Durval Carneiro, foram executados os serviços de restauração completa do Palácio Rio Branco, sendo iniciados em 1984. Entregue à população em 26 de agosto de 1986 por João Durval, um dos mais belos patrimônios históricos e cartões-postais da capital baiana, além de transformar-se em celeiro da memória, passou a abrigar as sedes de duas autarquias estaduais – a Empresa de Turismo da Bahia S.A. (Bahiatursa) e a recém-criada Fundação Pedro Calmon - Centro de Memória da Bahia (hoje Fundação Pedro Calmon - Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia). Na antiga Sala de Banquetes, à direita das escadarias anglo-francesas, foi implantado, um mês após a reabertura, o Memorial dos Governadores Republicanos, objetivando resgatar a memória política na Bahia no Período Republicano, bem como a de seus gestores.
A última reforma, inaugurada há apenas um mês, foi o marco inaugural do Plano de Reabilitação Participativo do Centro Antigo de Salvador, anunciado em cerimônia pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo governador Jaques Wagner. O programa estimula a requalificação urbanística, arquitetônica, ambiental, econômica, cultural e social da região, e está sendo divulgado em exposição temporária na Sala de Audiovisual do palácio desde o dia 10 de junho. Mostrando para o público a cronologia evolutiva do Centro, do século XVI ao século XXI, os objetivos e as proposições do plano e um vídeo explicativo, a exposição terminará no dia 14 de novembro. Houve, após a restauração, a relocação do Memorial dos Governadores da Sala de Banquetes para um conjunto de dois salões, à esquerda das escadarias.
Composto por várias salas luxuosas, como o Salão dos Espelhos, a Sala dos Esquecidos e a Sala dos Despachos, segundo a museóloga Janaína Ilara, o pavimento superior do Palácio Rio Branco é pouco frequentado, pois recebe os visitantes em três dias alternados – terças, quintas e sábados – através de agendamentos. O palácio permanece aberto para a visitação pública em dois horários: das terças às sextas-feiras, entre as 10 e as 18 horas, e aos sábados, domingos e feriados, entre as 13 e as 17 horas. A entrada é gratuita, assegurando ao visitante a oportunidade de conhecer a memória cultural e política baiana e de aprofundá-la. Todas as segundas-feiras, são realizados trabalhos semanais de manutenção, higienização e limpeza, justificando o seu fechamento ao público, porém nos dias seguintes o passeio pela história não tem fronteiras.
Fachada é marcada pelo requinte ao ser influenciada pelo neoclassicismo
(Foto: Hugo Gonçalves)
Recentemente reaberto ao público após total restauração arquitetônica e estrutural e modernização de suas instalações, o Palácio Rio Branco, antiga sede de despachos e reuniões dos governadores da Bahia, preserva sua beleza, sua opulência, seu luxo e seu requinte, tanto na fachada quanto no interior, decorados com elementos deslumbrantes da miscelânea de tendências europeias. Uma das primeiras construções de Salvador, que sofreu diversas modificações em meados do século XVII, no final do século XIX e no início do século XX, foi reinaugurada em 10 de junho pelo governador Jaques Wagner, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula visitou Salvador com a missão de lançar o Plano de Reabilitação Participativo do Centro Antigo da capital.
Ao entrar no edifício, o visitante se depara com a mais fina, nobre e irresistível ornamentação em estilos renascentista e neoclássico que compõe o seu conjunto artístico e histórico. Dois pilares cilíndricos em mármore servem de sustentáculo para o esplêndido portal alusivo ao trigésimo aniversário da Proclamação da República, ocorrido em 15 de novembro de 1919, data em que o palácio foi reinaugurado pomposamente pelo então governador Antônio Ferrão Moniz de Aragão, após sete anos de trabalhos de reconstrução. No teto, o brasão da República contendo o escudo circular azul com as cinco estrelas douradas da constelação do Cruzeiro do Sul e com as 20 estrelas em torno dele, também douradas, que representam as 20 unidades da Federação então existentes, complementa com esplendor o monumento.
Decorado segundo tendências neoclássicas, teto do andar superior é um dos atrativos
(Foto: Hugo Gonçalves)
Portal comemorativo ao 30º aniversário da República: esplendor no interior, com destaque para o brasão
(Foto: Hugo Gonçalves)
O Memorial dos Governadores Republicanos, situado no térreo, é a oportunidade de os baianos e turistas mergulharem na história republicana do estado. Inaugurado em setembro de 1986, o memorial é segmentado em dois salões – o primeiro, com assoalho em madeiras clara e escura intercaladas, reúne 26 quadros com retratos dos governadores mais antigos, de Virgílio Climaco Damásio (1889 e 1890) a Landulfo Alves de Almeida (1938-1942); e o segundo, com assoalho em concreto, congrega 21 quadros com retratos dos gestores mais recentes, de Renato Onofre Pinto Aleixo (1942-1945) até o atual, Jaques Wagner (desde 2007). Seu acervo, de aquisição contínua, é integrado por 3 mil documentos pertencentes a coleções da maioria dos ex-governadores, entre indumentárias, acessórios, peças de mobiliário, talheres, insígnias, medalhas, condecorações, premiações, livros e jornais.
Pioneirismo
Construído em 1549, por iniciativa do primeiro governador-geral do Brasil, Thomé de Souza (1549-1553) na praça que hoje leva seu nome, o atual palácio, então denominado Casa do Governo, se confunde com a fundação, em 29 de março do mesmo ano, da cidade de Salvador, primeira sede administrativa da única colônia portuguesa das Américas. A primeira Casa do Governo, erguida em taipa e barro, foi uma das edificações pioneiras da nova cidade idealizadas pelo mestre de obras Luís Dias, com o propósito de Thomé de Souza residir, assim como todos os governadores-gerais que o sucederam durante o período em que Salvador era a capital do Brasil colônia. Para defender a Baía de Todos-os-Santos de invasões, o terceiro governador-geral, Mem de Sá (1558-1572), mandou erguer uma fortaleza de pedra e cal, em formato de torre.
Os invasores holandeses que se estabeleceram na Bahia passaram a ocupar a construção rudimentar em 10 de maio de 1624, depondo o governador-geral Diogo Mendonça Furtado (1621-1624), até a sua rendição, um ano depois. Em 1663, houve a primeira remodelação e ampliação, no governo de Francisco Barreto de Menezes (1657-1669), com o acréscimo do pavimento superior. Barreto de Menezes, por sinal, fora o mesmo governador-geral que mandou edificar a atual sede da Câmara Municipal de Salvador. De acordo com historiadores, a família real portuguesa, sob o comando da rainha D. Maria I, a Louca, incluindo seu filho, o príncipe regente D. João (mais tarde rei D. João VI), ao ser transferida para o Brasil em janeiro de 1808, desembarcando na Bahia, passou a morar na segunda Casa do Governo.
O contraste entre o antigo e o moderno caracterizam o Memorial dos Governadores, que, em dois salões, congrega retratos e pertences dos gestores
(Foto: Hugo Gonçalves)
D. Pedro I, primeiro imperador, ao visitar a então província em 1826, se hospedou na Casa com todo o seu séquito, inclusive sua esposa, a imperatriz D. Leopoldina, e sua filha, a princesa D. Maria da Glória. No Segundo Reinado, o edifício foi utilizado, provisoriamente, como residência do imperador D. Pedro II e de sua mulher, a imperatriz Teresa Cristina, em 1859. As obras de reconstrução da Casa do Governo foram anunciadas em 16 de janeiro de 1890, dois meses após a Proclamação da República, pelo então governador Manuel Vitorino Pereira, o segundo do Período Republicano. Com orçamento de 150 contos de réis, os trabalhos tiveram início oito dias depois, sendo necessários melhoramentos estéticos e estruturais, sob a supervisão do engenheiro Alexandre Maia Bittencourt e do arquiteto Antônio Lopes Rodrigues.
Rebatizado de Palácio do Governo, o novo prédio foi reinaugurado durante as comemorações do 4º Centenário do Descobrimento do Brasil, em 21 de abril de 1900. Ganhou várias salas e vários salões, todos em estilo renascentista, cujos nomes, na maioria, referem-se a acontecimentos da História do Brasil e do mundo – Sala do Descobrimento, Sala dos Governadores, Sala Luís XIII, Salão Luís XIV, Salão Luís XV, Sala Assiriana, Sala Bizantina e Salão de Honra –, pinturas de Lopes Rodrigues e melhorias no sistema de iluminação, constituído por 800 bicos de gás. A segunda alteração no palácio, entretanto, teve breve duração.
Bombardeado por canhões
Em 10 de janeiro de 1912, Salvador foi vítima do maior bombardeio de sua história, ordenado pelos militares com o acionamento dos canhões nos fortes do Barbalho e de São Marcelo. Por problemas de saúde, o governador Araújo Pinho renunciara em 22 de novembro do ano anterior, fato este que culminou na intervenção federal na Bahia responsável pelo bombardeio da capital, atingindo vários prédios, como a Biblioteca Pública, hoje ocupada pelo Palácio Thomé de Souza, sede da Prefeitura, e o próprio Palácio do Governo. O monumento foi o mais atingido pelo incêndio, e teve grande parte de suas instalações consumidas pela tragédia, principalmente a ala esquerda, que foi completamente mutilada. Foi providenciada, no dia seguinte à tragédia, a transferência temporária da sede do governo para o Palácio das Mercês, residência oficial dos governadores.
Logo após o bombardeio da cidade de Salvador, em 1912, J. J. Seabra mandou reconstruir o edifício, reinaugurado em 15 de novembro de 1919
(Foto: Hugo Gonçalves)
Palácio foi sede do governo por mais de quatro séculos
(Foto: Hugo Gonçalves)
José Joaquim Seabra, novo gestor, assumiu em 29 de março de 1912, prometendo reurbanizar a cidade já bombardeada. O projeto previa as obras de reconstrução e remodelação do Palácio do Governo, elaboradas pelo arquiteto italiano Júlio Conti. Promessa cumprida, trabalhos iniciados, sob o pretexto de reconstruir as partes bombardeadas no dramático 10 de janeiro e a demolição da antiga fachada. Com finalização atribuída ao engenheiro e arquiteto italiano Filinto Santoro, foi reinaugurado, em 15 de novembro de 1919, por Antônio Ferrão Moniz de Aragão, sucessor de J. J. Seabra, o magnífico e ostentador palácio em estilo neoclássico, rebatizado de Palácio Rio Branco. Seu nome é uma justa e imponente homenagem a José Maria de Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, patrono da diplomacia brasileira.
Foi com essa reabertura solene, realizada por ocasião dos festejos do trigésimo aniversário da Proclamação da República, que a edificação chegou a seu quarto – e atual – estágio, recebendo, na porção superior da fachada, uma ostensiva torre acrescida de uma abóbada semicircular. Devido ao crescimento da máquina administrativa, o Palácio Rio Branco foi ampliado estruturalmente em 1949. O edifício foi o centro das deliberações político-administrativas da Bahia por mais de quatro séculos, até 1979, quando a sede do governo estadual foi transferida para a Governadoria, no Centro Administrativo da Bahia (Cab), nas cercanias da Avenida Paralela. Por quatro anos – entre 1979 e 1983 –, abrigou temporariamente a Prefeitura Municipal de Salvador.
Antiga Sala dos Banquetes, hoje vazia, abrigou o Memorial dos Governadores antes da última restauração
(Foto: Hugo Gonçalves)
Celeiro memorial
No governo de João Durval Carneiro, foram executados os serviços de restauração completa do Palácio Rio Branco, sendo iniciados em 1984. Entregue à população em 26 de agosto de 1986 por João Durval, um dos mais belos patrimônios históricos e cartões-postais da capital baiana, além de transformar-se em celeiro da memória, passou a abrigar as sedes de duas autarquias estaduais – a Empresa de Turismo da Bahia S.A. (Bahiatursa) e a recém-criada Fundação Pedro Calmon - Centro de Memória da Bahia (hoje Fundação Pedro Calmon - Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia). Na antiga Sala de Banquetes, à direita das escadarias anglo-francesas, foi implantado, um mês após a reabertura, o Memorial dos Governadores Republicanos, objetivando resgatar a memória política na Bahia no Período Republicano, bem como a de seus gestores.
A última reforma, inaugurada há apenas um mês, foi o marco inaugural do Plano de Reabilitação Participativo do Centro Antigo de Salvador, anunciado em cerimônia pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo governador Jaques Wagner. O programa estimula a requalificação urbanística, arquitetônica, ambiental, econômica, cultural e social da região, e está sendo divulgado em exposição temporária na Sala de Audiovisual do palácio desde o dia 10 de junho. Mostrando para o público a cronologia evolutiva do Centro, do século XVI ao século XXI, os objetivos e as proposições do plano e um vídeo explicativo, a exposição terminará no dia 14 de novembro. Houve, após a restauração, a relocação do Memorial dos Governadores da Sala de Banquetes para um conjunto de dois salões, à esquerda das escadarias.
Composto por várias salas luxuosas, como o Salão dos Espelhos, a Sala dos Esquecidos e a Sala dos Despachos, segundo a museóloga Janaína Ilara, o pavimento superior do Palácio Rio Branco é pouco frequentado, pois recebe os visitantes em três dias alternados – terças, quintas e sábados – através de agendamentos. O palácio permanece aberto para a visitação pública em dois horários: das terças às sextas-feiras, entre as 10 e as 18 horas, e aos sábados, domingos e feriados, entre as 13 e as 17 horas. A entrada é gratuita, assegurando ao visitante a oportunidade de conhecer a memória cultural e política baiana e de aprofundá-la. Todas as segundas-feiras, são realizados trabalhos semanais de manutenção, higienização e limpeza, justificando o seu fechamento ao público, porém nos dias seguintes o passeio pela história não tem fronteiras.
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