Um eterno amor pelo poder

É absolutamente inegável compreender a história política contemporânea da Bahia analisando a ilustre, benemérita, honesta, memorável e indelével figura de um médico – formado academicamente, porém isento de exercer o ofício –, professor, jornalista, empresário, deputado estadual, deputado federal (por três mandatos consecutivos), prefeito, governador (por três mandatos) e senador (por dois mandatos). Louvado por uns e repudiado por outros, ele foi, apesar de todas as suas contradições, o maior, egrégio, íntegro, excelso e o mais imponente político que o nosso estado já teve nos últimos sessenta anos. O seu espírito fantástico e cativante influencia, há mais de cinquenta anos, novas gerações de parlamentares e de administradores. Receita bem-sucedida de um político que assegurou seu campo de influência das grandes cidades até os mais pequenos povoados.

Sinônimo de ação, de competência e de moralidade, esta honrosa figura que prevaleceu nos mais elevados escalões do poder certamente contribuiu para a sua revolução nos âmbitos baiano e brasileiro. Fez magníficas amizades com seus contemporâneos e correligionários, lançando nomes de todas as expressões como aliados. Construiu uma corrente ideológica cuja amplitude é extraordinariamente imensa, ajudou maciçamente na difusão nacional de seus coligados, modernizou radicalmente por três anos uma cidade que se tornou a terceira maior metrópole do Brasil, tentou silenciar seus adversários e conseguiu fazer do maior estado do Nordeste um dos mais desenvolvidos do país. Faleceu há três anos a serem completados amanhã, deixando um grandioso, justo e bem cuidadoso espólio, do qual fazem parte deputados estaduais e federais, prefeitos, dois senadores e um dos maiores sistemas corporativos e comunicacionais da região.

Compreender o papel que Antônio Carlos Peixoto de Magalhães, falecido num comovente 20 de junho de 2007 – dois meses antes de completar 80 anos –, exerceu durante toda a sua trajetória pública, marcada por avanços e reveses, é reavivar a sua memória eterna e equânime. Um dos cinco filhos do médico e professor Francisco Peixoto de Magalhães Neto e de Helena Celestino Peixoto de Magalhães, ACM, sigla pela qual ele se consolidaria popularmente em sua esfera de atuação, se encantava por Arlette Maron, sua futura esposa. Desejava, na mesma época, ser um influente líder, defensor do nosso indesprezível povo baiano. Sua paixão pela vocação político-administrativa se iniciara precocemente como líder estudantil no antigo Ginásio da Bahia – atual Colégio Central – e, mais tarde, na Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, onde se formou em 1952. Também presidiu o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da universidade.

O fiel vínculo de ACM para com a politica culminou como jornalista do extinto jornal vespertino O Estado da Bahia, dos Diários Associados, grupo dirigido em escala estadual pelo amigo e jornalista Odorico Tavares (1912-1980), e como redator de debates na Assembleia Legislativa. Por esta casa, ele teve sua estreia no radiante currículo político, elegendo-se deputado estadual em 1954 pela União Democrática Nacional (UDN), através do ex-governador Juracy Magalhães, que não era seu parente. Na ocasião, apoiou Antônio Balbino (PTB) para governador, que foi eleito, fazendo parte da sua bancada. Balbino venceu o professor e historiador Pedro Calmon (Partido Social Democrático - PSD), irmão de Jorge Calmon – um dos magnos e eloquentes personagens que o nosso jornalismo já teve – por uma aliança entre a UDN e o PTB, duas legendas de posicionamentos ideológicos contraditórios.

Possuindo integridade e ética ao defender e representar sua amada terra, o jovem parlamentar garantiu, ainda pela UDN, seu primeiro mandato de deputado federal em 1958. Assumindo a cadeira no ano subsequente, foi nesse período em que ele iniciou seu convívio e sua amizade com outra liderança nordestina da modernidade, então em ascensão – o maranhense e correligionário José Sarney, advogado por formação. Apoiou o governo de Juscelino Kubitschek e testemunhou a inauguração de Brasília, a nova capital. Reeleito em 1962, ACM, enquadrado na Ação Democrática Parlamentar – coalizão de deputados e senadores conservadores, liderados pela UDN e grande parte do PSD – foi um dos críticos impactantes das propostas do então presidente João Goulart, o Jango, a exemplo das reformas de base. Com o intuito de inibi-las, Antônio Carlos transformou-se num dos perseverantes articuladores civis do vitorioso movimento militar de 31 de março de 1964.

Conjuntura que determinou os rumos sociais, políticos e econômicos do Brasil, o golpe – ou "Revolução" para seus confiantes – ensejou o vertiginoso êxito carlista, com direito a uma retórica incomparável e oscilante, vigente até a expiração súbita da vida física do seu líder, aos 79 anos. O então deputado federal Antônio Carlos Magalhães era apoiador de primeira hora do regime recém-instaurado, sob o ostensivo comando do marechal cearense Humberto de Alencar Castelo Branco, eleito o novo chefe supremo da nação pelo Congresso Nacional. Representantes da UDN, uma das apoiadoras do golpe, incluindo ACM, agregaram-se, após a instauração do bipartidarismo outorgado pelo Ato Institucional nº 2 (AI-2), em 1965, na Aliança Renovadora Nacional (Arena), sustentáculo do regime "revolucionário". Por essa nova legenda, foi reeleito deputado federal em 1966, o mais votado na Bahia em segunda colocação.

Sob o beneplácito de Castelo, ex-chefe do Estado-Maior do Exército, ACM licenciou-se da Câmara dos Deputados com a primordial missão de se aventurar, de maneira inédita, no Poder Executivo. Recebeu das mãos benignas de Luiz Viana Filho, primeiro governador eleito indiretamente pela Assembleia Legislativa – fora indicado por Castelo – a Prefeitura Municipal de Salvador, assumindo o cargo em 13 de fevereiro de 1967. Tendo por objetivo singular e primaz a metamorfose urbanística e social, a profícua gestão de ACM à frente da administração municipal revolucionou grandiosamente a paisagem da capital. Imprimiu, portanto, mudanças bruscas e incólumes no cotidiano popular da cidade, executando centenas de obras e ações, atributos que lhe assegurou o glorioso título de Prefeito do Século pela Câmara Municipal três anos depois.

A primeira experiência do parlamentar licenciado no Executivo, por implementar gigantes e eficientes avenidas de vale, visando contornar a acidentada topografia soteropolitana, e viadutos, além de reurbanizar ruas e outras avenidas já existentes, foi uma façanha que lhe rendeu prestígio, júbilo, abnegação e abundante consonância com todos os segmentos societários. Paralelamente, ACM lamentou a perda do seu pai, Francisco de Magalhães Neto, em março de 1969, manifestando pêsames e condolências ao povo de Salvador. No mesmo mês e mesmo ano, um dos mais célebres logradouros da cidade, a avenida que leva o nome do então prefeito, foi inaugurado solenemente. Homenagem que lhe foi prestada por intermédio da aprovação popular majoritária, sendo o eixo propulsor da transformação civilizatória. Sua convincente e esplêndida atuação lhe garantiu, com o aval dos militares, o ingresso para o Governo do Estado da Bahia.

Depois de consagrar-se em solenidade pública na casa de vereança como o Prefeito do Século, em abril de 1970, ACM regressou a Brasília para concluir o mandato de deputado federal em sua terceira e última legislatura, a pretexto de tornar-se governador da Bahia. O lugar mais alto da prefeitura foi ocupado pelo advogado e sacerdote batista Clériston Andrade, corregedor-geral do município, dando continuidade aos projetos de ACM até 1975. Clériston concorreria ao governo em 1982, mas no mesmo ano um desastre de helicóptero durante a campanha o matou. Nomeado pelo então presidente Emílio Garrastazu Médici, ACM foi eleito para o governo estadual por voto indireto pela Assembleia Legislativa em outubro do mesmo ano. A primeira gestão, iniciada em 15 de março de 1971, trouxe progressos significativos à Bahia, tornando-se um dos estados do Nordeste com níveis elevados de crescimento econômico. Teve início, por conseguinte, a doutrina pela qual denominamos de carlismo.

Foi nesse contexto que houve a criação da Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. (Embasa), encarregada de gerir o abastecimento de água e o esgotamento sanitário e de inspecionar a construção do emissário submarino. Como consequência da hipertrofia de repartições públicas no Centro antigo de Salvador, nosso estado ganhou seu Centro Administrativo nas proximidades da Avenida Luiz Viana Filho – curiosamente, o governador que fez de ACM prefeito –, logo cognominada Paralela. Mesmo à frente do governo baiano, auxiliou o então gestor soteropolitano Clériston no prosseguimento metamórfico da urbe. Deixou a administração estadual em 1975, sendo sucedido pelo professor e ex-reitor da Ufba Roberto Figueira Santos, também indicado à sombra dos militares, filho de Edgard Santos, reitor da instituição. Nesse mesmo ano, foi escolhido pelo então presidente Ernesto Geisel para a presidência da Eletrobrás, tendo a incumbência de construir a Hidrelétrica de Itaipu, outrora a maior do mundo.

Toninho Ternura, como ACM era carinhosamente apelidado por seus simpatizantes e amigos, voltou ao comando dos baianos ao ser nomeado pela segunda vez pelo próprio Geisel, em setembro de 1978, com o propósito de retomar o desenvolvimento, dando-lhe consistência e mérito magnânimos. Sua segunda assunção ao cargo máximo do maior estado nordestino ocorreu em 15 de março de 1979, sob o esclarecimento de superar os êxitos alcançados desde seus primórdios no Executivo, quando ascendeu à Prefeitura da capital. Criou a Cesta do Povo, rede de supermercados públicos que logo se tornou sua importante marca desta gestão; atendeu prioritariamente o oeste, implantando cultivos de grãos, com profundo destaque para a soja; fundou a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) e aprimorou o fluxo do sistema ferry-boat, adquirindo mais embarcações e ampliando a ligação pelos terminais marítimos de São Joaquim e Bom Despacho, na ilha de Itaparica.

No meio do caminho, o ilustríssimo político, cujos amor, fascínio e fidelidade pela Bahia são extraordinariamente compatíveis com suas ideias e seus ideais longânimes, demitiu o então prefeito da capital, Mário Kertész, em novembro de 1981. Kertész, que fora chefe de gabinete da Secretaria das Finanças na gestão municipal de ACM, e primeiro titular da Secretaria do Planejamento, Ciência e Tecnologia – hoje desmembrada em duas pastas – em seu primeiro experimento em âmbito estadual, desentendeu-se com o então governador. Voltaria ao comando da cidade pelo voto direto, em 1985, filiado ao PMDB, com expressiva contribuição de setores de esquerda. O ex-político, breve desafeto do carlismo, reconciliando com o mesmo em seguida, atua no setor de telecomunicações, como proprietário e radialista da Rádio Metrópole FM (frequência FM 101,3 MHz).

Para a campanha pelo restabelecimento das eleições diretas para governador, em 1982, Antônio Carlos escolheu pessoalmente o ex-prefeito de Salvador, Clériston Andrade, como candidato do Partido Democrático Social (PDS) – sucedâneo da Arena, fundado com a volta do pluripartidarismo, em fins de 1979 –, a legenda oficial, à sua sucessão. No desenrolar da disputa, Clériston morreu em acidente de helicóptero durante comício pelo interior, no primeiro dia de outubro de 1982. ACM, então, escolheu o ex-prefeito de Feira de Santana João Durval Carneiro, na época deputado federal, para substituí-lo. Apesar de possuir extrema penetração em municípios interioranos, João Durval – que mais tarde iria romper com seu chefe – ainda era timidamente conhecido pelo eleitorado de Salvador. Mais uma proeza carlista foi confirmada, desta vez por via democrática: o feirense foi eleito governador em 15 de novembro, e empossado no ano seguinte.

Acabou sendo, em 1984, um dos articuladores da eleição indireta do peemedebista moderado Tancredo Neves à sucessão presidencial após a rejeição, pela Câmara, da emenda restabelecendo eleições diretas. Eleito Tancredo, cujo vice era o então senador pelo Maranhão e seu contemporâneo José Sarney, outro egresso da ditadura, indicado ACM para o Ministério das Comunicações. Com a luxuosa colaboração de Roberto Marinho, ACM foi nomeado para a pasta momentos antes de inaugurar sua própria emissora de televisão, a TV Bahia, pontapé inicial para o maior império de comunicações do Norte/Nordeste. Com transmissões pelo estado iniciadas em 10 de março de 1985, a TV Bahia foi a segunda corporação midiática carlista – a primeira fora o jornal Correio da Bahia, lançado em 1979 (hoje, simplesmente, Correio, seguido de um simbólico e atraente asterisco em sua logomarca: Correio*). Tancredo, para infelicidade geral da nação, faleceu, e Sarney definitivamente apoderou-se do Planalto para restaurar as nossas aspirações e as nossas diretrizes democráticas.

ACM permaneceu no Ministério das Comunicações durante todo o período Sarney, cuja gestão era impactada pela ampliação da política de concessões de serviços de rádio e TV a seus amigos e familiares em troca de favores e privilégios do governo. Portanto, essa estratégia pragmática governamental é conhecida como clientelismo ou apadrinhamento político, fenômeno frequentemente materializado em todo o território brasileiro. Com o propósito de ampliar seu grupo empresarial – integrado, além da TV Bahia e do Correio da Bahia, por um estabelecimento gráfico e por uma firma de construção civil, ambas batizadas de Santa Helena, o então ministro conseguiu do Governo Federal cinco concessões de TV e dezenas de concessões de rádio. Quanto às últimas, o Ministério das Comunicações, representado pelo ex-governador, oferecia-as em nomes de correligionários e de terceiros. Montava-se, então, seu variegado espectro comunicativo, objetivando de norte a sul a difusão do seu personalismo político-ideológico.

Restabelecidas as eleições democráticas para presidente em 1989, as eventuais oportunidades de liberdade contagiaram generosamente a população. Em ambos os turnos, ACM hipotecou seu apoio a Fernando Collor de Mello, eleito com a colaboração majoritária das forças que haviam participado do regime militar. Preparava-se, assim, seu retorno em grande estilo ao governo da Bahia, desta vez pelo sufrágio direto e secreto, logo no primeiro turno, em outubro de 1990, pelo Partido da Frente Liberal (PFL), legenda pela qual esteve filiado desde janeiro de 1986. Embalada por uma deslumbrante, fascinante e emocionante campanha publicitária, assinada pela agência Propeg, e impulsionada pelo maravilhoso jingle ACM, meu amor, de Gerônimo e Vevé Calazans, o líder de uma complexa constelação celebremente dita por carlismo ressurgiu das cinzas como Fênix. Desde o princípio, sua campanha que o ressuscitou no poder estava sob a égide das três cores integrantes da bandeira da Bahia – azul, vermelha e branca –, uma espécie de "patriotismo" exacerbado.

Seus perseverantes e duradouros sentimentos de Ação, Competência e Moralidade – slogan magistral e antológico formado a partir das três letras constitutivas da sigla do novo governante – no Palácio de Ondina foram reconduzidos no estado a partir de 15 de março de 1991, perpetuando por dezesseis anos ininterruptos. O vice de ACM em sua terceira gestão era o geólogo Paulo Souto, também secretário da Indústria, Comércio e Turismo, eleito governador três anos mais tarde com seu aval plenipotenciário. Iniciava-se, assim, a escalada progressiva para a recuperação política, social, econômica e cultural baiana, que até então encontrava-se em gradual decadência. Reabriu a Cesta do Povo após longo período de estagnação financeira, reformou escolas e construíram-se novas, fomentou o turismo – cuja política direcionada ao setor era chefiada por Paulo Gaudenzi, então presidente da Bahiatursa – incentivou a cultura, com a restauração do Pelourinho, a reabertura do Teatro Castro Alves em 1993, após quatro anos de desativação, e o estímulo à produção artística.

Também propiciou o desenvolvimento industrial, importante arcabouço para a sobrevivência da nossa economia, e reformou o Centro de Convenções da Bahia, incluindo neste projeto a inauguração do Pavilhão de Feiras. Entregou aos rodoviários novas estradas para escoar a nossa produção agropecuária e industrial e reformaram-se aquelas já existentes. Seguindo essa filosofia, todos os governos carlistas que sucederam a Antônio Carlos Magalhães implantaram, por ações objetivas e subjetivas, propostas audaciosas modernizadoras rumo ao século XXI. Em virtude de não haverem reeleições para os cargos executivos no Brasil, ACM não deixou o governo em 1994 nas mãos de seu vice Paulo Souto, eleito legalmente. Deixou, num primeiro momento, para o honrado desembargador Ruy Trindade, então presidente do Tribunal de Justiça e, um mês depois, ao deputado Antônio Imbassahy, que à época presidia o Poder Legislativo estadual.

Eleito senador ainda no mesmo ano, compartilhando a vaga com o então deputado federal Waldeck Ornelas – seu ex-secretário do Planejamento de 1982 a 1986 (ainda nesta fase, permaneceu à frente da pasta na gestão de João Durval) e de 1991 a 1994 –, ACM apoiou Paulo Souto como candidato a governador, eleito no segundo turno. Como senador em sua primeira legislatura, no governo de Fernando Henrique Cardoso, foi eleito por duas vezes seguidas presidente do Senado e, automaticamente, do Congresso Nacional (1997-2001). Nos quatro anos consecutivos, conseguiu fazer seus sucessores – César Borges (1998), atualmente senador da República, e Paulo Souto novamente (2002). Reconduziu à Câmara Alta em 2002, em parceria com César Borges, tendo Souto – então senador – também reconduzido ao poder, nesta acepção ao governo do estado, após denúncias que pareciam dar um retrocesso ao seu eminente currículo, com quase cinquenta anos de vida pública.

O tão desejado regresso de ACM ao Senado representava a sua superação ética pós-crise, restituindo seu mérito, sua magnitude, sua coerência e sua integridade política. Paralelamente à sua moral consciente, integrava a bancada oposicionista à gestão do atual presidente Lula no Congresso, como presidente da Comissão de Constituição e Justiça. Neste ínterim, o carlismo, simbolizado por uma das mais respeitadas, admiradas e simpáticas autoridades brasileiras, sofreu suas últimas amargas derrotas, prenunciando seu gradativo ocaso. Seu candidato à prefeitura de Salvador, o companheiro de Senado César Borges, perdeu no segundo turno em 2004 para o atual prefeito João Henrique Carneiro, então no PDT, beneficiado por um amplo leque de alianças partidárias de oposição. Dois anos depois, Paulo Souto, que tentava reeleger-se governador, foi vencido surpreendentemente no primeiro turno pelo atual gestor Jaques Wagner, pondo um veemente ponto final nos dezesseis anos de dominação carlista.

Perdendo dezenas aliados com o passar do tempo, como Mário Kertész, Benito Gama, João Durval, Otto Alencar e outros, Antônio Carlos Magalhães era um dos poucos políticos vitalícios que o Brasil já teve, apesar da constante renovação nos quadros governamental e parlamentar. O dia 20 de julho de 2007 foi, para ele, seu último suspiro, seu último exercício, seu derradeiro momento de vitalidade. Aos 79 anos, sua imunidade física e psicológica e sua circulação sanguínea paralisaram, partindo-se naquele dia, no Instituto do Coração (Incor), em São Paulo. Notícias e mensagens provenientes de todo o país anunciaram a despedida de ACM, cujos falecimento e funeral abalaram o sentimento da nação. Estava, enfim, encerrada a longeva e prestigiada jornada de ACM, consentânea com seus populares dominados. Contudo, seu legado apresenta a intensa luminescência que fulgura acerca do povo baiano.

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