Estudo mostra que mais de 90% dos alunos concluem nível médio sem saber Matemática
De
acordo com dados de ONG baseados em exames do Ministério da
Educação, apenas 9,3% obtiveram aprendizado adequado na disciplina
em 2013
Com
informações da Agência Brasil e do portal G1
Além de Matemática, índice de aprendizado em Português no terceiro ano do Ensino Médio também caiu, indo de 29,2% para 27,2%
(Foto: Divulgação)
Mais
de 90% dos estudantes no Brasil concluíram o Ensino Médio em 2013
sem o aprendizado adequado de Matemática, de acordo com estimativas
do Movimento Todos pela Educação. A pesquisa, elaborada com base na
Prova Brasil e no Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Básica (Saeb) (leia
abaixo),
comprova ainda que somente 9,3% dos alunos assimilaram o conteúdo
considerado adequado pelo movimento.
Em
comparação com o índice anterior, divulgado pela organização
não-governamental (ONG) em 2011, quando 10,3% dos alunos aprenderam
a disciplina adequadamente, o percentual diminuiu. Além da queda em
Matemática, o nível de aprendizado em Português declinou no
terceiro ano do Ensino Médio, de 2011 para 2013, fazendo descer de
29,2% para 27,2% a quantidade de alunos com aprendizado adequado.
“É
o terceiro ano consecutivo em que cai o aprendizado em Matemática e
agora caiu também em Português. É um grito de socorro. O ensino
médio está piorando no Brasil”, alertou a diretora-executiva do
Todos pela Educação, Priscila Cruz, à Agência Brasil.
Segundo
ela, o país não possui oficialmente indicadores mais claros e
precisos no tocante à aprendizagem das disciplinas em cada nível de
escolaridade. No entanto, o movimento estabelece metas para que em
2022, ano do bicentenário da independência brasileira, seja
garantido o direito à educação de qualidade para todas as crianças
e jovens.
A
pesquisa também levou em consideração outro fator, as metas
intermediárias de aprendizado. Priscila avaliou que o aprendizado
considerado adequado não implica um nível avançado de domínio da
disciplina, correspondendo, portanto, às suas noções básicas.
“Em
Matemática, são 90% não aprendendo esse básico. Pode parecer
exagero, mas de certa forma não é. Estamos negando um futuro digno
para eles, que não conseguem ter acesso ao básico da Matemática,
não conseguem avaliar um contrato de aluguel ou projetar o que pagam
de juros em uma prestação. É o básico para viver”, disse.
Quinto
ano teve melhoras
Os
dados demonstram ainda que, no Ensino Fundamental, o quinto ano foi a
única etapa que apresentou melhoras expressivas. Nessa fase, o
percentual de estudantes com aprendizado adequado em Português subiu
de 40% em 2011 para 45,1% em 2013; e em Matemática, o índice
oscilou de 36,3% em 2011 para 39,5% no ano passado.
Já
no nono ano, de acordo com o estudo do Movimento Todos pela Educação,
a quantidade de alunos com aprendizado adequado em Português teve um
pequeno avanço, indo dos 27% verificados em 2011 para 28,7% em 2013;
e em Matemática o índice seguiu na direção inversa: caiu de 16,9%
para 16,4%.
Pelos
critérios da ONG, o Brasil não cumpriu nenhuma das metas
intermediárias, nem mesmo no quinto ano. O país também não
alcançou nenhuma das metas no nono ano e no Ensino Médio, nem mesmo
nos 26 estados e no Distrito Federal.
“É
fundamental repensar Ensino Médio, que ficou por anos estagnado e
agora apresenta retrocesso de seus indicadores, e também ter
políticas focadas nos anos finais do Ensino Fundamental, que já
demonstram estagnação em patamares muito baixos de proficiência”,
persuadiu Priscila Cruz.
Currículo
necessita de revisão urgente, propõe Priscila, do Todos pela
Educação
(Foto:
Guilherme Bessa/Divulgação)
Modelo
desigual
Para
a diretora-executiva da ONG Todos pela Educação, os dados revelam
que o modelo pedagógico adotado pelo Brasil no primeiro ciclo do
Ensino Fundamental, que engloba o primeiro ao quinto ano, mostra
resultados e merece mais investimento, embora a meta não tenha sido
cumprida.
Ao
contrário, esse fenômeno não ocorre com os modelos adotados nos
anos finais do Ensino Fundamental, do sexto ao nono, e no Ensino
Médio. “É como nadar e morrer na praia. De que adianta melhorar o
Fundamental I e chegar ao Fundamental II e Médio e o aluno não
aprender?”, questionou.
Entre
as diferenças evidenciadas por Priscila é que, até o quinto ano, a
metodologia de ensino é mais focada. Defensora de uma profunda
reforma de métodos pedagógicos, ela reivindica a inclusão de novas
tecnologias e da internet nas escolas, além de uma revisão urgente
do currículo escolar. “O currículo é inchado, disperso, tem a
ganância de fazer com que o aluno aprenda tudo, enquanto, na
verdade, ele não aprende nada”, salientou.
Exames do MEC avaliam qualidade do ensino no país
Desenvolvidos
pelo Ministério da Educação (MEC), através do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a Prova
Brasil e o Saeb são instrumentos para diagnosticar a qualidade do
ensino – público e privado – ofertado pelo sistema educacional
brasileiro a partir de testes padronizados e questionários
socioeconômicos.
A
Prova Brasil, oficialmente denominada Avaliação Nacional do
Rendimento Escolar (Anresc), é um dos componentes do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), considerado um
indicador essencial para verificar a qualidade do ensino.
As
notas do exame se dividem em dez níveis por escala de pontos, de
abaixo do nível 1 ao nível 9. O Movimento Todos pela Educação, no
entanto, reorganiza a escala em quatro níveis de proficiência:
insuficiente e básico (abaixo do adequado), proficiente e avançado
(dentro do adequado).
O
Saeb, contudo, se alicerça na gestão dos sistemas educacionais.
Tanto essa avaliação quanto a Prova Brasil, cujas médias de
desempenho servem de critério para calcular as notas do Ideb, têm
caráter amostral, ou seja, nem todas as escolas participam.
Comentários
É por causa disso que eu prefiro morar em casas...
Um abraço
Lázaro Oliveira