Conduzir bicicleta corretamente ajuda a evitar problemas
Utilização inadequada do veículo
pode trazer diversos prejuízos aos ciclistas, como dores na coluna,
lesões musculares, artroses e hérnias de disco
Com
informações do jornal A Tarde
Pesquisa da USP mostra que cerca de
30% dos ciclistas brasileiros sofrem ou já sofreram lesões na
coluna e/ou na musculatura
(Foto:
Divulgação)
A prática de modalidades esportivas e
de lazer ao ar livre, a exemplo do ciclismo, propicia aos indivíduos
um exercício prazeroso, em especial no verão e em períodos
ensolarados. Entretanto, os esportistas exigem cautela e atenção
rigorosas quanto à correta utilização da bicicleta, evitando
possíveis danos ao seu bem-estar nos momentos que antecedem o ato de
pedalar.
Dados do estudo Ergonomia aplicada
ao design de produtos:
um estudo de caso sobre o design
de bicicletas, da pesquisadora da Universidade de São Paulo
(USP) Suzi Mariño Pequini, evidenciam que aproximadamente 30% dos
ciclistas brasileiros, profissionais ou amadores, sofrem ou já
sofreram de dores na coluna vertebral e/ou problemas musculares, em
razão do uso inadequado do meio de transporte não motorizado e não
poluente.
Ainda segundo o levantamento, entre as
consequências mais recorrentes da prática incorreta do equipamento
estão as lesões musculares, hérnias de disco (que ocasionam dores
na coluna lombar), artroses (doenças nas articulações),
tendinites, incontinência e infecções urinárias e problemas de
ereção nos homens.
Também pode, além dessas doenças,
haver incidências dolorosas nas regiões lombar e cervical, nos
joelhos e nas panturrilhas. É o que adverte o educador físico e
fisioterapeuta Marcelino Lima, especialista em osteopatia, em
entrevista recente ao jornal A Tarde.
Com a finalidade de inibir os
incômodos músculo-articulares, o médico recomenda que os
ciclistas, sobretudo aqueles que praticam o esporte de forma
eventual, verifiquem a altura e as condições do selim, que é o
banco da bicicleta, a distância do guidom e o tamanho do quadro,
estrutura localizada entre o selim e o guidom. “O mercado possui
uma variedade de bicicletas, das mais simples às mais equipadas.
Porém, é possível obter conforto ao pedalar após ajustes
simples”, informou.
Regular altura é essencial
Marcelino considera a regulação da
altura do selim como elemento fundamental para manter o conforto e a
saúde ao conduzir o veículo portátil de duas rodas. “Um banco
muito baixo requer que se dobre ainda mais o joelho, o que pode
acabar machucando-o, além de causar lesões no quadril”, alertou.
Para efetuar o ajuste da bicicleta, é
necessário que o ciclista se posicione ao lado do equipamento e erga
o selim até a altura do osso pélvico, também chamado bacia. “Nesse
tamanho, o ciclista vai tocar o chão apenas com a ponta do pé”,
elucidou o fisioterapeuta.
Ele também afirma que é preciso
levar em conta o conforto do selim, que não pode ter uma espessura
muito rígida. De acordo com o especialista, esse aumento pode
ocasionar a compressão excessiva do nervo pudendo, situado na região
genital.
Segundo Marcelino Lima, o ciclista
deve manter a coluna ereta durante todo o tempo da pedalada. “É
comum, ao pedalar, flexionar a coluna para frente de forma excessiva.
Se posicionar bem sobre o veículo é a melhor maneira de evitar
dores”, endossou.
Após começar a usar a bicicleta
com mais frequência, Márcia percebeu que as dores provocadas pela
hérnia reduziram significativamente
(Foto:
Eduardo Martins/Agência A Tarde)
Sinais
de alívio
Quem manobra adequadamente a bicicleta
percebe indícios significativos de recuperação das lesões na
coluna e na musculatura. Usuária do equipamento como meio de
transporte desde 2009, quando decidiu colocar seu carro à venda, a
designer Márcia Meneses, 41 anos, se livrou das dores decorrentes de
uma hérnia de disco, depois de ela começar a pedalar assiduamente.
Embora seja obcecada por ciclismo,
Márcia dispunha de tempo insuficiente para se exercitar em função
do trabalho. “Eu passava muitas horas sentada. Quando comecei a
usar mais a bicicleta, percebi que as dores provocadas pela hérnia
reduziram bastante”, contou, em depoimento ao jornal A Tarde.
A fim de se sentir mais confortável,
a designer também se preocupa com a postura. Por isso, ela optou
pelo uso de uma bicicleta sem marchas que, na sua opinião, parece
ser mais leve e cômoda, e seguiu todos os cuidados em adaptá-la
conforme sua estatura. “Como pedalo por toda a cidade, procuro
permanecer numa posição ereta”, declarou.
Por sugestão de um ortopedista, o
ciclismo passou a ser incorporado aos hábitos de vida do aposentado
João Jorge Araújo, 64, para tonificar os músculos da perna
após ficar sete meses sem se exercitar em virtude de uma intervenção
cirúrgica. “Sentia que não tinha muita firmeza ao caminhar. A
bicicleta me deu mais força e segurança”, disse.
Ajuste à estatura
Tanto a altura do selim quanto o
tamanho do quadro devem ser compatíveis com a estatura do ciclista.
Além do ajuste, faz-se necessário analisar o modelo ideal ao
adquirir o veículo. Em função disso, o educador físico Alberto
Cerqueira, proprietário de uma loja especializada em equipamentos de
ciclismo, aconselha aos esportistas a busca viável por um serviço
personalizado.
“Para cada estatura, existe um
tamanho indicado que vai do pequeno ao extragrande. Os supermercados
e lojas de departamento não dispõem de profissionais habilitados
para um atendimento orientado”, recomendou o empresário.
Procurar saber a real intenção de
uso da bicicleta é primordial antes da compra do equipamento,
conforme orienta Alberto. “O modelo urbano comum (até R$ 400)
é ideal para o lazer. Como transporte, pode-se escolher uma urbana
com marchas (até R$ 1.000). Para profissionais e esportistas,
existem as mountain bikes ou speeds (cujos preços
variam de acordo com a necessidade do ciclista)”, informou.
O educador físico ressalta ainda que,
para que a bicicleta obtenha mais comodidade, existem no mercado acessórios
para incrementá-la, como bancos de gel, cestas e lanternas. Os
valores desses produtos, segundo ele, são variáveis conforme o
fabricante e a necessidade do ciclista.
Cuidados para uma pedalada
saudável
Especialista aponta as posições
corretas da coluna (1), do selim (2) e dos braços (3), além do
tamanho adequado do quadro (4) e do ajuste do selim de acordo com a
altura (5)
(Infografia: Editoria de Arte/A
Tarde)
1) A coluna deve estar sempre reta na
posição mais relaxada possível. Para obter uma posição
confortável, incline somente o quadril.
2) O selim também deve estar
confortável, evitando a compressão excessiva do nervo pudendo, na
área genital.
3) Os braços precisam estar sempre
semiflexionados a fim de evitar sobrecarga nas articulações do
cotovelo.
4) O tamanho do quadro da bicicleta
deve ser compatível com a altura do ciclista. Ao comprar o veículo,
o esportista deve informar sua altura ao vendedor para que, em
seguida, o funcionário da loja indique ao ciclista o tamanho ideal.
5) O selim deve ser levantado de
maneira a estar na altura do osso pélvico (bacia). Para ajustá-lo,
posicione-se em pé ao lado da bicicleta e regule a altura do banco.
Fonte: Marcelino Lima, educador físico
e fisioterapeuta ouvido pela reportagem de A Tarde
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