Viveiro cuida de animais maltratados no litoral norte
Recinto
dentro de reserva da Mata Atlântica é monitorado à
distância para reduzir intervenção do homem no tratamento de
espécies em situação de risco
Com
informações do Jornal Hoje,
da TV Globo
Cinco
câmeras monitoram diariamente a rotina das espécies, além de
observar se elas têm algum problema
(Foto:
Reprodução/TV Globo)
Através
de sistema de monitoramento à distância, animais em situação
de risco ou que sejam vítimas de maus tratos estão recebendo
cuidados especiais de biólogos em um viveiro encravado na Mata
Atlântica, no litoral norte baiano. O recurso ajuda a reduzir a
interferência do homem no tratamento das espécies da fauna do local
até a sua devolução ao respectivo habitat.
Mantido
pelo Projeto Floresta Sustentável, da Fundação Garcia d'Ávila, o
viveiro foi construído dentro da reserva ecológica de Sapiranga,
próxima a Praia do Forte, no município de Mata de São João,
especialmente com o objetivo de readaptar as espécies ao ambiente
silvestre. Apesar de os animais ficarem isolados, os tratadores se dirigem
ao recinto apenas uma vez por dia para oferecer-lhes água e
alimentos necessários.
Entretanto,
toda a vida selvagem é observada à distância mediante o uso de
cinco câmeras, incumbidas de monitorar diariamente a rotina
das
espécies,
além de verificar se as mesmas apresentem algum problema.
Uma
câmera móvel, integrante do sistema, permite ver de perto o que
está acontecendo no local. Os biólogos acreditam que, se a
intervenção do ser humano no viveiro for diminuída, as chances de
desenvolvimento dos animais se multiplicam quando eles retornarem
para a natureza.
"(O
animal)
Vai
estar sujeito à caça, vai estar sujeito a atropelos, então o
animal tem que estar preparado mais tarde para entender que a forma
humana não oferece segurança. Ele tem que entender que o lugar dele
é junto a outros tamanduás, é junto a outras espécies em meio à
mata", esclareceu
o biólogo Álvaro Medeiros, em depoimento ao repórter Mauro
Anchieta, da TV Bahia, afiliada da Rede Globo no estado.
Atualmente,
biólogos estão trabalhando na readaptação de três
tamanduás-mirins
(Foto:
Reprodução/TV Globo)
Chegada de novas espécies
Em
função do tamanho dos animais, o viveiro, instalado há poucos
meses a fim de proporcionar
todo
o
suporte e
proteção
adequados
a espécies em situação de risco, também pode atrair
a presença de
aves e felinos de pequeno porte, a
exemplo do
gato-do-mato (Leopardus
tigrinus),
originário
das Américas Central e do Sul.
Hoje,
a equipe do Projeto Floresta Sustentável que cuida do local está se
dedicando à readaptação de três tamanduás-mirins (Tamandua
tetradactyla),
espécie
muito frequente no Brasil. Dois deles, ainda filhotes, passaram a
encontrar refúgio
no recinto depois que sua mãe foi atropelada.
A
fêmea adulta, capturada por caçadores para ser entregue
supostamente aos traficantes de animais, foi recuperada pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama) e, posteriormente, levada para seu habitat,
onde ela passou um mês. Com isso, os biólogos perceberam que o
comportamento do
animal
mudou,
fazendo com que
o
mamífero,
abrigado
nas copas de árvores, esteja
mais independente e confiante.
Logo
depois de escalar o tronco a passos lentos e subir um pouco
desconfiada na árvore, a fêmea do tamanduá se sente bem à
vontade, e em seguida ela se esconde na folhagem.
"Com
certeza, ele
(o
tamanduá)
já está reintegrado. No momento que a gente solta e ele
sobe, tem condicionamento de subir, desaparecer, fugir do ser humano.
Isso
prova que, realmente, o trabalho foi bem feito", afirmou
o coordenador do Floresta Sustentável, André Costa Pinto, à TV
Bahia.
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