Morre em São Paulo o jornalista Renato Pompeu
Ele fez parte das equipes fundadoras do Jornal da Tarde e de Veja, além de colaborar em muitos veículos
impressos ao longo de sua trajetória
Com informações da Agência Estado, do
Portal dos Jornalistas, da Folha de S. Paulo e do Blog do Renatão
Renato Pompeu (1941-2014)
Jornalista que fez história na imprensa brasileira faleceu neste domingo, aos
72 anos, após sofrer uma parada cardíaca
(Foto: Arquivo)
Um dos profissionais que colaboraram
ativamente no aperfeiçoamento da imprensa escrita no Brasil, o jornalista
Renato Pompeu morreu na manhã deste domingo (9), em São Paulo, aos 72 anos, vitimado por uma parada cardíaca, após estar internado num hospital.
Teve passagens memoráveis na Folha de S. Paulo, no extinto Jornal da Tarde
e nas revistas Veja, da Editora Abril,
Carta Capital e Caros Amigos.
Natural de Campinas, no interior
paulista, Pompeu cursou Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), mas logo abandonou
os estudos superiores. Iniciou sua carreira jornalística como copidesque na Folha, onde ingressou através de
concurso.
Foi um dos fundadores do Jornal da Tarde, periódico vespertino de
propriedade do Grupo Estado, em 1966, que marcou época na imprensa nacional por
revolucioná-la. E o mais importante em sua brilhante trajetória: em 1968, assim
como outros colegas de JT, fez parte
da equipe que fundou a Veja, maior
revista semanal de informação do país, onde permaneceu até 1981.
Conforme sua biografia, disponível no
Portal dos Jornalistas, Renato Pompeu também atuou na agência de notícias
United Press International (UPI), entre 1982 e 1983, quando regressou à Folha até 1985, e fez parte da equipe da
Enciclopédia Larousse Cultural, de 1986 a 1989. Em 1990, retornou ao Jornal da Tarde, ficando até 1999. Ao
longo de sua carreira, colaborou em inúmeros veículos da mídia impressa.
Ainda segundo o portal, Pompeu recebeu três Prêmios Abril de Jornalismo pelos trabalhos que
abordaram a psiquiatria dinâmica, o futebol e os males do coração, e um Prêmio
Esso de Jornalismo, pelo trabalho sobre os males do tabaco.
Atuação na literatura
Ele também se enveredou no campo
literário, escrevendo mais de vinte livros, como os romances Quatro-olhos (1976) e A saída do primeiro tempo (1978), ambos
publicados pela editora Alfa-Ômega; o infanto-juvenil A menina que veio das estrelas (1985), lançado pela Companhia Editora
Nacional; e Canhoteiro: o homem que
driblou a glória (2003), ensaio biográfico do ex-jogador José Ribamar de
Oliveira (1932-1974), o Canhoteiro, considerado o maior ponta-esquerda do
futebol brasileiro.
Em Quatro-olhos, o jornalista abordou as reminiscências do que se quer
(ou pretende) esquecer, mas a intensidade das emoções e das ideias encontradas
na obra foi observada cuidadosamente.
“Às vezes, da
obra se tem a impressão de ver surgir o próprio autor, cercado de memórias dos
tempos da USP, nos seus idos de rua Maria Antônia, ou de quando ajudou a criar
o novo estilo de jornalismo brasileiro na Folha
de S. Paulo e nos primórdios do Jornal
da Tarde e da revista Veja”, explica um trecho da contracapa do livro, transcrito no Portal dos
Jornalistas.
Renato Pompeu continuava exercendo seu
ofício diariamente até a véspera de sua morte. Desde outubro de 2009, ele
manteve o Blog do Renatão,
vinculado à revista Caros Amigos e “destinado a publicar notícias internacionais de interesse das
pessoas progressistas e que não tivessem o merecido destaque na grande mídia”,
conforme elucidou o jornalista.
A última postagem do blog, publicada
neste sábado (8), denomina-se “O legado de Ruth Cardoso” (leia a íntegra abaixo), e trata-se de uma resenha escrita para a Carta Capital acerca da Obra reunida da antropóloga, cientista
política e ex-primeira-dama da República, falecida em 2008.
Pompeu também era colunista da Caros Amigos e colaborador do jornal Diário do Comércio, órgão da Associação Comercial de São Paulo. De acordo com a Folha, o jornalista era solteiro e não deixou filhos.
Pompeu também era colunista da Caros Amigos e colaborador do jornal Diário do Comércio, órgão da Associação Comercial de São Paulo. De acordo com a Folha, o jornalista era solteiro e não deixou filhos.
Texto de despedida: “O legado de Ruth
Cardoso”
Da Carta Capital – Ruth Cardoso, pela
Sabesp e Natura – Num lançamento da Mameluco, editora dirigida pelo historiador
e jornalista Jorge Caldeira, está sendo publicada, com patrocínio da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de
São Paulo) e da Natura, a Obra
reunida da antropóloga e cientista política paulista Ruth Cardoso
(1930-2008), mulher do ex-presidente da República, o sociólogo Fernando
Henrique Cardoso.
Não se trata
da obra completa dessa cientista social dotada de luz própria, bastante
respeitada nos meios acadêmicos, enquanto o grande público a conhece mais como
tendo criado o Comunidade Solidária, como primeira-dama da Nação. Mas estão
incluídos textos seus como antropóloga, notadamente sobre a progressiva
integração e aculturação dos brasileiros de origem japonesa, e como cientista
política, função em que foi uma das primeiras pessoas a perceber a importância
dos movimentos sociais em São Paulo e no Brasil.
Ela foi a
primeira, fora desses movimentos que se desenvolveram como causas e efeitos da
decadência do regime militar, a partir dos anos 1970, a perceber sua relevância
política, tendo sido também a primeira a perceber, já quando os movimentos
nasciam, a possibilidade, concretizada a partir do governo Lula, de sua
absorção pela cooptação e pelo clientelismo de políticos e dos governantes.
Também
preciosos são os textos da organizadora, Teresa Pires do Rio Caldeira, que
conta como o tema do doutorado de Ruth Cardoso, os japoneses, não foi escolhido
por ela, mas por seu orientador, o antropólogo Egon Schaden – naquele tempo os
homens mandavam nas mulheres mais do que hoje –, e do depoimento da também
antropóloga e cientista política Eunice Ribeiro Durham. – RENATO POMPEU
Disponível em: http://www.renatopompeu.blogspot.com.br/2014/02/o-legado-de-ruth-cardoso.html. Acesso em: 9 fev. 2014.
Disponível em: http://www.renatopompeu.blogspot.com.br/2014/02/o-legado-de-ruth-cardoso.html. Acesso em: 9 fev. 2014.
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