Iniciativa pretende melhorar desempenho escolar

Lançado pela prefeitura de São Francisco do Conde, programa Educa Chico propõe a redução da repetência e da evasão, com a inclusão de cerca de 4 mil adolescentes na jornada ampliada
 
Com informações do jornal A Tarde e da assessoria de comunicação da prefeitura de São Francisco do Conde
 
Programa direciona-se a alunos do Ensino Fundamental II, que irão receber bolsas de até R$ 1,2 mil por ano
(Imagem: Reprodução)
 
Com a missão de aprimorar o desempenho educacional dos adolescentes em situação de risco, através da redução dos índices de repetência e evasão escolar e das distorções de ano, série e idade, especificamente em estudantes do turno noturno, a prefeitura de São Francisco do Conde está implantando o programa Educa Chico. O projeto prevê aos alunos do Ensino Fundamental II bolsas anuais que oscilam de R$ 700 a R$ 1,2 mil.

Um contingente estimado em cerca de 4 mil jovens, com faixa etária entre 16 e 20 anos e que frequentam o 6º até o 9º ano, irá participar da jornada ampliada. De acordo com a coordenadora do programa, Ana Chrystina, a ação educativa inclui aulas de Língua Portuguesa, Matemática, Física e Química, acrescentadas às atividades extracurriculares ou lúdicas – dança, música, teatro e esportes –, no turno oposto às aulas regulares.

“É uma forma de incentivar esses jovens a investirem em sua formação, aproveitando as ofertas de atividades oferecidas no cardápio do programa”, ponderou, em entrevista ao jornal A Tarde. A iniciativa foi lançada recentemente, durante a Jornada Pedagógica 2014, promovida pela Secretaria Municipal de Educação (Seduc).

Na acepção da coordenadora, o dinheiro da bolsa (veja abaixo) deverá ser aplicado prioritariamente na formação dos alunos em cursos que poderão auxiliá-los, sobretudo na capacitação tecnológica. O Educa Chico será implementado, a princípio, em quatro unidades do Fundamental II pertinentes à rede municipal de ensino, mas o projeto se estenderá de forma gradual por todas as escolas.
 
De acordo com Rilza, educação é o único mecanismo capaz de trazer oportunidades aos jovens
(Foto: Ascom Prefeitura de São Francisco do Conde)

Município está entre os piores no IDH
 
Distante 83 quilômetros de Salvador, a cidade de São Francisco do Conde lidera a renda per capita entre os municípios do Brasil, calculada em cerca de 300 mil reais por ano. Paradoxalmente, o município de 37 mil habitantes, com 52 escolas em funcionamento, concentra um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDHs) do país, amargando a 2.743ª colocação no ranking, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 
A fim de ajudar a minimizar esse quadro deplorável, a prefeita Rilza Valentim (PT) comemorou o lançamento do programa Educa Chico. “Como educadora, acredito que a educação é a única forma de oferecer oportunidades para os jovens. Fui eleita prefeita e tenho o compromisso de promover a melhoria contínua do ensino público na minha terra”, explicou a gestora.
 
O vigilante Alfredo Gomes, pai de dois adolescentes que estudam na rede municipal, parabenizou a iniciativa, mas reivindica a instalação de escolas em tempo integral na cidade, carente nesse regime instrutivo. “Com certeza vai incentivar os jovens a não faltar à escola. Porém, minha irmã foi obrigada a dispensar um emprego porque não tem com quem deixar a filha de 5 anos”, afirmou, em depoimento à reportagem de A Tarde.
 
Plano assistencialista
 
Dados coletados pela prefeitura informam que aproximadamente 60% dos estudantes da rede pública de ensino são provenientes de famílias assistidas pelo Programa de Acolhimento Social (Pas). Um dos objetivos do plano, realizado pela própria administração municipal, é complementar a renda familiar.
 
Portanto, segundo a assessoria de comunicação do governo sanfranciscano, o Educa Chico vai realizar um acompanhamento especializado à juventude em situação de risco e vulnerabilidade social, pertencente às famílias beneficiárias de programas de transferência e complementação de renda, como o Pas e o Bolsa Família, do governo federal.
 
O acompanhamento a ser efetuado pelo programa também englobará adolescentes egressos de medida socioeducativa de internação ou em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, egressos do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) ou vinculados a projetos de combate à violência e ao abuso e à exploração sexuais e jovens com necessidades especiais e que não estão frequentando as aulas em razão da evasão escolar e/ou com defasagem de idade, ano e série.
 
Para garantir a adesão do aluno ao Educa Chico, independentemente de sua origem, ele precisa atender aos seguintes critérios: residir apenas em São Francisco do Conde e estar matriculado há dois anos no Ensino Fundamental II do município.
 
A prefeita Rilza Valentim propõe investimentos da ordem de R$ 3 milhões por ano. Para ela, toda a estrutura do município está mobilizada na iniciativa. “Tenho certeza que toda a cidade abraçará o Educa Chico e seremos reconhecidos como Cidade Educadora”, engajou-se.
 
Notas definem valor da bolsa recebida pelo aluno
 
Segundo a coordenadora do Educa Chico, Ana Chrystina, o resultado obtido pelo estudante no final do ano letivo vai determinar o valor da bolsa que receberá. Ela salienta que a nota média no município equivale a 5 pontos e, se o aluno conquistar uma pontuação acima da média e obter um bom aproveitamento nas atividades complementares, será contemplado com quantias de forma escalonada.
 
“Por exemplo, quem tirar de 5 a 5,9, receberá R$ 700. Caso tire de R$ 6 a R$ 6,9, terá direito a R$ 1 mil. Acima da nota 7 será R$ 1,2 mil”, demonstrou. Ainda conforme Ana, todos os dados registrados nas atividades complementares serão computados.
 
O acúmulo dos pontos previamente determinado, somado ao cálculo da média padrão correspondente às disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática e Ciências Sociais e à aprovação do aluno no ano letivo, lhe viabilizará sua permanência no programa. “O resultado irá habilitá-lo a receber a bolsa”, disse a coordenadora do projeto.

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