A Bahia perde França Teixeira, um nobre comunicador
Ex-radialista, ex-deputado e
ex-conselheiro do TCE, considerado vanguardista, morreu hoje; causa ainda não
foi divulgada
Com informações dos portais A Tarde Online, Bahia Notícias, Correio* 24 Horas, Itapoan Online e da Câmara dos Deputados, e da assessoria de comunicação do TCE-BA
Com informações dos portais A Tarde Online, Bahia Notícias, Correio* 24 Horas, Itapoan Online e da Câmara dos Deputados, e da assessoria de comunicação do TCE-BA
No rádio, seu estilo irreverente fez
França cunhar inesquecíveis bordões, como “É ferro na boneca, minha cara e
nobre família baiana”
(Foto:
Fernando Amorim/Agência A Tarde)
De
mãos dadas, comunicação e política amanheceram enlutadas na Bahia. O
ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Antônio França Teixeira, morreu
às 10:30 desta quinta-feira (18), aos 69 anos, mas a causa da morte ainda não
foi informada pela família. Reconhecido como vanguardista, ele marcou época
como comunicador de grande sucesso nas décadas de 1960 e 1970, tanto no rádio quanto
na televisão.
França
Teixeira, seu nome de guerra, foi criado no bairro da Liberdade e torcia pelo
Esporte Clube Ypiranga. Sua incursão na mídia teve início “em 1959 ou 1960 fazendo esporte, locução comercial"; a seguir, comandou uma das mais famosas resenhas esportivas da história do rádio baiano, a Resenha do Meio-Dia, na Rádio Cultura. Em entrevista ao portal
iBahia, em dezembro de 2011, França declarou que acordava cedo para preparar o
programa, líder de audiência, e pô-lo no ar.
Circulou
ainda pelas rádios Excelsior, Cruzeiro e Sociedade, além de transplantar todo o
seu prestígio e toda a sua irreverência para os telespectadores através do
programa França Teixeira – Profissão
Repórter, na TV Itapoan, atual Record Bahia, precursor das atrações
populares na televisão local. Além disso, cobriu quatro Copas do Mundo de
futebol, em 1970 (México), 1974 (Alemanha), 1978 (Argentina) e 1982 (Espanha),
e outros eventos esportivos nacionais e internacionais.
Declarando-se
ex-aluno da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, onde colou o
grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais – porém nunca exerceu a
advocacia –, em dezembro de 1971, quando já era locutor consagrado, ele inventou
bordões clássicos, como “É ferro na boneca, minha cara e nobre família baiana”
e “Jacaré que vacila vira bolsa de madame”.
Outra
pérola dita por França dos microfones às ondas eletromagnéticas, “Pelé branco
das construções”, era uma bem-humorada alusão a Antônio Carlos Magalhães
(1927-2007), então prefeito de Salvador.
Estradas do poder
Logo
após abandonar a carreira de radialista, França se aventurou na política,
elegendo-se deputado federal em 1982, pelo extinto Partido Democrático Social (PDS).
Três anos depois, foi derrotado na disputa para a prefeitura de Salvador pelo
recém-criado PFL, ficando em terceiro lugar – Mário Kertész (PMDB) saiu
vitorioso naquele pleito, já pelo voto direto. Renovou seu mandato parlamentar
em 1986, já pelo PMDB, para a Assembleia Nacional Constituinte.
Na
Câmara, foi membro das seguintes comissões permanentes: de Defesa do Consumidor
(titular, 1983; suplente, 1985; presidente, 1984 a 1985), de Comunicação
(suplente, 1983; titular, 1985), do Índio (suplente, 1983) e de Esporte e
Turismo (titular, 1983-1987), além de suplente da Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) do extinto Instituto Nacional de Assistência Médica da
Previdência Social (Inamps), em 1985.
Atuou,
na Constituinte, como titular das comissões da Família, da Educação, Cultura e
Esportes, da Ciência, Tecnologia e Comunicação e da Subcomissão da Educação,
Cultura e Esportes. Também integrou, como suplente, a Comissão da Ordem Social
e a Subcomissão dos Negros, Pessoas Indígenas, Pessoas Deficientes e Minorias.
Conselheiro
Renunciou
ao mandato de deputado em setembro de 1989, quando o então governador Nilo
Coelho o indicou para o TCE. Embora permanecesse no cargo por 23 anos, França
Teixeira disse que não se adaptou ao órgão. “Sabe por quê? Tem muita interferência do Executivo. E esse órgão não era
pra ter interferência nenhuma, de ninguém. Ser independente, autônomo”,
justificou, em entrevista ao iBahia.
Por
meio do Ato nº 033, assinado pelo presidente do TCE, conselheiro Zilton Rocha,
em 1º de março deste ano, França se aposentou compulsoriamente do tribunal. No
TCE, ele presidiu a 2ª Câmara no biênio 2008/2009 e a 1ª Câmara nos biênios
2010/2011 e 2011/2012 (parcialmente). A vaga, aberta com sua aposentadoria, é ocupada
desde abril por Carolina Matos Alves Costa, ex-procuradora do Ministério
Público de Contas.
Como
empreendedor, foi sócio fundador das Rádios Clube de Salvador, hoje extinta, de
Santo Antônio de Jesus e Rio do Ouro, em Jacobina, na Chapada Diamantina, e da
Fundação de Ensino de São Gonçalo dos Campos, na região de Feira de Santana.
Seu
profícuo itinerário no rádio, na televisão e na imprensa escrita – poucos meses
antes do seu falecimento, colaborava no jornal Tribuna da Bahia como articulista – fez de França Teixeira um mito
das comunicações na Bahia e no Brasil. O corpo do ex-radialista e
ex-conselheiro, velado às 16 h de hoje, no Cemitério Jardim da Saudade, em
Brotas, será cremado às 10 h desta sexta-feira (19), no mesmo local.
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