Proposta proíbe transmissão de lutas marciais pela TV
Através de requerimento, parlamentares convocam audiência pública acerca do divergente projeto de lei
Com informações da assessoria de imprensa de Emiliano José
Com informações da assessoria de imprensa de Emiliano José
O projeto, de autoria do deputado José Mentor (foto), está em tramitação no Congresso
(Foto: Agência Globo)
(Foto: Agência Globo)
Inconformados com as rivalidades entre “gladiadores” pós-modernos, os deputados federais Emiliano José (PT-BA) e Sibá Machado (PT-AC), membros da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara, apresentaram requerimento de audiência pública para debater o Projeto de Lei nº 5.534/2009, que veda a exibição de lutas marciais não olímpicas pela televisão brasileira.
No documento, foram convocados para o debate sociólogos, filósofos, diretores de esportes de emissoras televisivas, representantes dos Conselhos Federais de Medicina e Psicologia e do Instituto Nacional de Defesa dos Consumidores (Idec), além de parlamentares e do notório lutador de artes marciais mistas ou Mixed Martial Arts (MMA), Anderson Silva, para discutir as premissas cruciais do projeto.
O contraditório Projeto de Lei nº 5.534/2009, proposto pelo deputado José Mentor (PT-SP), prossegue em tramitação na Casa. Conforme explica o esboço, as lutas marciais, como o MMA e o Ultimate Fighting Championship (UFC), se referem a categorias de combates físicos pessoais, mas sua veiculação pelas TVs será submetida à apreciação do Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana.
Mentor afirma que a proposta tem como objetivo resguardar principalmente crianças e adolescentes, portanto muitas emissoras, em geral canais de TV por assinatura, têm mostrado combates violentos até em horários destinados para essa faixa etária. A ilegalidade do MMA, conforme Emiliano, já é conferida em algumas partes do mundo, como a França, onde houve tentativas fracassadas de implantar o MMA e o UFC, e Nova York, nos Estados Unidos.
Barbárie
Barbárie
Do ponto de vista de Emiliano, os campeonatos de lutas marciais são banais e estimulam a barbárie no país. Embora sejam contemporâneos, os duelos seguem uma lógica que remonta às antigas competições no Coliseu Romano, nas quais gladiadores hostilizavam-se entre si. “Um tinha que vencer, o outro seria morto ou chegaria a ferimentos que o impossibilitavam de lutar. (...) No mais das vezes, era morto, para delírio dos que assistiam”, esclarece o deputado no requerimento.
Na atualidade, como ressalta o parlamentar, a televisão não deveria se transformar em um meio vocacionado ao estímulo da violência do ser humano com a popularização de lutas marciais não olímpicas. “Nosso pão e circo, hoje, em muitos casos, é oferecido pela televisão, sob o falso argumento de que é isso o que povo quer ver", critica.
Em 24 de fevereiro deste ano, o portal Yahoo! Esportes noticiou que o lutador estadunidense de MMA Jeff Dunbar, de apenas 20 anos, ficou tetraplégico logo após se envolver numa luta da modalidade. Durante o episódio fatal, Jeff perdeu os movimentos das pernas e dos braços; o mesmo ocorreu com a fala, depois de sofrer uma finalização do seu adversário.
Comentários