Palestra explana os desafios do jornalista
Apresentador Jefferson Beltrão esclareceu a realidade atual do profissional no mercado baiano, ontem, no auditório da Unijorge
Editor-chefe e apresentador do noticiário noturno BA TV, da Rede Bahia, o jornalista Jefferson Beltrão conduziu uma palestra argumentando os principais obstáculos encontrados pelo profissional do setor no mercado de trabalho local. O evento específico foi realizado na manhã desta quarta-feira (7), no Auditório Zélia Gattai, no Campus Paralela do Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge).
A iniciativa da palestra, intitulada “Os desafios de ser jornalista no mercado baiano”, partiu da coordenadora dos cursos de Comunicação Social – Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Produção Audiovisual – da instituição, Patrícia Barros Moraes, que proferiu a mensagem introdutória. Logo Jefferson discursou durante menos de duas horas para estudantes e professores da área, a maioria alunos das turmas de Jornalismo.
De acordo com Jefferson, que também atua como editor-chefe e âncora da rádio CBN FM Salvador, sair um pouco da rotina para ministrar o evento foi uma satisfação. Ele explicou a existência de vários desafios que os jornalistas enfrentam em seu cotidiano, como o fato de o mercado de trabalho estar cada vez mais exigente e competitivo, suas competências e habilidades e o domínio de um idioma alternativo.
Nos dias de hoje, devido à velocidade, muitas informações também são fornecidas pela internet e pelo celular. “Eu acho que desafios são muitos na nossa área, bem como as novas tecnologias de informação”, aponta o palestrante.
Desafios duradouros
Jefferson Beltrão enumerou três desafios enfrentados pelo profissional da informação, todos considerados básicos e eternos: a capacidade de identificar o que é notícia, a precisão da informação e o mais instigante, o exercício da ética.
O primeiro obstáculo, segundo o apresentador, consiste na filosofia de que os jornalistas são porta-vozes de uma sociedade. A precisão tem como propósito oferecer uma notícia de qualquer natureza, obrigatoriamente fiel aos acontecimentos. “A gente é bombardeada por informações o dia todo”, esclarece.
Por fim, o exercício da ética, fundamental no jornalismo, é embasado na lógica de abordar um assunto de um modo mais respeitoso, que não possa transgredir os direitos do cidadão. Nas palavras do palestrante, os três desafios “vão nos acompanhar pelo resto da vida, independentemente do veículo que você trabalha”.
Na opinião dele, a ausência da ética leva a sintomas devastadores na prática jornalística, como a exibição de matérias – 99% delas – referindo-se a pessoas, passíveis de desrespeito. O mesmo ocorre com o crescimento progressivo dos noticiários sensacionalistas e policiais, incumbidos de promover o desrespeito da miséria alheia.
Além disso, Jefferson classificou as notícias em factuais e não-factuais. Enquanto as primeiras são mais fáceis de ser identificadas, todavia os fatos nelas veiculados, em tese, são notícias, as segundas correspondem às matérias produzidas com base nos releases enviados para as redações pelas assessorias de imprensa. Segundo ele, nas factuais encontram-se, às vezes, ganchos e vieses diferentes.
Ponte imprensa-entidade
O apresentador vê a assessoria de imprensa como um segmento rentável e promissor. Nesse campo, os jornalistas, por meio da chamada comunicação corporativa, empresarial, institucional ou organizacional, trabalham com interesses particulares específicos, servindo de intermediário entre órgãos de imprensa e instituições públicas e privadas.
Jefferson salienta que um perfeito trabalho de edição de um telejornal leva em consideração critérios diversos – acabamento, qualidade do áudio e das imagens e visual dos apresentadores e dos repórteres, dentre outros fatores, inclusive seu tempo de duração. Por exemplo, o Jornal Nacional, transmitido pela Rede Globo, noticia os principais fatos do Brasil e do mundo em 35 minutos diários; e o BA TV retrata os acontecimentos locais entre 12 e 15 minutos, aproximadamente.
“O mercado em si adquire a dimensão final da responsabilidade (do profissional)”, afirma o jornalista. Após ele pronunciar as palavras finais da palestra, ele permitiu as intervenções dos estudantes, questionando e problematizando com total liberdade acerca do dia a dia vivenciado pelo profissional, suas dificuldades e suas perspectivas.
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