Joia imperial do Recôncavo
A ponte metálica D. Pedro II, que liga Cachoeira a São Félix, possibilita a conexão entre o sertão e o litoral
Ferro empregado na construção desta maravilha do Paraguaçu foi importado da Inglaterra
(Foto: Hugo Gonçalves - 23/01/2011)
Para sair de São Félix rumo a Cachoeira e vice-versa, é preciso cruzar uma imponente e suntuosa ponte sobre o poluído Rio Paraguaçu, que separa as duas cidades históricas do Recôncavo. Construída em fins do século XIX com o propósito de conectar o sertão baiano com a zona litorânea, escoando a produção das regiões, a Ponte D. Pedro II era uma das maiores obras de engenharia da América do Sul naquela época.
A edificação do célebre corredor ferroviário (hoje os trens não circulam mais), pré-armado em treliças de ferro importadas da Inglaterra, foi um esforço inestimável do Segundo Império, autorizado pela Lei Provincial nº 1242, de 19 de junho de 1865. Os trabalhos de construção da ponte, dirigidos pelo engenheiro francês Frederico Merci, foram executados sob a supervisão do colega baiano Afonso Glicério da Cunha Maciel.
Em 1876, a estação de Cachoeira foi inaugurada; porém, como não existia a ponte, a travessia era operada por uma frota de balsas. Numa solenidade festiva, sob intensos e ressoantes fogos de artifício, presidida pelo presidente da província da Bahia, conselheiro José Luiz de Almeida Couto, representando D. Pedro II, deu-se a inauguração, em 7 de julho de 1885, da Imperial Ponte em homenagem ao imperador.
Ponte viabilizou o incremento econômico da Bahia até meados do século XX
(Foto: Hugo Gonçalves - 23/01/2011)
Economia a todo vapor
Gerida àquela época pela Estrada de Ferro Central da Bahia, como extensão da estação ferroviária, a Ponte D. Pedro II, entre Cachoeira e São Félix, contribuiu para ensejar o dinamismo da economia baiana até meados do século passado. Toda a produtividade agromineral do sertão e manufatureira do Recôncavo passou pelo magnífico corredor ferroviário sobre as águas do Paraguaçu, sendo conduzida pelo Vapor de Cachoeira.
O deslocamento entre as duas pérolas do Recôncavo hoje é viabilizado por veículos movidos a combustíveis fósseis, a álcool e a gás natural (automóveis, caminhonetes, caminhões, ônibus e vans), priorizando o transporte rodoviário.
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