De uma pessoa infectada para outra

Uma das doenças mais antigas, causada por bacilo, a hanseníase é hereditária e chega pelas vias respiratórias

Conhecida, outrora, por lepra, a hanseníase é uma doença infectocontagiosa hereditária, causada por um bacilo denominado Mycobacterium leprae, que passa de uma pessoa doente sem tratamento medicamentoso para outra, através das vias respiratórias. A proliferação do bacilo chega por meio das gotas eliminadas no ar pela tosse, pela fala, pelos espirros e pelas secreções nasais, atingindo a pele e os nervos dos braços, mãos, pernas, pés, face, orelhas e olhos.

Dados do Ministério da Saúde calculados em 2007 comprovaram que foram detectados 21,8% dos casos de hanseníase no Brasil, e o coeficiente de prevalência foi de 21,94%. Grande parte (53,4%) dos pacientes não concluíram o Ensino Fundamental, e vive nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste.

Para os gregos, elefantíase

Quanto ao seu tempo de existência, a hanseníase é uma das enfermidades mais antigas do mundo, e suas ocorrências pioneiras são oriundas da África e da Índia, em 600 a.C. Os gregos, ainda na Antiguidade, a chamavam de elefantíase. Na Europa e no Oriente Médio medievais, o uso de roupas diferenciadas era aconselhável para pessoas que padeciam dessa enfermidade. A hanseníase na América Latina teve seu advento com a colonização europeia, quando os casos cessaram nos países de origem.

O bacilo responsável pela doença foi identificado pelo médico norueguês Amaneur Hansen em 1873, daí o nome pelo qual é mais conhecido: bacilo de Hansen. A denominação hanseníase só foi criada pelo médico brasileiro Abraão Rotberg (1912-2006), preocupado com o preconceito contra os indivíduos infectados pela doença. Entretanto, ela só foi empregada em 1976, por recomendação do Ministério da Saúde, abolindo a palavra lepra em razão do estereótipo sofrido pelos pacientes.

Sintomas e tratamento

Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em todo o corpo com diminuição ou perda de sensibilidade ao calor, ao tato e à dor podem ser sinais de hanseníase. Além disso, outros sintomas da doenças podem ocorrer, como caroços e dormências em qualquer porção corpórea, engrossamento do nervo que passa no cotovelo, levando à perda da sensibilidade e da redução da força do quinto dedo (o mínimo), dor e sensação de choque, queda de pelos, inclusive sobrancelhas, e desidratação da pele com a perda de suor.

O tempo entre o contágio e o surgimento dos sintomas é longo, podendo variar de dois a até mais de dez anos. Com relação à quantidade de lesões apresentadas na pele, diretamente proporcional ao número de bacilos que a pessoa, quando se encontra debilitada, pode desenvolver, a hanseníase é classificada em paucibacilar e multibacilar. A doença pode ser paucibacilar se as lesões chegarem a cinco, ou multibacilar se elas passarem de cinco.

A hanseníase é tratada nos serviços de saúde, podendo durar, se o diagnóstico for seguido corretamente, de 6 a 12 meses. O paciente deve tomar comprimidos em casa diariamente e uma vez por mês nos serviços de saúde. Para prevenir a doença, que é curável, são necessários exercícios inibidores de incapacidades e deformidades físicas e orientações das equipes médicas.

Em Salvador, cinco unidades de saúde, mantidas pela prefeitura, oferecem tratamento especializado no controle da hanseníase: Maria da Conceição Santiago Imbassahy, no Pau Miúdo; Mário Andrea, nas Sete Portas; Professor Clementino Fraga, na Avenida Centenário; Deputado José Mariani, em Itapuã; e o Centro de Saúde de Pernambués. O atendimento é gratuito.

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