Debate marca lançamento da candidatura do Professor Milton
Representante
das causas dos surdos e demais pessoas com deficiência no estado da Bahia, que
concorre a deputado federal pelo PSB, organizou encontro em Ondina. Todos os convidados,
a maioria pessoas com surdez, aderiram às propostas de sua campanha
Milton
(o
terceiro, da esquerda para a direita, em pé),
apesar de ter nascido surdo, sempre lutou pelo segmento das pessoas com
deficiência, implantando ações que lhes proporcionam benefícios
(Foto: Hugo Gonçalves)
Persistente na luta pelos interesses das
pessoas com deficiência, dando ênfase maior à comunidade surda, o Professor Milton Bezerra Filho teve sua candidatura a deputado federal pelo Partido
Socialista Brasileiro (PSB) lançada em um debate especial. O encontro,
realizado nesta segunda-feira (4), no auditório do hotel The Plaza, em Ondina, teve
as presenças significativas de deficientes auditivos que aderiram às propostas
do candidato.
Coube à esposa do candidato, a psicóloga
Márcia Araújo, mediar o debate, prestigiado por centenas de pessoas. Durante
menos de duas horas, surdos e seus familiares, professores e políticos discutiram
questões vinculadas à temática dos direitos dos portadores de deficiências,
como a educação, a saúde e o mercado de trabalho, sem esquecer de notar a
importância do Professor Milton à frente dos deficientes e no quadro da
política.
No discurso de abertura, Márcia recordou que, embora nascesse surdo, Milton sempre lutou junto ao segmento que representa, implementando ações benéficas. Como frutos dessa batalha, ele contribuiu na fundação do Centro de Surdos da Bahia (Cesba), além de ajudar a reivindicar a carteira de habilitação para a comunidade surda em convênio com o Departamento Estadual de Trânsito da Bahia (Detran-BA) e implantar o projeto para a empregabilidade da pessoa surda, entre outras iniciativas.
No discurso de abertura, Márcia recordou que, embora nascesse surdo, Milton sempre lutou junto ao segmento que representa, implementando ações benéficas. Como frutos dessa batalha, ele contribuiu na fundação do Centro de Surdos da Bahia (Cesba), além de ajudar a reivindicar a carteira de habilitação para a comunidade surda em convênio com o Departamento Estadual de Trânsito da Bahia (Detran-BA) e implantar o projeto para a empregabilidade da pessoa surda, entre outras iniciativas.
“Ele luta por vocês, ele já tentou (ser) vereador (por duas vezes, em 2008 e 2012) para conseguir melhorar a
qualidade de vida da pessoa surda, (mas)
não conseguiu. Está se candidatando a deputado federal porque, se for deputado
estadual, ele não conseguiria se eleger, porque tem fortes candidatos no
partido dele, que são doutora Fabíola (Mansur, vereadora de Salvador) e Rodrigo Hita”, ressaltou.
Márcia Araújo persuadiu a todos os espectadores convidados que, no dia 5 de outubro, eles votem no Professor Milton, porque ele também é surdo e, inclusive, foi o primeiro pedagogo da Bahia com surdez. “Como diz a faixa (que se encontrava afixada no local do debate), nós, surdos, nós podemos. Ele representa vocês”, concluiu a psicóloga.
Márcia Araújo persuadiu a todos os espectadores convidados que, no dia 5 de outubro, eles votem no Professor Milton, porque ele também é surdo e, inclusive, foi o primeiro pedagogo da Bahia com surdez. “Como diz a faixa (que se encontrava afixada no local do debate), nós, surdos, nós podemos. Ele representa vocês”, concluiu a psicóloga.
Sangue socialista
O secretário sindical do PSB baiano,
Claudemir Nonato, o Pig, reforçou em Milton a herança socialista do seu pai,
Milton Guimarães Bezerra, presidente estadual do partido durante o golpe
militar de 1964, além de amigo e companheiro de João Mangabeira (1880-1964),
fundador da sigla. Ele continuou sua fala dizendo que Miltinho, como é
conhecido, já militava na política dentro de associações de surdos, como o
Cesba, do qual foi um dos fundadores, em 1979, e presidente no período de 1992 a
1995.
“(Milton)
Já fazia esse trabalho para tornar visível aquilo que não tinha como enxergar,
que são a comunidade dos surdos, pessoas cegas e pessoas com dificuldade de
locomoção”, explicou Claudemir, que também é professor da rede pública de
ensino e dirigente da Associação dos Trabalhadores em Educação do Estado da
Bahia (APLB-Sindicato).
Segundo ele, a proposta de Milton simboliza
um grupo muito importante da sociedade. “A missão de poder disputar uma cadeira
é tão importante quanto a missão que Miltinho tem neste momento, que é colocar
o debate à sociedade sobre as questões das pessoas surdas, das pessoas com
outros tipos de deficiências, sobre o papel do Estado para essas políticas.
Candidatura tem que ter propostas, tem que ter proposições, que relata o
histórico”, disse.
Professora
de Libras, Kátia Franco (a terceira, da esquerda para a direita,
em pé) tem uma filha surda que estuda em
escola regular
(Foto: Hugo Gonçalves)
O melhor caminho
Quando iniciou seu discurso, a professora de
língua brasileira de sinais (Libras), terapeuta e escritora Kátia Franco demonstrou
como ela buscou o melhor caminho para sua filha Cláudia, que é portadora de
surdez, mas estuda num colégio regular da rede pública. “Conhecer Márcia foi um
divisor de águas. Então, eu quero lhe mostrar à comunidade surda o que é surda
no mundo da língua de sinais. Me apaixonei, e comecei a aprender a pensar nesse
mundo silencioso e maravilhoso”, entusiasmou-se Kátia.
Ela também refletiu que “a maior riqueza no
ato de governar é unir pessoas em prol de um bem comum”. No debate, a
professora e escritora exprimiu sua felicidade em conferir Milton e todos os
outros surdos presentes na luta por sua categoria. Conforme Kátia, a teoria é
importante e necessária, mas a experiência de quem vivencia as deficiências é
diferente, porque essas pessoas são capazes de falar com propriedade.
“Nós vamos estar lá, falando com o coração. E
só assim poderemos contagiar e contaminar de forma positiva as pessoas para
entender que não somos coitadinhos, que vocês não são coitadinhos, que nós
somos pessoas com capacidade, e que todos nós também temos nossas dificuldades
e nossas deficiências. Precisamos estar lá para mostrar esse novo olhar, que
somos capazes, que vocês são capazes, que vocês têm potencial, e que precisam
ter ouvidos. Ouvidos com o coração, e não com paixão”, observou.
Lucidez com enorme valor
Com doutorado recém-concluído pela
Universidade de Barcelona, na Espanha, o psicólogo Omar Barbosa Azevedo vê no
Professor Milton, com quem mantém uma profícua amizade, uma pessoa com lucidez
em termos de conhecimento. De acordo com Omar, o candidato socialista a
deputado federal também apresenta um enorme valor para tratar das questões
inerentes à comunidade surda, tanto no âmbito da educação quanto no da
representação política.
O psicólogo ressaltou que, da mesma forma que
tantos professores conseguiram se preocupar especialmente com seus alunos, um
político surdo também terá preocupações similares. “No momento em que nós
tivermos um representante surdo cuidando das diferenças da comunidade, a gente
vai poder votar a favor daquilo que faz com que as comunidades tenham seus
interesses preservados”, afirmou.
As dificuldades pelas quais os membros da comunidade surda passam, especialmente ao se comunicarem, foram explicadas pela
estudante Cláudia Franco, filha de Kátia, que havia debatido antes. “Os surdos
têm muitas dificuldades de realizar a comunicação, é muito pouco. Todo mundo
tem que expandir isso, e vamos todos lutar para conseguir que Milton possa se
eleger, porque há dificuldade de intérprete”, reiterou, completando que o
candidato também apoia a inserção dos surdos no mercado de trabalho.
Representando a identidade da mulher surda,
Nathalie Conceição se esforçou para organizar recentemente a Associação dos
Surdos de Lauro de Freitas (ASLF), da qual é presidente, e “tem a política no
sangue” por estar engajada politicamente, conforme anunciou Márcia Araújo.
“Sozinha a gente não consegue nada. Precisamos realmente estar unidos”, falou
Nathalie, que manifestou seu apoio à candidatura do Professor Milton: “Não
esqueça, ouviu? (Vote) 4026 (número do candidato na urna). Vamos
ajudar!”
Concorrentes
a vagas na Assembleia, a vereadora Fabíola Mansur e Rodrigo Hita mantêm carinho
especial pelo Professor Milton e pelos deficientes
(Foto: Hugo Gonçalves)
Inclusão social sob um olhar especial
Um dos concorrentes do PSB a deputado
estadual que apoia Milton, Rodrigo Hita, que prestigiou o debate momentos
depois, aprofundou seus argumentos na área da educação, sua principal proposta,
sob o contexto das pessoas com deficiência. Segundo Rodrigo, seu
correligionário promove, através de um olhar especial e de forma concreta, a
inclusão desse aglomerado minoritário na sociedade, proporcionando-lhes
educação bilíngue e saúde.
“(Esse
olhar é) Especial para quem precisa de uma sociedade igual, com equidade, e
não com igualdade. Então tem que equivaler às condições de viver. Para fazer
isso, deixar isso mais igual, é necessário ter um olhar especial. Esse olhar é
importante, a candidatura de Miltinho é tão importante também por isso, porque
traz a pauta disso, traz para o centro essas diferenças que existem e que
precisamos olhar. Precisamos ver, precisamos trabalhar para melhorar e ter
condições para todos”, frisou.
De acordo com Rodrigo, ele e a vereadora Fabíola
Mansur, também socialista, mantêm um carinho especial por Milton e pelo
segmento da pessoa com deficiência. “Estamos nessa luta. Fabíola já (está) na Câmara Municipal e agora (está) tentando (uma vaga) na Assembleia. Eu também na luta junto ao mandato da
senadora Lídice (da Mata, candidata do PSB ao governo do estado),
junto com Miltinho, e agora vou tentar também a Assembleia (para) ajudar as pessoas a terem uma qualidade de vida melhor”, disse.
Também postulante a uma cadeira na Assembleia
Legislativa e apoiadora do militante não só dos surdos, mas daqueles que
possuem qualquer tipo de deficiência, Fabíola está sensibilizada nas causas dessa
categoria como médica oftalmologista e vereadora. Para a edil, na condição de
socialista, sua legenda sempre teve no Professor Milton um extraordinário defensor
de políticas públicas, sendo um legítimo representante da pessoa com
deficiência com qualificação tamanha.
Milton participa de comissão
Fabíola Mansur prosseguiu que, imediatamente
após ser eleita para a Câmara Municipal de Salvador, criou, na Casa, a primeira
Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência. “Chamei meu
companheiro Milton para ser membro (conselheiro
da comissão), e, lá com ele, estivemos fazendo uma série de propostas para
melhorar a vida da pessoa com deficiência e torná-la mais cidadã, porque as
leis existem, mas não são cumpridas”, registrou.
Com a colaboração de vários representantes da
pessoa com deficiência, inclusive Milton, o colegiado, sob a presidência da socialista,
aprovou, no ano passado, treze emendas ao Sistema Municipal de Cultura para
propiciar a acessibilidade em espaços culturais internos, como teatros e
cinemas, e externos. “Conseguimos aprovar que espetáculos que tivessem
instrumentos de acessibilização pudessem ter mais recursos do município”,
afirmou Fabíola.
A líder do PSB no Legislativo municipal
mencionou ainda duas conquistas muito importantes na área da saúde, obtidas com o
incentivo de Milton. São as Leis nº 8.624 e 8.625, sancionadas recentemente
pelo prefeito ACM Neto (DEM). A primeira propõe acabar com as filas para
pessoas com deficiência, mulheres e idosos, implantando o agendamento de
consultas e exames por telefone. Já a segunda lei exige prioridades de 25% de
todas as consultas e exames para as pessoas com deficiência.
“É muito importante a sua eleição. Você fez
uma obrigação de votar em Milton porque esse é sério, é ficha limpa, é
trabalhador, é uma pessoa que tem ética e defende como ninguém a pessoa com
deficiência. Milton, eu tenho muito orgulho de ser sua companheira”, finalizou Fabíola,
antes de saudar os presentes no debate e sugerir-lhes para que votassem no
candidato do PSB à Câmara dos Deputados através das redes sociais.
Quem teve a honra de encerrar o encontro foi
o próprio anfitrião, o Professor Milton. Ao dirigir-se à plateia, ele introduziu
seu breve pronunciamento com uma justificativa sobre sua candidatura a deputado
federal. “Eu resolvi representar por quê? Não é pensando em mim, é pensando em
vocês. O meu voto é pensando em vocês de forma séria. E eu sou amigo de vocês,
da família de vocês”, argumentou.
Buscando em suas memórias vivas, Milton
disse que, quando ingressou na política, aos 14 anos de idade, ele prestava
atenção em tudo o que seu pai, atualmente falecido, falava. “Prestei bastante
atenção em todo movimento. Na época, eu pensava em ser legislador, e (Salvador) não tinha nenhum vereador que
fosse surdo”, lembrou, referindo-se à ausência de pessoas com deficiência no Poder
Legislativo. “Por favor, votem em mim. Vamos mudar o nosso futuro e vamos nos
unir aí”, aconselhou o candidato.
“Defender
os direitos humanos é defender todos, é respeitar diferenças, é respeitar as
diversidades”, compreendeu Fabíola (à esquerda)
(Foto: Hugo Gonçalves)
Depoimentos de alguns apoiadores de Milton
Claudemir
Nonato, professor, dirigente sindical e secretário sindical do PSB-BA: “O Professor Milton é uma figura emblemática
em nosso partido. Além de ser um lutador, uma pessoa abnegada pela causa das
pessoas com deficiência, está na sua veia também o sentimento socialista,
aquele sentimento que precisa ser difundido, para que todos tenham igualdade de
direitos, os ouvintes e os não ouvintes tenham as mesmas oportunidades de vida,
e que tenha, ganhando a eleição, a sua luta concretizada, que é a escola
bilíngue.”
Fabíola
Mansur, vereadora de Salvador pelo PSB e candidata a deputada estadual pelo partido: “Desde o início, como vereadora, entendemos
que é necessário ter representantes da pessoa com deficiência eleitos em
Brasília, na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal. Por isso eu estou
aqui hoje (segunda-feira, 4),
para pedir a vocês que entendam a importância dessa representatividade, que
votem em Milton, 4026, e peçam votos para Milton, 4026. Não só a pessoa com
deficiência, mas as pessoas que entendem que defender os direitos humanos é
defender todos, é respeitar diferenças, é respeitar as diversidades.”
Kátia
Franco, professora de Libras, terapeuta e escritora: “Eu conheço (Milton) há muito tempo, e conheci através de Márcia (Araújo, psicóloga e esposa do candidato)
a cultura surda, a língua de sinais, que pôde me trazer a esperança de ver a
minha filha, que é surda, trilhar um caminho com qualidade e dignidade. E se
hoje Cláudia está como está, eu tenho muito que agradecer a Márcia e todo o
apoio que Milton me deu há anos atrás. Conheço a luta dele de muitos anos. Sei
que é uma pessoa de extrema confiança.”
Rodrigo
Hita, candidato a deputado estadual pelo PSB: “O Professor Milton é uma candidatura
especial, é uma criatura querida por todos do partido, defende uma bandeira
importantíssima, que é a inclusão de todos na sociedade. Então, acho que ele,
chegando à Câmara Federal, o desejo e a força que eu tenho, vou botar nisso, me
esforçar muito também, que Milton chegue cada vez mais longe, é para isso. É
que todos tenham acesso à sociedade como um todo, à cidadania, para que todo
mundo seja igual.”
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Beth